terça-feira, 16 de agosto de 2016

POLÍCIA CIVIL INVESTIGA NOVOS ATAQUES NA CAPITAL E RMF

Após cerca de 15 dias de ´trégua´, Fortaleza e Região Metropolitana voltaram a registrar ataques a patrimônios públicos e privados realizados por criminosos. Um ônibus, estacionado próximo a um terminal de integração, e três carros, que estavam apreendidos no pátio de uma Delegacia, foram os últimos alvos escolhidos pelos bandidos. Até o fechamento desta edição, ninguém havia sido identificado ou preso pelas duas ações.

O primeiro caso ocorreu por volta das 20h de domingo. Um ônibus da empresa Fretcar, que estava estacionado na Rua Plácido de Castro, ao lado do Terminal do bairro Siqueira, foi incendiado. O veículo estava desocupado no momento da ação, e era o reserva da frota, mantido pela empresa em caso de necessidade. Conforme populares, os suspeitos chegaram em um veículo Fiat Siena de cor preta.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), cinco pessoas teriam participado da ação. Dois desceram do veículo e lançaram material inflamável no coletivo. Quatro garrafas com restos de combustível foram apreendidas dentro do ônibus. O crime é apurado pelo 12° DP (Conjunto Ceará), onde um Boletim de Ocorrência sobre fato foi registrado.

Já na madrugada de ontem, o alvo dos bandidos foi o 28º DP (Conjunto Novo Maracanaú), em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A suspeita inicial é de que uma única pessoa teria chegado ao local e ateado fogo a um dos carros apreendidos em procedimentos policiais e que estava estacionado no pátio da unidade.

As chamas alastraram-se para outros dois veículos, que também ficaram avariados. O primeiro foi totalmente queimado e os outros, parcialmente. Conforme a SSPDS, "imagens de câmeras de segurança instaladas na delegacia irão auxiliar nos trabalhos de apuração".

Durante o dia de ontem, foram difundidas em redes sociais informações de que a Delegacia havia sido também alvo de disparos de arma de fogo. Em nota, a Secretaria esclareceu que tal fato não procedia.

Ainda na madrugada de ontem, um homem foi preso ao atirar contra uma patrulha da Polícia Militar, na BR-222, em Jari, Caucaia. Segundo a SSPDS, suspeitos em dois veículos atiraram contra a composição, dando início uma perseguição. Luis Wanderson dos Reis Mansão, 21, foi capturado. Com ele havia drogas, um carregador e uma pistola calibre 380. Os suspeitos que estavam no outro automóvel conseguiram fugir.

Ligação

O secretário-adjunto da SSPDS, coronel Lauro Carlos de Araújo Prado afirmou que não há, ainda, informação concreta sobre qual teria sido a intenção dos bandidos com os ataques. "Não sabemos ainda a motivação. Estamos verificando o que motivou, se foi algum crime, alguma prisão realizada. Ou se foi simplesmente baderna, vandalismo", ressaltou.

Prado também informou que não há garantias de que os crimes tenham qualquer ligação entre si ou com os outros ataques registrados no Estado ao longo deste ano de 2016. "Estamos procurando desvendar, pois os outros ataques nós tínhamos indicativos de qual era o motivo, mas esses foram totalmente aleatórios. A princípio, não seriam diretamente ligados. Estamos verificando", afirmou.

O último ataque a patrimônio registrado no Estado havia sido em 29 de julho. Naquela ocasião, no entanto, a rápida ação da Polícia conseguiu evitar que um ônibus fosse incendiado na BR-020, nas proximidades da Unidade Prisional Adalberto de Oliveira Barros Leal (antiga CPPL do Carrapicho). A composição militar chegou ao veículo antes do incêndio ser iniciado. Os suspeitos, no entanto fugiram.

A ação, bem como outros 21 ataques ocorridos no mês de julho, conforme a SSPDS, seriam em retaliação à apreensão de cerca de 500 aparelhos celulares e mais de mil chips, no dia 11 daquele mês. A retirada dos ilícitos que estavam na Unidade Prisional Agente Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I), em Itaitinga, gerou revolta nos presos. De dentro das unidades, eles teriam ordenado as ações aos comparsas que estavam em liberdade.

Na edição do dia 19 de julho deste ano, o jornal publicou entrevista com o titular da SSPDS, delegado federal Delci Teixeira. À ocasião, o secretário afirmou que os setores de inteligência da Pasta monitoraram os suspeitos e localizaram os mandantes daqueles crimes e os executores.

Crime organizado

Os ataques, conforme a reportagem apurou naquela ocasião, teriam ainda o agravante do envolvimento do crime organizado. Havia indicativos que alguns dos participantes seriam membros de facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ainda em 2015, um paulista foi preso por ataques a prédios da Polícia, em novembro daquele ano. Tido como uma espécie de tesoureiro do PCC, Luís Fabiano Ribeiro Brito foi posto em liberdade pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, em julho deste ano, conforme publicou com exclusividade o jornal, na edição do último dia 2.

Em novembro do ano passado, a facção criminosa PCC ordenou ataques às instituições públicas em retaliação à chacina ocorrida na Grande Messejana, no dia 12 daquele mês. Naquela ocasião, 11 pessoas foram mortas e outras sete ficaram feridas. Os autores dos crimes seriam policiais militares, conforme denúncia do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).


Fonte: Diário do Nordeste

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