sábado, 25 de junho de 2016

ECONOMIAS DOS MUNICÍPIOS PARADAS POR ATAQUES A BANCOS

Os assaltos e explosões em agências bancárias no Interior do Estado do Ceará têm se tornado um tipo de crime frequente que não só tem tirado a tranquilidade da população, como têm trazido prejuízos. Algumas são literalmente destruídas. Outras têm os caixas eletrônicos e cofres danificados e são obrigadas e deixar de funcionar por algum tempo, razão pela qual comerciantes, aposentados e a população em geral enfrentam dificuldades.

De acordo com dados do Sindicato dos Bancários do Ceará, do início do ano até a última quarta (22), 30 agências foram alvo de ataques em 25 municípios do Interior. O cálculo inclui arrombamentos e tentativas, além das explosões.

Em Choró, no Sertão Central, a situação foi mais drástica e a agência fechou porque funcionava com um único caixa que foi explodido. A cidade ficou sitiada, uma forma de ação que tem se repetido com frequência e que lembra os tempos de Lampião, fazendo do sertão atual um novo cangaço.

Prejuízo nos negócios

Para o comércio, sobreviver em uma cidade onde o dinheiro não circula é tarefa tão difícil quanto tirar leite de pedra. A lamentação vem de todos os lados, mas os comerciantes são os que mais reclamam.

"Eu não sei nem como é que nos estamos sobrevivendo por aqui. O comércio está parado! Tem gente que vem aqui agora me pedir R$ 10 para poder ir a outra cidade tirar o dinheiro, mas acaba gastando tudo por lá", lamenta o comerciante José Reginaldo de Sousa, de 49 anos.

Ele conta que, além da economia parada, existe o perigo de quem precisa se deslocar diariamente a cidades vizinhas para efetuar pagamentos e sacar dinheiro. Não raro, as vans que realizam o transporte intermunicipal de passageiros são assaltadas, pois os bandidos já sabem que ali certamente haverá alguém com dinheiro.

Sul do Estado

De acordo com o Sindicato dos Bancários, quatro agências já foram explodidas neste ano. Uma das últimas ações foi em Cariús, na Região Sul do Ceará (Cariri).

Em cada esquina, moradores e lojistas sempre estão falando sobre os transtornos enfrentados com a suspensão do atendimento na agência local do Banco do Brasil, que ficou parcialmente destruída no último dia 16 de junho, após ladrões tentarem levar o cofre.

Quem precisa dos serviços do banco tem de se deslocar até a cidade vizinha de Jucás, a cinco quilômetros, para onde os lojistas viajam diariamente a fim de fazerem depósitos.

"Estamos preocupados com as vendas porque a cidade está parada", disse a comerciária Maura de Souza. A aposentada Maria Frutuoso tentou um atendimento pessoal, mas não foi possível. "Disseram que estava suspenso e aguardasse a reforma", relatou.

Contas públicas

A secretária de Finanças da Prefeitura, Maria do Carmo Oliveira, lembrou que a agência já foi atacada por três vezes nos últimos quatro anos e destacou que até mesmo a administração sente os prejuízos. "Alguns serviços precisam ser feitos diretamente na agência", lembrou.

Em Farias Brito, município também localizado na Região do Cariri, os moradores estão à mercê do perigo, tendo que percorrer quase 50 quilômetros, até o Crato, para realizarem depósitos e saques.

"Quem precisa fazer saques e depósitos tem que procurar outra cidade", lamentou José Carlos Oliveira, proprietário de uma drogaria que, segundo conta, teve uma queda nas vendas acima dos 10%.

"Já é um gasto com o transporte e, muitos, acabam fazendo suas compras por lá mesmo, ou seja, prejuízo para nós, comerciantes", desabafou o comerciante, que é apenas um entre os habitantes afetados.

Zona Norte

Em Morrinhos, na Região Norte, a reclamação se repete. A professora aposentada Ana Luísa Freitas conta que se desloca até Santana do Acaraú para receber o pagamento. Mas a distância, de 35 quilômetros, não é o único incômodo.

"A agência é lotada em época de pagamento. Então, além de sair muito cedo daqui, eu perco um dia inteiro se quiser receber minha aposentadoria", diz.

Retomada

Mesmo que traga prejuízos às cidades, o tempo ainda é um fator contra para reverter a situação. A reforma das agências demanda tempo com a perícia, elaboração de laudos técnicos e licitação e contratação para as empresas que fazem os reparos.

Em Choró, a agência do Bradesco não tem prazo para retornar a funcionar. Ela estava operando há quatro meses depois de ter sido destruída em uma ação em 2015. Em Cariús também não há prazo de quando a agência voltará a operar.

No Cariri, passados cinco meses, a sede do banco ainda não normalizou os atendimentos. Apenas serviços internos e demandas com prazo, como entrega de cartões, são realizados.

O prédio onde ficava a agência de Morrinhos pertence à Prefeitura e deve iniciar obras de reconstrução ainda neste mês. No entanto, a sede do banco será outra. Julho é o prazo para que o atendimento seja restabelecido.


Fonte: Diário do Nordeste

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