quinta-feira, 19 de maio de 2016

APESAR DE DECISÃO JUDICIAL, PROFESSORES MANTÊM GREVE

Os professores decidiram, em votação realizada na manhã de ontem, manter a greve das escolas estaduais do Ceará e rejeitar a proposta do governador Camilo Santana (PT). A razão, aponta o presidente do Sindicato dos Professores e Servidores no Estado do Ceará (Apeoc), Anízio Melo, é que uma das principais pautas de reivindicação foi deixada de lado: o reajuste salarial. A questão só deve ser discutida no próximo dia 6, quando o governador se comprometeu a apresentar uma proposta de melhoria dos vencimentos.

A assembleia ocorreu no Ginásio Poliesportivo da Parangaba e reuniu cerca de 1.700 professores, segundo a organização. Também acompanharam a reunião em torno de 60 alunos que realizam ocupações nas escolas para pressionar o Governo por melhorias. O Caic Maria Alves Carioca, no Bom Jardim, está ocupado desde o dia 28, três dias após iniciada a greve dos professores. Desde esta primeira ocupação até a tarde de ontem, eram 52 escolas ocupadas, segundo lista do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca).

Com a decisão de permanecer em greve, o sindicato terá de pagar uma multa de R$ 3 mil por dia (a partir de ontem), já que a greve foi considerada ilegal em decisão do desembargador Durval Aires Filho, da 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, válida desde a última segunda, 16. O sindicato entrou com recurso para tentar cassar a liminar.

O presidente da Apeoc pediu aos professores que organizassem comissões para que os alunos não percam a inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Vamos também organizar o reforço das aulas, mesmo com a greve, para que os alunos acabem não se prejudicando”, pontua ele.

Os professores receberam, através do sindicato, uma lista de 18 pontos oferecidos pelo Governo. Entre eles, a reforma da estrutura física das escolas (R$ 32 milhões), mais recursos para a manutenção dos colégios (R$ 5 milhões por ano), aquisição de cinco mil computadores e mais dinheiro para a merenda escolar.

Anízio Melo lembrou que a decisão da categoria é soberana, muito embora a direção do sindicato seja contrária à manutenção da greve. Ele incentivou a união dos professores para reforçar a mobilização no Interior e Capital.

Em nota, a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) informou que “realizou diversas reuniões com a categoria para dialogar sobre as reivindicações e apresentou respostas às demandas, anunciando investimentos e celeridade para 26 pontos de pauta, inclusive benefícios para os professores”. No texto, a assessoria de comunicação da pasta reiterou que Camilo Santana se pronunciará “sobre o reajuste para os servidores estaduais no dia 6 de junho”.

Saiba mais

A pauta da categoria é ampla e abrange reivindicações relacionadas às condições estruturais das escolas, à manutenção de espaços e programas pedagógicos, à liberação de processos funcionais e, principalmente, ao reajuste geral da categoria, de 12,67%. Desde o início da greve, já foram realizadas três rodadas de negociação com o Governo.

O Executivo sinalizou o atendimento de boa parte da pauta de professores e estudantes, mas não avançou na negociação do reajuste geral. A data-base dos servidores é 1° de janeiro.


O POVO

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