As forças de segurança do Ceará nunca praticaram tantas
mortes por intervenção policial como no último mês de julho. Em apenas 31 dias,
15 casos foram registrados no Estado. O número é o maior desde 2013, quando os
dados do tipo passaram a ser divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e
Defesa Social (SSPDS).
Numa comparação com o mesmo período de 2015, quando houve
sete ocorrências, o crescimento nas intervenções foi de 114%. Por não serem
consideradas intencionais, essas mortes não entram para as estatísticas de
Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), que incluem homicídio doloso,
lesão corporal seguida de morte e latrocínio, o roubo seguido de morte.
Os homicídios por intervenção também apresentam uma evolução
ascendente se comparados os registros anuais. Entre 2013 e 2015, as mortes
saltaram de 41 para 86 casos. De janeiro a julho deste ano, com relação a 2015,
os números subiram de 43 para 54, uma alta de 26%.
Dentre as ocorrências está o caso de Israel da Silva
Lourenço, 23, morto após um confronto com a Polícia Militar, que impediu a
realização de um “baile de favela”, no Pirambu, no dia 31. Conhecido como Papai
Zoião, ele respondia por roubo e homicídio e teria atirado contra uma viatura e
trocado tiros com PMS.
Motivação
Na avaliação do secretário-adjunto da SSPDS, coronel Lauro
Prado, os ataques a policiais militares e civis, também ocorridos em julho,
tornaram os enfrentamentos mais constantes e teriam motivado “reações mais
rápidas dos agentes”. Dos 26 atentados efetuados, 10 miraram diretamente
delegacias, viaturas e os próprios policiais. Três militares ficaram feridos.
“O policial fica mais suscetível a reagir de maneira mais
rápida, até porque está sob pressão. E em situações em em que teria mais
paciência para resolver, acaba reagindo de maneira mais rápida. Com o iminente
perigo, pela ameaça que se apresenta, o tempo de resposta dele diminui”, diz.
O coronel acredita que os chamados “salve” (mensagens
enviadas por criminosos a comparsas de facção), que teriam partido de dentro
dos presídios do Estado, estimularam ataques mais audaciosas, bem como o
aumento das abordagens por policiais. “Eles investiram no enfrentamento”,
afirma, destacando que o poder de fogo dos criminosos está cada vez maior, o
que também pode ter motivado a elevação anual dos casos.
Prado destacou que ocorrências de intervenção são
acompanhadas pela cúpula da SSPDS e passam por investigação preliminar na
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema
Penitenciário (CGD) para coibir excessos. “A arma do policial é defesa. Não
deve ser usada para atacar”, orienta.
Fonte: O Povo
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