Uma
epidemia silenciosa e devastadora, cujos índices não têm apresentado queda no
Ceará e no Brasil na última década. Como um episódio isolado, o suicídio pode
deixar a sensação de impotência entre familiares e amigos da vítima. No
entanto, ele se configura como caso de saúde pública mundial e deve ser
enfrentado com uma rede de cuidados. Principalmente porque a maioria dos suicídios
pode ser prevenida.
No
mundo, uma pessoa morre por suicídio a cada 40 segundos. Foram cerca de 804 mil
casos em 2012, conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para jovens entre
15 e 29 anos, o suicídio é a segunda causa de morte mais frequente. Ainda
segundo estimativa da OMS, as taxas de suicídio poderão dobrar até 2020,
matando mais que homicídios e guerras. Outra estimativa é de 20 tentativas de
suicídio para cada óbito registrado.
Em
oitavo lugar no ranking mundial, o Brasil teve 11,8 mil suicídios em 2012,
apresentando a média de uma morte a cada 45 minutos. Mesmo alarmantes, os dados
compilados pelas autoridades de saúde ainda não refletem a realidade
brasileira. “Há casos em que as famílias não querem o registro como suicídio.
Há outros onde as pessoas morrem no hospital, e nem sempre a tentativa de
suicídio é identificada, gerando uma notificação diferente”, ressalta a
psiquiatra Maria Cristina Ramos de Stefano, cujo filho cometeu suicídio há
quatro anos.
Dentre
160 países analisados pela OMS, o Brasil está entre os 28 que possuem
estratégia de prevenção do suicídio. Segundo informações repassadas pelo
Ministério da Saúde, a rede pública oferece acompanhamento psicológico e
psicoterápico, terapia ocupacional e assistência hospitalar. Contudo,
especialistas que lidam com o tema apontam uma realidade de desamparo para quem
precisa do atendimento psiquiátrico na rede pública.
Rede
de atenção
O
funcionamento desta rede de atenção é essencial na prevenção do suicídio,
segundo Fábio Gomes de Matos, psiquiatra e professor da Universidade Federal do
Ceará (UFC). Ele explica que 98% das vítimas estão associadas a transtornos
mentais. Dentre eles, os mais comuns são depressão, transtorno bipolar, abuso
de substâncias químicas, esquizofrenia e Transtorno de Personalidade
Borderline. “Se você diagnostica e trata estes transtornos, você tem uma
prevenção bem razoável”, ressalta.
Para
Alexandrina Meleiro, coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção de Suicídio
da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o suicídio pode ser prevenido
desde o pré-natal até a educação da criança. “Ela precisa ter autoestima e ser
incentivada a ter resiliência, a saber enfrentar as adversidades da vida. Se
ela é muito protegida e mimada, ela cresce sem suportar a dificuldade”,
exemplifica. Cuidar da saúde e controlar fatores de risco para os transtornos
mentais são outras estratégias para o desenvolvimento cerebral sadio.
No
você confere os fatores de risco e sinais de alerta para o comportamento
suicida, além das dicas de abordagem e opções de onde buscar ajuda. A rede de
atenção na saúde pública e práticas positivas de voluntariado também compõem o
material. Porque é possível prevenir, o suicídio não pode ser um tema
esquecido. Falar e apontar saídas são alguns dos caminhos para salvar vidas.
O
POVO
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