Em Orós tá tudo dominado, só que pelas matilhas de cachorros
que dominam as ruas de nossa cidade. O problema é gravíssimo e antigo, nos últimos
anos perde as contas de quantas vezes vi e ouve alguns vereadores e defensores
dos animais alertando sobre o problema e pedindo providências as autoridades sobre
a quantidade de cães abandonados.
O resultado disso é o aumento do casos de Leishmaniose
Visceral Canina (popularmente conhecida como Calazar) em nossa cidade,
principalmente no BSG (bairro São Geraldo), de acordo com um agente de endemias
só na semana passada foram sacrificados cinco cães com estado avançado da
doença.
A quem vamos recorrer?
Leishmaniose canina
Introdução
A leishmaniose é uma doença infecciosa, porém, não
contagiosa, causada por parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se
multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do
indivíduo, chamadas macrófagos. Há dois tipos de leishmaniose: leishmaniose
tegumentar ou cutânea e leishmaniose visceral ou calazar. A leishmaniose
tegumentar caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior
frequência nas partes descobertas do corpo.
Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da
boca e da garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como “ferida brava”;
não exige o sacrifício de animais infectados pela doença. A leishmaniose
visceral é uma doença sistêmica, pois acomete vários órgãos internos,
principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose
acomete essencialmente crianças de até dez anos; após esta idade, se torna
menos frequente. É uma doença de evolução longa, podendo durar alguns meses ou
até ultrapassar o período de um ano.
Transmissão
A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos (que se
alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Seus nomes
variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito-palha,
tatuquira, birigui, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O
mosquito-palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde
existem muitas plantas.
É o inseto que transmite a doença de um animal para outro. É
uma doença que afeta principalmente cães, mas também animais silvestres, gambá
ou saruê, e urbanos como ratos, gatos e humanos (principalmente crianças com
desnutrição, idosos imunossuprimidos e, atualmente, pessoas com AIDS).
Não se pega leishmaniose de cães e outros animais, apenas
pela picada do inseto que estiver infectado.
O cão é apenas mais um hospedeiro da leishmaniose visceral. É
também o mais estudado e injustiçado, já que mesmo que todos os cães do mundo
deixassem de existir, a leishmaniose visceral continuaria a crescer, como
inclusive ocorre nas cidades onde há matança indiscriminada de cães como “forma
de combate à doença”.
Sintomas
Os sintomas são variáveis. O cão pode apresentar
emagrecimento, perda de pelos, gânglios inchados, fraqueza, feridas,
crescimento exagerado das unhas, lesão de pele ulcerada, blefarite e anemia.
Também há sintomas nos órgãos internos, como crescimento do fígado e outras
alterações. Entretanto, esses sintomas são comuns em outras doenças bem menos
graves; assim, se seu cão apresentar esses sintomas não quer dizer que o mesmo
está com leishmaniose. O diagnóstico preciso só pode ser feito por um médico
veterinário, que combinará exames de sangue com exames clínicos. O teste
sorológico feito pelo governo como forma de triagem não deve ser encarado como
diagnóstico e, portanto, não justifica a eutanásia dos animais. O diagnóstico é
complexo e necessita de maior investigação.
Prevenção
O verdadeiro transmissor da doença – o mosquito-palha – gosta
de lugares com matéria orgânica, então sempre mantenha quintal e canis limpos e
telados. Esse inseto é de hábito noturno, portanto coloque seus cães para
dormir em lugares telados e use coleiras e/ou líquidos repelentes para ajudar
na proteção.
O efeito da coleira é repelente, justamente para evitar a
picada do inseto; a coleira é uma importante arma contra a doença.
Além disso, existe vacina para leishmaniose. Ela previne que
80 a 95% dos cães se infectem com leishmania pela picada do inseto.
Na verdade, a vacina contra a leishmaniose pode apresentar um
efeito bloqueador de transmissão, capaz de interromper o ciclo epidemiológico,
isto é, torna o animal não transmissor da doença.
A vacina tem cobertura
de mais de 90% – afirmam os especialistas – e não é possível confundir
infectados com vacinados. Mas pela produção ainda reduzida, os preços são
inviáveis para boa parte dos tutores de cães.
A vacina já está disponível em vários lugares do país. Hoje
se tem no mercado a Leishmune, da Fort Dodge, que é aquela que vários
veterinários não preconizam porque dizem que não diferenciarão os infectados
dos vacinados (mentira ou desinformação), e a Leishtec, da Hertape Calier, que
a propaganda é justamente alicerçada em não reações vacinais e cruzada em
sorologias.
Existe uma boa parcela da classe veterinária que ainda não
conhece o tratamento e a prevenção da leishmaniose, entretanto, a falta de
conhecimento deles não pode impedir o público de tratar de seus cães. Procure
veterinários especializados em infectologia.
No entanto, o que é preciso ter-se claro é que tanto os
humanos como os animais infectados, mesmo tratados, serão portadores do
parasita o restante de suas vidas e deverão ser mantidos sob rígido controle.
Os cães deverão ter contínuo acompanhamento de médico veterinário, com a
realização de exames laboratoriais periódicos, para verificar se o animal
realmente mantém-se não infectante e saudável.
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