O local onde um homicídio é praticado no Ceará pode
determinar se o autor da ação será ou não identificado. Apesar das
circunstâncias em que os assassinatos ocorrem serem cruciais para a resolução
de uma investigação, estatísticas do Sistema de Gerenciamento e Elucidação de
Homicídios (SGH) da Polícia Civil revelam que, em determinadas áreas do Estado,
poucos crimes contra a vida são desvendados.
Nos sete primeiros meses do ano, foram registrados exatos 2
mil Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), que incluem homicídios
dolosos, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios, os roubos seguidos
de morte. Do total, apenas 440, aproximadamente, terminaram com suspeitos
presos ou identificados. Já os cerca de 1.560 casos restantes ainda não tiveram
desfecho em seus inquéritos.
Em Fortaleza, houve 591 mortes de janeiro a julho.
Considerando todas as seis Áreas Integradas de Segurança (AISs) que compõem a
Capital, a resolubilidade média foi de 12%. A AIS 2, que concentra bairros como
Antônio Bezerra e Conjunto Ceará, apresentou a maior quantidade de
assassinatos, com 201 casos. A resolubilidade dos crimes na região, porém, é de
apenas 5,97%. O índice não chega à metade do resultado de qualquer outra área
da Cidade. Para cada 16 crimes ocorridos no local, apenas um foi solucionado.
Regiões
As estatísticas também revelam, porém, que apresentar maior
número de homicídios não significa ter maior dificuldade na elucidação dos
casos. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a AIS-8, encabeçada por
Maracanaú, registrou o maior número de homicídios, com 209 ocorrências. Foram
elucidados, entretanto, 24,88% dos casos.
Considerando todo o Estado, os melhores resultados foram
obtidos na AIS-18, puxada por Tauá, no Interior Sul, onde foram elucidados
54,29% dos casos, e na AIS-14, encabeçada por Crateús, com índice de 53,33% de
resolução.
Na avaliação do delegado-geral da Polícia Civil cearense,
Andrade Júnior, houve avanço na obtenção do índice de 22,9% na resolução dos
homicídios, embora o número ainda seja baixo. “Se você olhar pelo prisma da
média nacional, que elucida entre 6% e 7% dos casos, houve avanço na resolução
no Ceará, que pelo segundo ano consecutivo vem numa média de 25%”, defende.
Andrade destacou que casos problemáticos, como o da AIS-2,
estão sendo acompanhados de perto, em reuniões periódicas, para que sejam
identificados fatores que estão interferindo na elucidação. Ele destacou que os
casos ocorridos na Capital apresentam dificuldade de solução, já que a maioria
dos crimes tem vinculação com o tráfico de drogas. “No Interior do Estado, além
dos crimes serem mais pulverizados, as características os tornam mais fáceis de
serem elucidados, como os casos passionais. A dinâmica facilita”, disse.
Fonte: O Povo
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