Chega a 892 o número de casos notificados de
febre chikungunya neste ano, em Quixadá, a 158 km de Fortaleza. Até o momento,
estão confirmados 18 casos, mas o aumento de pessoas com os sintomas da doença
na cidade preocupa a população. A Secretaria de Saúde Municipal investiga 16
casos de óbitos da febre e intensifica campanhas educativas.
O último Boletim Epidemiológico da Secretaria
de Saúde do Estado (Sesa) aponta que foram notificados 10.373 casos suspeitos
de chikungunya no Ceará. O número de notificações de chikungunya pode ser ainda
maior em Quixadá, explica a secretária de saúde da cidade, Ângela Brenna
Calixto.
"Tem muita subnotificação porque as
pessoas acabam se medicando em casa. A pessoa liga pra farmácia, eles já passam
o medicamento. Não é certo, só depois dos dez primeiros dias a pessoa pode
tomar corticóides. Outra questão é que desses casos suspeitos, os pacientes
tiveram ainda complicações sem relação com a febre, como diabetes
compensada", afirma ela.
Com o aumento do número de óbitos suspeitos
de chikungunya, a Secretaria deve intensificar as campanhas educativas nas
escolas e residências da cidade. "Vamos iniciar o projeto '10 minutos
contra o mosquito', com palestras sobre os cuidados para a prevenção e também
sobre os riscos da automedicação", frisa a secretária.
A chikungunya é uma das viroses transmitidas
pelo mosquito Aedes aegypti, que também é vetor da dengue e da zika. Os
sintomas podem ser confundidos, mas a principal diferença, conforme o médico
infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Anastácio
Queiroz, são as dores nas articulações.
"As dores articulares e a febre alta
levam a uma hipótese de chikungunya, enquanto a dengue é muito mais
caracterizada pela dor no corpo", explica ele. De acordo com Queiroz, a
dengue mata muito mais porque tem formas mais graves, como a hemorrágica.
"A cada mil pessoas com a chikungunya , uma morre. Evidentemente que a
dengue mata mais, mas a febre é uma doença que maltrata bastante, pode levar a
doenças neurológicas, como encefalite", destaca.
Em Quixadá, 80% dos focos do Aedes são
registrados em residências, conforme Brenna. A complicação maior sobre a
quantidade de óbitos suspeitos deve-se ao fato da chikungunya ser uma doença
nova. "Cada um chega com um sintoma diferente. Tem os sintomas clássicos
como dor de cabeça, febre, dos nas articulações, mas chega gente vomitando, por
exemplo. Toda a unidade de saúde municipal está equipada com soro e com os
medicamentos necessários. As pessoas devem ir ao médico", completa a
secretária.
A incidência da febre por 100 mil habitantes,
em Quixadá, é de 21,1, uma das maiores do Estado. Apesar do alerta na cidade, a
incidência é mais crítica em Fortaleza (68,5), São Gonçalo do Amarante (57,1),
Icapuí (87,5), Tauá (48,5) e Jaguaruana (38,5). Os dados foram divulgados no
último Boletim Epidemiológico da Sesa, na sexta-feira, 3. Conforme o relatório,
a média de idade de maior incidência dos casos confirmados foi entre 51 e 60
anos de idade.
Além de chikungunya, Quixadá teve cerca de
2.366 notificações de dengue, de acordo com o boletim da Sesa. Até o momento,
63 casos foram confirmados. “Para zika, temos 38 casos suspeitos, mas nenhuma
confirmação ainda”, relata Brenna.
Cuidados
"Evitar a proliferação do vetor é o
principal, um desafio que ainda não tivemos muito sucesso no Brasil. Os casos
têm aumentado, e a grande questão é que todos estamos suscetíveis",
explica Anastácio Queiroz.
Após o quadro agudo de chikungunya , é
necessário evitar o uso exagero de antiinflamatórios. "Aliviam a dor, mas
tem uma série de efeitos colaterais relacionados ao estômago, aos rins",
cita.
Segundo o médico infectologista, as pessoas
devem usar analgésicos no lugar de outros medicamentos com efeitos colaterais.
Fonte: O Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário