O secretário dos Recursos Hídricos, Francisco
Teixeira, admitiu que o Governo do Ceará estuda novas restrições ao consumo de
água. “Estamos trabalhando com simulações até o fim de maio e deveremos tomar
decisões quanto a possíveis restrições mais severas”, afirmou.
Maio é o último mês da quadra chuvosa, quando
as precipitações já começam a perder força. Nos meses anteriores da quadra —
fevereiro a abril — as chuvas ficaram abaixo da média histórica.
Teixeira evitou antecipar quais podem ser as
medidas, mas sinalizou para a radicalização do que já começou a ser feito. Ele
destaca o estímulo ao reuso de água em áreas industriais. A água liberada do
Castanhão já foi reduzida a menos de um quarto. A vazão, que já foi de 22
metros cúbicos por segundo, hoje é de 5 m³/s. Está sendo feito também reúso de
água da lavagem dos filtros do açude Gavião.
Além disso, desde dezembro de 2015, a
Companhia de Água e Esgoto (Cagece) cobra tarifa extra dos consumidores que não
reduzem o consumo em pelo menos 10%. O valor a mais sobre o consumo excedente é
de 120%. Além disso, houve dois aumentos na conta de água em quatro meses.
A Cagece também tem tomado medidas de aumento
da eficiência e diminuição de perdas de água.
Com o possível aprofundamento dessas ações e
com novas restrições, o secretário acredita ser possível evitar a medida mais
extrema, que seria o racionamento na Capital e nas maiores cidades. Atualmente,
aproximadamente 30 municípios atendidos pela Cagece enfrentam cortes no
abastecimento.
“Estamos trabalhando para evitar um
racionamento mais radical”, diz o secretário. Ainda assim, a Agência Reguladora
de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce) já determinou prazo de 30 dias
para que a Cagece apresente plano para possível racionamento. A data-limite é o
próximo dia 16.
Apesar da cobrança, Teixeira afirma que “a
expectativa é que tenhamos água até o inicio da próxima quadra chuvosa (em
janeiro de 2017)”.
Cinturão das Águas
O governador Camilo Santana (PT) anunciou, na
tarde de ontem, o incremento pelo Ministério da Integração Nacional de R$ 619
milhões no orçamento para as obras do primeiro trecho do Cinturão das Águas
(CAC), que distribuirá a água da transposição do rio São Francisco pelo Estado.
“O CAC terá relevante papel na distribuição dessa água para boa parte do sertão
cearense”, explica Camilo.
O Cinturão, conforme publicado ontem pelo O
POVO no especial À Espera de Francisco, está 27% concluído. O orçamento chega
agora a R$ 1,6 bilhão.
Contudo, a medida, às vésperas da votação do
impeachment da presidente Dilma Rousseff, não assegura que o dinheiro sairá.
“Este incremento garante o orçamento da obra
e resolve entraves burocráticos, e possíveis reajustes. Mas, o financeiro é mês
a mês. Estamos recebendo R$ 10 milhões por mês, quando seriam precisos R$ 60
milhões para a obra funcionar em suas cinco etapas”, disse Teixeira.
O primeiro trecho da obra tem 146 km. O prazo
de entrega pode variar do fim de 2017 até 2019. “Ainda tem o ponto que não
sabemos, o possível comportamento do novo governo (caso o vice-presidente
Michel Temer assuma). Se ele não mandar dinheiro, a obra para”, receia.
Os 153 açudes monitorados têm hoje 13,3% da
capacidade.
Saiba mais
O primeiro trecho do Cinturão das Águas (CAC)
levará água da transposição do São Francisco até Nova Olinda. Cidades do Cariri
serão abastecidas via rio Cariús. A água pode chegar até o açude Orós.
Fortaleza não depende do CAC para receber a
água da transposição. Ela irá até a Capital pelo Riacho dos Porcos, em Brejo
Santo. Áreas mais críticas, como Inhamuns e o Vale Jaguaribe, apesar de não
estarem diretamente ligadas a essa etapa do CAC, poderão se beneficiar via
adutoras.
O POVO
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