Cerca
de 1.200 pessoas que estão no Sistema Penitenciário do Ceará são membros de
facções criminosas, de acordo com uma fonte da Secretaria de Segurança Pública
e Defesa Social (SSPDS), que terá a identidade preservada. Segundo ela, os
dados apresentados têm como base levantamentos feitos pelas células de
Inteligência da Instituição e mostram também que destas pessoas, em torno de
200 são membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), cerca de 150 são do Comando
Vermelho (CV); e em torno de 850 seriam das facções Família do Norte (FDN) e
Guardiões do Estado.
Conforme
a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), cerca de 17,5 mil pessoas estão no
Sistema. Portanto, em torno de 5% da população carcerária estaria envolvida com
organizações criminosas. A fonte diz que, muitas vezes, os criminosos se
associam às organizações criminosas como uma forma de se proteger.
"Nos
anos 80 aconteceram muitas mortes e rebeliões nos presídios de todo o Brasil.
De lá para cá houve uma explosão no número de encarcerados e isto gerou a
superlotação, que se transformou em um problema de praticamente todo o País. As
condições dentro dos presídios despertaram nos presos a necessidade de se
organizar. As divisões por facções são, na verdade, uma conveniência, é o jeito
deles de manter a organização na Cadeia. Historicamente os detentos se unem
quando têm um interesse em comum", explicou.
Uma
fonte da Polícia Civil disse que a instabilidade das penitenciárias está
afetando aos detentos que não querem fazer parte das organizações. "Tem
gente que está lá dentro e não quer confusão. Quer cumprir a pena e ir embora
para nunca mais voltar, mas representantes das quatro facções mandaram todos os
detentos escolherem entre elas. Não precisam se filiar, mas todo mundo tem que
escolher um ´partido´. Alegam que agora o único inimigo é a Polícia". A
Secretaria de Justiça informou que as investigações sobre a suposta presença e
atuação de facções criminosas no Estado estão sendo comandadas pela SSPDS.
O
servidor da Polícia Civil disse que, embora o assunto ainda choque a população,
há muito tempo as facções agem em Fortaleza. "A primeira ação registrada
como tendo partido de facções criminosas foi o assalto à King Joias, que ficava
no Centro. Cinco homens entraram no local e levaram todo o estoque de joias e
relógios de lá e ainda mataram um funcionário. Isto ocorreu, no ano de 1999.
Depois disso, muitas outras ações já foram registradas, incluindo crimes
emblemáticos, como sequestros e roubos a banco", esclareceu.
Batismos
Nos
presídios, as primeiras informações de filiações às facções foram ao PCC, nos
anos 2000. Os ´batismos´ foram promovidos por Maurício Alves Ribeiro, acusado
de te participado do assalto à Nordeste Segurança de Valores, no hoje
desativado Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS).
"A
presença de membros cearenses da facção foi confirmada em diversas ações de
grande repercussão no Estado, como por exemplo o furto ao Banco Central (quando
um grupo furtou R$ 164 milhões do Caixa Forte no ano de 2005). Não há como
negar o que está na cara. Como pode ser explicada a apreensão de tantas armas
de grosso calibre como fuzis no Ceará? Todo mundo sabe que quem contrabandeia
arma é o PCC. O crime organizado, financiado por grandes facções, age sim no
Ceará", afirmou a fonte.
Sapiranga
Irmão
do líder do PCC é preso pela PF, em Fortaleza
Uma
operação da Polícia Federal, em cumprimento a um mandado de prisão da Justiça
Federal de São Paulo, capturou Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 44, no
bairro Sapiranga, em Fortaleza. O traficante é irmão de Marcos Willian Herbas
Camacho, o ´Marcola´, apontado como líder do PCC. As investigações da PF dão
conta que Alejandro Júnior também é integrante da facção e estava sendo
investigado porque trazia maconha do Paraguai para São Paulo, principalmente
para a cidade de Araçatuba. A fonte da SSPDS disse que ele estava no Ceará há
muito tempo, junto com a companheira, que é cearense. Afirmou ainda, que ele
era monitorado, mas não se envolveu com crimes aqui. Informes de um policial
civil dizem que o acusado de tráfico era comerciante em Fortaleza e chegou a
ser sócio em uma revendedora de veículos. Os dados da fonte ainda dão conta que
ele também tinha codinomes no Estado para se proteger.
Fonte:
Diário do Nordeste
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