Os assaltos e explosões em agências bancárias no Interior do
Estado do Ceará têm se tornado um tipo de crime frequente que não só tem tirado
a tranquilidade da população, como têm trazido prejuízos. Algumas são
literalmente destruídas. Outras têm os caixas eletrônicos e cofres danificados
e são obrigadas e deixar de funcionar por algum tempo, razão pela qual
comerciantes, aposentados e a população em geral enfrentam dificuldades.
De acordo com dados do Sindicato dos Bancários do Ceará, do
início do ano até a última quarta (22), 30 agências foram alvo de ataques em 25
municípios do Interior. O cálculo inclui arrombamentos e tentativas, além das
explosões.
Em Choró, no Sertão Central, a situação foi mais drástica e a
agência fechou porque funcionava com um único caixa que foi explodido. A cidade
ficou sitiada, uma forma de ação que tem se repetido com frequência e que
lembra os tempos de Lampião, fazendo do sertão atual um novo cangaço.
Prejuízo nos negócios
Para o comércio, sobreviver em uma cidade onde o dinheiro não
circula é tarefa tão difícil quanto tirar leite de pedra. A lamentação vem de
todos os lados, mas os comerciantes são os que mais reclamam.
"Eu não sei nem como é que nos estamos sobrevivendo por
aqui. O comércio está parado! Tem gente que vem aqui agora me pedir R$ 10 para
poder ir a outra cidade tirar o dinheiro, mas acaba gastando tudo por lá",
lamenta o comerciante José Reginaldo de Sousa, de 49 anos.
Ele conta que, além da economia parada, existe o perigo de
quem precisa se deslocar diariamente a cidades vizinhas para efetuar pagamentos
e sacar dinheiro. Não raro, as vans que realizam o transporte intermunicipal de
passageiros são assaltadas, pois os bandidos já sabem que ali certamente haverá
alguém com dinheiro.
Sul do Estado
De acordo com o Sindicato dos Bancários, quatro agências já
foram explodidas neste ano. Uma das últimas ações foi em Cariús, na Região Sul
do Ceará (Cariri).
Em cada esquina, moradores e lojistas sempre estão falando
sobre os transtornos enfrentados com a suspensão do atendimento na agência
local do Banco do Brasil, que ficou parcialmente destruída no último dia 16 de
junho, após ladrões tentarem levar o cofre.
Quem precisa dos serviços do banco tem de se deslocar até a
cidade vizinha de Jucás, a cinco quilômetros, para onde os lojistas viajam
diariamente a fim de fazerem depósitos.
"Estamos preocupados com as vendas porque a cidade está
parada", disse a comerciária Maura de Souza. A aposentada Maria Frutuoso
tentou um atendimento pessoal, mas não foi possível. "Disseram que estava
suspenso e aguardasse a reforma", relatou.
Contas públicas
A secretária de Finanças da Prefeitura, Maria do Carmo
Oliveira, lembrou que a agência já foi atacada por três vezes nos últimos
quatro anos e destacou que até mesmo a administração sente os prejuízos.
"Alguns serviços precisam ser feitos diretamente na agência",
lembrou.
Em Farias Brito, município também localizado na Região do
Cariri, os moradores estão à mercê do perigo, tendo que percorrer quase 50
quilômetros, até o Crato, para realizarem depósitos e saques.
"Quem precisa fazer saques e depósitos tem que procurar
outra cidade", lamentou José Carlos Oliveira, proprietário de uma drogaria
que, segundo conta, teve uma queda nas vendas acima dos 10%.
"Já é um gasto com o transporte e, muitos, acabam
fazendo suas compras por lá mesmo, ou seja, prejuízo para nós,
comerciantes", desabafou o comerciante, que é apenas um entre os habitantes
afetados.
Zona Norte
Em Morrinhos, na Região Norte, a reclamação se repete. A
professora aposentada Ana Luísa Freitas conta que se desloca até Santana do
Acaraú para receber o pagamento. Mas a distância, de 35 quilômetros, não é o
único incômodo.
"A agência é lotada em época de pagamento. Então, além
de sair muito cedo daqui, eu perco um dia inteiro se quiser receber minha
aposentadoria", diz.
Retomada
Mesmo que traga prejuízos às cidades, o tempo ainda é um
fator contra para reverter a situação. A reforma das agências demanda tempo com
a perícia, elaboração de laudos técnicos e licitação e contratação para as
empresas que fazem os reparos.
Em Choró, a agência do Bradesco não tem prazo para retornar a
funcionar. Ela estava operando há quatro meses depois de ter sido destruída em
uma ação em 2015. Em Cariús também não há prazo de quando a agência voltará a
operar.
No Cariri, passados cinco meses, a sede do banco ainda não
normalizou os atendimentos. Apenas serviços internos e demandas com prazo, como
entrega de cartões, são realizados.
O prédio onde ficava a agência de Morrinhos pertence à
Prefeitura e deve iniciar obras de reconstrução ainda neste mês. No entanto, a
sede do banco será outra. Julho é o prazo para que o atendimento seja
restabelecido.
Fonte: Diário do Nordeste
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