Há quase quinze anos, os moradores dos
distritos de Mangueiral e Capim de Roça, em Pindoretama (CE), na região metropolitana
de Fortaleza, têm encaminhado uma demanda para a prefeitura da cidade: uma
ligação de energia elétrica entre os dois distritos que possa iluminar a
região, há tempos sofrendo com assaltos e insegurança.
Em abril deste ano, a inauguração, anunciada
como destaque pelo prefeito Valdemar Araújo da Silva Filho (PT), finalmente
chegou. Mas em poucas semanas a estrutura foi completamente desmontada pela
Companhia Energética do Ceará (Coelce) sob a justificativa de ser uma “rede
clandestina” – ou ´gato´, na linguagem popular.
“A gente esperou por tanto tempo e, quando
veio, foi uma ‘gambiarra’", lamenta o aposentado Fernando Porto, de 77
anos, que vive em Mangueiral. Ele afirma que já no lançamento da estrutura era
visível notar sua precariedade e que, nos últimos dias, moradores da região tem
sido visitados por vereadores da oposição para pressionar o prefeito contra a
ação.
"Fizeram [o gato] na calada da noite,
uma iluminação sem projeto, sem autorização da operadora de energia. Tanto que
a Coelce veio aqui depois e tirou."
A prática ilegal não é mera opinião de
eleitores e vereadores da oposição, como o vereador Raimundo do Sinhozinho
(PCdoB), que acusa o prefeito Valdemar Araújo de ter feito a ligação de
qualquer jeito para se promover, "de olho nas eleições municipais de
outubro".
A Coelce confirma ter identificado que a rede
instalada na iluminação pública de Capim de Roça foi irregular e é de
responsabilidade direta da prefeitura. A companhia reforça que enviou uma
equipe sob escolta da Polícia Militar para fazer a retirada do ´gato´, que além
de ser criminoso, afeta a qualidade do serviço prestado pela distribuidora e
pode levar a curtos-circuitos e sobrecarga.
Apesar da retirada da iluminação, a
publicação do anúncio da conclusão da obra segue nas redes sociais do prefeito,
apesar de ele ter feito, dias depois, um novo comunicado – após a desmontagem
da estrutura – afirmando que estava buscando a solução para a ligação entre as
duas comunidades. Em nenhum momento o político explica as razões pelas quais a
estrutura foi desativada.
O chefe de gabinete de Pindoretama, Cristiano
Alves, se recusa a prestar esclarecimentos a respeito das acusações contra a
prefeitura e se limita a declarar que o vereador Raimundo do Sinhorzinho presta
"falso testemunho" ao acusar o prefeito Valdemar Araujo e a
administração municipal da cidade.
Ig
Nenhum comentário:
Postar um comentário