Por 38 votos a 27, a comissão especial do impeachment na
Câmara dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira (11) o parecer do
relator Jovair Arantes (PTB-GO) favorável à abertura do processo de afastamento
da presidente Dilma Rousseff.
SAIBA COMO CADA DEPUTADO DA COMISSÃO VOTOU
Agora, o resultado da votação na comissão deverá ser lido no
plenário da Câmara nesta terça-feira (12) e publicado no "Diário Oficial
da Câmara" na manhã de quarta (13).
Depois de respeitado um prazo de 48 horas, a expectativa é de
que a votação no plenário da Câmara comece na próxima sexta-feira (15) e leve
três dias, terminando no domingo (17).
Para ser aprovado e seguir para o Senado, instância à qual
cabe julgar a denúncia, são necessários os votos de 342 dos 513 deputados.
Em seu parecer, Jovair Arantes (veja no vídeo abaixo
entrevista após a votação) sustentou haver indícios de que Dilma cometeu crime
de responsabilidade ao editar decretos de crédito extraordinário sem
autorização do Congresso Nacional e ao permitir a prática das chamadas
“pedaladas fiscais”, que é o atraso no repasse pela União aos bancos públicos
para o pagamento de benefícios sociais.
Ao final da reunião da comissão, deputados oposicionistas
foram vaiados por um grupo contrário ao impeachment, formado por assessores
parlamentares e servidores da Câmara.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem, como “não vai
ter golpe, vai ter luta” e “golpistas, fascistas, não passarão”.
Os parlamentares, acompanhados de pessoas pró-impeachment,
responderam cantando “fora PT” e “acabou a boquinha”. Houve troca de empurrões
e ofensas.
Sessão tensa
O parecer foi aprovado em uma sessão tensa, que durou mais de
nove horas e foi marcada por bate-bocas e provocações entre parlamentares
governistas e da oposição.
Antes mesmo do início, já houve briga entre os deputados na
hora de assinar o nome na lista de presença. A disputa se explica porque, na
ausência de deputados titulares, votariam os suplentes por ordem de chegada.
O debate sobre o parecer havia sido iniciado na última
sexta-feira (7), quando 61 deputados tiveram a palavra para falar contra e a
favor da decisão do relator. A sessão durou mais de 12 horas e só terminou na
madrugada de sábado (9).
Logo no início da sessão desta segunda, o relator sustentou
que a "população clama" para o processo de impeachment continuar e
que havia indícios "sérios" de cometimento de crime de
responsabilidade.
Seguinte a falar, o advogado-geral da União, José Eduardo
Cardozo, atacou o parecer e sustentou ter "contradições" e
"equívocos conceituais", além de um "desejo político" pelo
impeachment.
Votação
Algumas bancadas foram rachadas para a votação. O PMDB, que
até o fim de março era o principal aliado do governo e decidiu romper com a
presidente Dilma, liberou o voto dos seus deputados diante das divisões
internas.
“Não emitiremos nenhuma orientação, os parlamentares do PMDB
estarão livres para votar de acordo com a sua consciência”, afirmou o líder da
bancada, Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Dividido internamente, o PSD, que detém o Ministério das
Cidades, teve uma ala que discursou contra o impeachment e outra a favor. Em
nome da parcela contrária, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) afirmou que não
existe, no processo, provas de que “Dilma é ladra”.
Favorável ao impedimento, o deputado Marcos Montes (PSD-MG)
acusou o governo de não conseguir se desvencilhar da "turma" do
governo Lula.
Em defesa de Dilma, o líder do PT, Afonso Florence (BA),
repetiu o discurso de que há um golpe em curso por, segundo ele, não haver a
comprovação de crime de responsabilidade. Florence também atacou o
vice-presidente da República, Michel Temer, acusando-o de “traição”. Afirmou
ainda que “não haverá sossego” para os defensores do impeachment.
O líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), criticou o tom de
“ameaça” do discurso de Florence e disse que alguns pronunciamentos “revelam
desequilíbrio emocional e ameaças”. “É muito triste a ver deputados ameaçarem a
população brasileira", disse.
Fonte: G1
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