Após cerca de 15 dias de ´trégua´, Fortaleza e Região
Metropolitana voltaram a registrar ataques a patrimônios públicos e privados
realizados por criminosos. Um ônibus, estacionado próximo a um terminal de
integração, e três carros, que estavam apreendidos no pátio de uma Delegacia,
foram os últimos alvos escolhidos pelos bandidos. Até o fechamento desta
edição, ninguém havia sido identificado ou preso pelas duas ações.
O primeiro caso ocorreu por volta das 20h de domingo. Um
ônibus da empresa Fretcar, que estava estacionado na Rua Plácido de Castro, ao
lado do Terminal do bairro Siqueira, foi incendiado. O veículo estava
desocupado no momento da ação, e era o reserva da frota, mantido pela empresa
em caso de necessidade. Conforme populares, os suspeitos chegaram em um veículo
Fiat Siena de cor preta.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social (SSPDS), cinco pessoas teriam participado da ação. Dois desceram do
veículo e lançaram material inflamável no coletivo. Quatro garrafas com restos
de combustível foram apreendidas dentro do ônibus. O crime é apurado pelo 12°
DP (Conjunto Ceará), onde um Boletim de Ocorrência sobre fato foi registrado.
Já na madrugada de ontem, o alvo dos bandidos foi o 28º DP
(Conjunto Novo Maracanaú), em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF). A suspeita inicial é de que uma única pessoa teria chegado ao local e
ateado fogo a um dos carros apreendidos em procedimentos policiais e que estava
estacionado no pátio da unidade.
As chamas alastraram-se para outros dois veículos, que também
ficaram avariados. O primeiro foi totalmente queimado e os outros,
parcialmente. Conforme a SSPDS, "imagens de câmeras de segurança instaladas
na delegacia irão auxiliar nos trabalhos de apuração".
Durante o dia de ontem, foram difundidas em redes sociais
informações de que a Delegacia havia sido também alvo de disparos de arma de
fogo. Em nota, a Secretaria esclareceu que tal fato não procedia.
Ainda na madrugada de ontem, um homem foi preso ao atirar
contra uma patrulha da Polícia Militar, na BR-222, em Jari, Caucaia. Segundo a
SSPDS, suspeitos em dois veículos atiraram contra a composição, dando início
uma perseguição. Luis Wanderson dos Reis Mansão, 21, foi capturado. Com ele
havia drogas, um carregador e uma pistola calibre 380. Os suspeitos que estavam
no outro automóvel conseguiram fugir.
Ligação
O secretário-adjunto da SSPDS, coronel Lauro Carlos de Araújo
Prado afirmou que não há, ainda, informação concreta sobre qual teria sido a
intenção dos bandidos com os ataques. "Não sabemos ainda a motivação.
Estamos verificando o que motivou, se foi algum crime, alguma prisão realizada.
Ou se foi simplesmente baderna, vandalismo", ressaltou.
Prado também informou que não há garantias de que os crimes
tenham qualquer ligação entre si ou com os outros ataques registrados no Estado
ao longo deste ano de 2016. "Estamos procurando desvendar, pois os outros
ataques nós tínhamos indicativos de qual era o motivo, mas esses foram
totalmente aleatórios. A princípio, não seriam diretamente ligados. Estamos
verificando", afirmou.
O último ataque a patrimônio registrado no Estado havia sido
em 29 de julho. Naquela ocasião, no entanto, a rápida ação da Polícia conseguiu
evitar que um ônibus fosse incendiado na BR-020, nas proximidades da Unidade
Prisional Adalberto de Oliveira Barros Leal (antiga CPPL do Carrapicho). A
composição militar chegou ao veículo antes do incêndio ser iniciado. Os
suspeitos, no entanto fugiram.
A ação, bem como outros 21 ataques ocorridos no mês de julho,
conforme a SSPDS, seriam em retaliação à apreensão de cerca de 500 aparelhos
celulares e mais de mil chips, no dia 11 daquele mês. A retirada dos ilícitos
que estavam na Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I),
em Itaitinga, gerou revolta nos presos. De dentro das unidades, eles teriam
ordenado as ações aos comparsas que estavam em liberdade.
Na edição do dia 19 de julho deste ano, o jornal publicou
entrevista com o titular da SSPDS, delegado federal Delci Teixeira. À ocasião,
o secretário afirmou que os setores de inteligência da Pasta monitoraram os
suspeitos e localizaram os mandantes daqueles crimes e os executores.
Crime organizado
Os ataques, conforme a reportagem apurou naquela ocasião,
teriam ainda o agravante do envolvimento do crime organizado. Havia indicativos
que alguns dos participantes seriam membros de facções como o Primeiro Comando
da Capital (PCC).
Ainda em 2015, um paulista foi preso por ataques a prédios da
Polícia, em novembro daquele ano. Tido como uma espécie de tesoureiro do PCC,
Luís Fabiano Ribeiro Brito foi posto em liberdade pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, em julho deste ano,
conforme publicou com exclusividade o jornal, na edição do último dia 2.
Em novembro do ano passado, a facção criminosa PCC ordenou
ataques às instituições públicas em retaliação à chacina ocorrida na Grande
Messejana, no dia 12 daquele mês. Naquela ocasião, 11 pessoas foram mortas e
outras sete ficaram feridas. Os autores dos crimes seriam policiais militares,
conforme denúncia do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário