A Receita Federal identificou 9.319 pessoas físicas que
fraudaram a declaração de Imposto de Renda com informações sobre falsas
despesas com empregadas domésticas desde 2013.
Esse tipo de irregularidade já havia sido encontrado no ano
passado em Minas Gerais, e a Receita estendeu as investigações para todo o
país.
Pela legislação, é possível deduzir parte da contribuição
previdenciária a domésticas do IR. Nesses casos, no entanto, descobriu-se que
as pessoas não tinham esse tipo de empregado.
Com as fraudes já identificadas, a expectativa é arrecadar R$
12 milhões em multas.
O subsecretário de fiscalização da Receita Federal, Iágaro
Jung Martins, afirmou que a Receita irá fiscalizar 285,3 mil pessoas físicas neste
ano por conta de irregularidades na declaração de IR. Até o momento, já foram
encontradas 44,4 mil fraudes, que somam R$ 315 milhões. O caso das domésticas
representa 21% do total de contribuintes.
A expectativa da Receita é arrecadar R$ 6 bilhões com esses
procedimentos neste ano, mais que os R$ 4,8 bilhões de 2015, mas ainda abaixo
do recorde de R$ 6,7 bilhões de 2014.
PESSOAL CRIATIVO
A Receita cita ainda a descoberta de fraudes com falsas
pensões alimentícias e despesas médicas, falta de recolhimento mensal no
carnê-leão (para profissionais liberais) e uso irregular da isenção na venda de
imóveis como principais irregularidades.
"O pessoal é bastante criativo em tentar inventar novas
formas de tentar fraudar a Receita. A gente acha curioso que as pessoas façam
isso diante da facilidade que temos de cruzar informações", afirmou o
subsecretário de fiscalização da Receita. "São pessoas que vão responder
por crime, vão ter uma notação na sua folha corrida, por algo que é muito fácil
de ser identificado."
Apenas uma minoria (0,1%) das declarações têm algum problema.
No ano passado, 78% dos contribuintes avisados pela Receita sobre informações
incorretas fizeram a correção da declaração sem serem multados. Essas pessoas
respondem por 14% do imposto recuperado no ano pela malha fina.
A autorregularização é para quem comete equívocos no
preenchimento da declaração, segundo o Fisco. "A Receita não quer
fiscalizar quem comete equívocos. Não temos interesse em fiscalizar
assalariado. O interesse é concentrar esforço em grandes esquemas",
afirmou.
Iágaro disse que muitas pessoas vão para as ruas protestar
contra a corrupção, mas praticam a sonegação sem nenhum constrangimento.
"Sonegação e corrupção são os dois lados da mesma moeda. Corrupção é o
dinheiro que entrou nos cofres públicos e foi desviado de forma ilícita. E
sonegação é o dinheiro que, também de forma ilícita, não entra nos cofres
públicos."
Fonte: Folha de S. Paulo
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