A cada mês, a estiagem vai se alastrando e atingindo o Ceará
com mais força. Apesar das várias tentativas do Governo do Estado para
mobilizar a população a poupar os recursos hídricos, as perspectivas de
reverter a situação nos próximos meses são pequenas. Segundo o meteorologista
da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), Raul Fritz, com a baixa média
de chuvas registrada historicamente entre os meses de setembro e novembro, a
tendência é de que a seca intensa atinja área cada vez maior do Estado até o
fim deste ano.
Além das precipitações escassas, os reservatórios ainda podem
ser prejudicados pela forte evaporação da água, resultado das altas
temperaturas. "É muito preocupante. Nos próximos meses, pode até ser que
aconteçam chuvas esporádicas, mas não são suficientes para diminuir esse
quadro", afirma Fritz.
Cenário preocupante
Se no mês de junho, o Ceará já passava por seca extrema em
partes das regiões do Cariri e dos Sertões, em agosto, a área mais a sul do
estado já alcança níveis excepcionais, considerado o mais grave, conforme
classificação da Agência Nacional de Águas (ANA).
Os dados foram revelados pelo Monitor de Secas do Nordeste,
plataforma do Governo Federal que acompanha de forma periódica a gravidade da
seca na região. No relatório referente a agosto, a ferramenta aponta que mais
da metade do Ceará (58,51%) estava em situação de seca extrema ou excepcional,
revelando a magnitude da situação.
No mês de julho, esse percentual era 37,18%. Já os municípios
que se encontravam exclusivamente em estado de seca excepcional em agosto
correspondiam a 14,06% do Estado, quase o dobro do total registrado no mês
anterior (7,5%).
Conforme a tabela da ANA, nos municípios onde a seca é
extrema, os prejuízos incluem grande perdas de cultura e pastagem, assim como
escassez de água generalizada ou restrições. Na seca excepcional, os quadros se
agravam ainda mais, com a falta de água nos reservatórios, córregos e poços,
resultando em situações de emergência.
Precipitações
Segundo a avaliação da Agência, "as poucas chuvas que
ocorreram nesse mês de agosto contribuíram para intensificar a seca na maior
parte do Estado". O meteorologista Raul Fritz ratifica: "Nossa
estação invernosa foi fraca e depois não tivemos chuvas. Felizmente o mês de
janeiro foi razoável, o que ajudou a manter os reservatórios até agora. De
qualquer forma, choveu 45% abaixo da média e isso agravou a condição", diz
o especialista.
Os impactos da ampliação das áreas com secas severas,
conforme a ANA, são sentidos a curto prazo, na agricultura e na pastagem, e a
longo prazo, na hidrologia e na ecologia. Uma das consequências é a queda do
volume dos reservatórios cearenses. De acordo com dados da Companhia de Gestão
de Recursos Hídricos (Cogerh) referentes ao último sábado (17), os açudes
monitorados estão com apenas 9,2% de sua capacidade.
Na mesma data do mês de junho, logo após o fim da estação
chuvosa, os reservatórios possuíam 11,6% da capacidade. Em julho, o percentual
baixou para 10,8% e, em agosto, para 10%. Hoje, dos 153 reservatórios presentes
no Ceará, 129 estão com menos de 30% de sua capacidade.
Fonte: Diário do Nordeste
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