O Ministério Público Federal no Ceará pediu à Justiça a
suspensão dos direitos políticos e a indisponibilidade de bens do ex-governador
Cid Gomes (PDT) no valor de R$ 1.335.700,00, visando ao ressarcimento do Bando
do Nordeste por empréstimo irregular. Em agosto de 2014, últimos meses à frente
do Palácio da Abolição, Cid utilizou o cargo de governador para conseguir um
empréstimo milionário a "baixíssimo juros" para construir um galpão
em Sobral, hoje alugado pela Cervejaria Petrópolis. A informação é da revista
Época, que será publicada nesta semana, na coluna Expresso, do jornalista
Murilo Ramos
"Constatou-se que o empréstimo de R$ 1,3 milhão do Fundo
Constitucional de Financiamento do Nordeste - FNE obtido em 28/08/2014, pela
empresa Corte Oito Gestão e Empreendimento Ltda., criada pelo ex-governador do
Estado do Ceará Cid Ferreira Gomes (com 95% de participação na empresa) e pelo
ex-assessor parlamentar Ricardo Sérgio Farias Nogueira (com 5% de participação
na empresa) se deu mediante diversas irregularidades que evidenciam
enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e que atentam contra os princípios
da Administração Pública", ressalta o relatório do MPF.
Segundo o relatório, a investigação do caso "se originou
a partir de reportagem da revista Época que menciona que a empresa do
ex-governador do Estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes, teria recebido
facilidades do Banco do Nordeste, por ocasião de empréstimo bancário com juros
abaixo do valor de mercado para construção de um galpão na cidade de
Sobral". Sem poder receber empréstimo em seu próprio nome, Cid decidiu
criar a Corte Oito, junto com o então assessor parlamentar na Assembleia
Legislativa Ricardo Ricardo Sérgio Farias Nogueira, para receber o empréstimo
do BNB. No caso, figuram como réus Cid, Ricardo e mais seis pessoas, além da
empresa.
Confira outros trechos do relatório
"Os documentos carreados aos autos do Inquérito Civil
demonstram que os recursos do FNE, administrados pelo BNB, foram destinados
indevidamente à empresa Corte Oito Gestão e Empreendimento Ltda., entre outras
coisas, ante a violação de regras atinentes à Programação do FNE para o
exercício 2014 no financiamento do empreendimento localizado fora do centro de
logística, e mesmo diante da insubsistência de documentos que comprovassem a
capacidade financeira da empresa para o recebimento do crédito".
"Ambos os réus, ocupando importantes cargos na
Administração Pública do Estado do Ceará, sendo o primeiro ocupante do mais
alto cargo da estrutura do Executivo, resolveram constituir a empresa Corte
Oito Gestão e Empreendimento Ltda. (o primeiro com 95% e o segundo com 5% de
participação na empresa, em maio de 2014, com o objetivo de obterem recursos
financeiros do FNE que são destinados às pequenas empresas. Sem nunca terem
tido qualquer tipo de faturamento na empresa, o BNB formalizou em tempo recorde
(em 29/08/2014) a Operação de Crédito nº B400009501/0001 no valor de R$
1.335.700,00 com recursos do FNE para a construção de 03 (três) galpões para
locação)".
"Ressalta-se que a operação efetuada em 29/08/2014 com
recursos do FNE-MPE, a juros baixíssimos de 6,48% ao ano, prevê um generoso
prazo de carência de 18 (dezoito) meses para o início da amortização (em
29/03/2015-19)".
Réus
Cid Ferreira Gomes - ex-governador do Estado do Ceará, sócio
majoritário na empresa Corte Oito (95% de participação)
Ricardo Sérgio Farias Nogueira - ex-assessor parlamentar na
Assembleia Legislativa e sócio administrador na empresa Corte Oito
Acy Milhomem de Vasconcelos - gerente da Agência m4 do Bando
do Nordeste
José Wallington Tomas - gerente executivo da N Se da Agência
M4 do Banco do Nordeste
João Robério Pereira de Messias - superintendente do BNB
André Bernard Ponte Lima - gerente executivo estadual do BNB
Richardson Nunes de Meneses - gerente de negócios da
Superintendência do BNB
Punição
O Ministério Público requereu a suspensão dos direitos
políticos dos envolvidos, a indisponibilidade de bens no valor de R$ 1,3
milhões, proibição de contratar com o Poder Público e de obterem benefícios
fiscais ou creditícios. Por fim, o MPF requereu a inclusão do nome dos
condenados no Cadastro Nacional de Condenados por Ato de Improbidade
Administrativa.
Fonte: Ceará News 7
Nenhum comentário:
Postar um comentário