quarta-feira, 20 de abril de 2016

FACÇÕES CRIMINOSAS TÊM CERCA 1,2 MIL MEMBROS NO CEARÁ

Cerca de 1.200 pessoas que estão no Sistema Penitenciário do Ceará são membros de facções criminosas, de acordo com uma fonte da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que terá a identidade preservada. Segundo ela, os dados apresentados têm como base levantamentos feitos pelas células de Inteligência da Instituição e mostram também que destas pessoas, em torno de 200 são membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), cerca de 150 são do Comando Vermelho (CV); e em torno de 850 seriam das facções Família do Norte (FDN) e Guardiões do Estado.

Conforme a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus), cerca de 17,5 mil pessoas estão no Sistema. Portanto, em torno de 5% da população carcerária estaria envolvida com organizações criminosas. A fonte diz que, muitas vezes, os criminosos se associam às organizações criminosas como uma forma de se proteger.

"Nos anos 80 aconteceram muitas mortes e rebeliões nos presídios de todo o Brasil. De lá para cá houve uma explosão no número de encarcerados e isto gerou a superlotação, que se transformou em um problema de praticamente todo o País. As condições dentro dos presídios despertaram nos presos a necessidade de se organizar. As divisões por facções são, na verdade, uma conveniência, é o jeito deles de manter a organização na Cadeia. Historicamente os detentos se unem quando têm um interesse em comum", explicou.

Uma fonte da Polícia Civil disse que a instabilidade das penitenciárias está afetando aos detentos que não querem fazer parte das organizações. "Tem gente que está lá dentro e não quer confusão. Quer cumprir a pena e ir embora para nunca mais voltar, mas representantes das quatro facções mandaram todos os detentos escolherem entre elas. Não precisam se filiar, mas todo mundo tem que escolher um ´partido´. Alegam que agora o único inimigo é a Polícia". A Secretaria de Justiça informou que as investigações sobre a suposta presença e atuação de facções criminosas no Estado estão sendo comandadas pela SSPDS.

O servidor da Polícia Civil disse que, embora o assunto ainda choque a população, há muito tempo as facções agem em Fortaleza. "A primeira ação registrada como tendo partido de facções criminosas foi o assalto à King Joias, que ficava no Centro. Cinco homens entraram no local e levaram todo o estoque de joias e relógios de lá e ainda mataram um funcionário. Isto ocorreu, no ano de 1999. Depois disso, muitas outras ações já foram registradas, incluindo crimes emblemáticos, como sequestros e roubos a banco", esclareceu.

Batismos

Nos presídios, as primeiras informações de filiações às facções foram ao PCC, nos anos 2000. Os ´batismos´ foram promovidos por Maurício Alves Ribeiro, acusado de te participado do assalto à Nordeste Segurança de Valores, no hoje desativado Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS).

"A presença de membros cearenses da facção foi confirmada em diversas ações de grande repercussão no Estado, como por exemplo o furto ao Banco Central (quando um grupo furtou R$ 164 milhões do Caixa Forte no ano de 2005). Não há como negar o que está na cara. Como pode ser explicada a apreensão de tantas armas de grosso calibre como fuzis no Ceará? Todo mundo sabe que quem contrabandeia arma é o PCC. O crime organizado, financiado por grandes facções, age sim no Ceará", afirmou a fonte.

Sapiranga

Irmão do líder do PCC é preso pela PF, em Fortaleza

Uma operação da Polícia Federal, em cumprimento a um mandado de prisão da Justiça Federal de São Paulo, capturou Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, 44, no bairro Sapiranga, em Fortaleza. O traficante é irmão de Marcos Willian Herbas Camacho, o ´Marcola´, apontado como líder do PCC. As investigações da PF dão conta que Alejandro Júnior também é integrante da facção e estava sendo investigado porque trazia maconha do Paraguai para São Paulo, principalmente para a cidade de Araçatuba. A fonte da SSPDS disse que ele estava no Ceará há muito tempo, junto com a companheira, que é cearense. Afirmou ainda, que ele era monitorado, mas não se envolveu com crimes aqui. Informes de um policial civil dizem que o acusado de tráfico era comerciante em Fortaleza e chegou a ser sócio em uma revendedora de veículos. Os dados da fonte ainda dão conta que ele também tinha codinomes no Estado para se proteger.


Fonte: Diário do Nordeste

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