Os professores decidiram, em votação
realizada na manhã de ontem, manter a greve das escolas estaduais do Ceará e
rejeitar a proposta do governador Camilo Santana (PT). A razão, aponta o
presidente do Sindicato dos Professores e Servidores no Estado do Ceará
(Apeoc), Anízio Melo, é que uma das principais pautas de reivindicação foi
deixada de lado: o reajuste salarial. A questão só deve ser discutida no
próximo dia 6, quando o governador se comprometeu a apresentar uma proposta de
melhoria dos vencimentos.
A assembleia ocorreu no Ginásio Poliesportivo
da Parangaba e reuniu cerca de 1.700 professores, segundo a organização. Também
acompanharam a reunião em torno de 60 alunos que realizam ocupações nas escolas
para pressionar o Governo por melhorias. O Caic Maria Alves Carioca, no Bom
Jardim, está ocupado desde o dia 28, três dias após iniciada a greve dos
professores. Desde esta primeira ocupação até a tarde de ontem, eram 52 escolas
ocupadas, segundo lista do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca).
Com a decisão de permanecer em greve, o
sindicato terá de pagar uma multa de R$ 3 mil por dia (a partir de ontem), já
que a greve foi considerada ilegal em decisão do desembargador Durval Aires
Filho, da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, válida desde a última
segunda, 16. O sindicato entrou com recurso para tentar cassar a liminar.
O presidente da Apeoc pediu aos professores
que organizassem comissões para que os alunos não percam a inscrição do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem). “Vamos também organizar o reforço das aulas,
mesmo com a greve, para que os alunos acabem não se prejudicando”, pontua ele.
Os professores receberam, através do
sindicato, uma lista de 18 pontos oferecidos pelo Governo. Entre eles, a
reforma da estrutura física das escolas (R$ 32 milhões), mais recursos para a
manutenção dos colégios (R$ 5 milhões por ano), aquisição de cinco mil
computadores e mais dinheiro para a merenda escolar.
Anízio Melo lembrou que a decisão da
categoria é soberana, muito embora a direção do sindicato seja contrária à
manutenção da greve. Ele incentivou a união dos professores para reforçar a
mobilização no Interior e Capital.
Em nota, a Secretaria da Educação do Ceará
(Seduc) informou que “realizou diversas reuniões com a categoria para dialogar
sobre as reivindicações e apresentou respostas às demandas, anunciando
investimentos e celeridade para 26 pontos de pauta, inclusive benefícios para
os professores”. No texto, a assessoria de comunicação da pasta reiterou que
Camilo Santana se pronunciará “sobre o reajuste para os servidores estaduais no
dia 6 de junho”.
Saiba mais
A pauta da categoria é ampla e abrange
reivindicações relacionadas às condições estruturais das escolas, à manutenção
de espaços e programas pedagógicos, à liberação de processos funcionais e,
principalmente, ao reajuste geral da categoria, de 12,67%. Desde o início da
greve, já foram realizadas três rodadas de negociação com o Governo.
O Executivo sinalizou o atendimento de boa
parte da pauta de professores e estudantes, mas não avançou na negociação do
reajuste geral. A data-base dos servidores é 1° de janeiro.
O POVO
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