Cinquenta e um ataques contra instituições financeiras (bancos e carros-fortes) foram registrados, até ontem, no Ceará. O número é superior a igual período do ano passado quando ocorreram 46 ações criminosas, o que representa aumento de 10,8 %, conforme levantamento do jornal com base em informações da Polícia e do relatório do Sindicato dos Bancários do Ceará.
A última ação aconteceu na madrugada de ontem, no município de Tamboril, distante 300Km de Fortaleza. De acordo com a Polícia, um grupo fortemente armado tentou explodir a agência da Caixa Econômica Federal (CEF). A ação não foi concluída porque o bando não conseguiu abrir o cofre. Várias ´bananas´ de dinamite foram deixadas no interior da agência sem serem detonadas.
No momento em que uma parte da quadrilha tentava levar o dinheiro da Caixa, uma outra foi até o Destacamento da Polícia e atirou contra a viatura da PM que atua no município, impedindo a ação dos militares.
De acordo com o tenente-coronel Natanel Cavalcante, os danos materiais na agência foram apenas algumas vidraças quebradas e portas arrombadas. "Eles chegaram a colocar dinamites no local, mas nenhuma foi detonada. Sabemos que nada foi levado", destacou o oficial.
Ainda na ação, o bando tomou de assalto um carro pertencente a um candidato a vereador da cidade, um veículo Toyota Corolla. A Polícia suspeita que dez homens tenham participado da ação. O caso será investigado pela Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio (Delepat), da Polícia Federal (PF).
No dia 2 de agosto deste ano, bandidos já haviam agido em Tamboril. Na ocasião, uma quadrilha explodiu a agência do Bradesco. Em ação semelhante à de ontem, enquanto uma parte da quadrilha invadia o banco, a outra atirava contra o Destacamento da Polícia do município para inibir a ação dos PMs.
No entanto, eles também não conseguiram ter acesso ao dinheiro. De acordo com um PM, os criminosos pareciam não saber, inicialmente, onde se localizava o cofre, devido as várias explosões feitas em diversos pontos dos bancos. Temendo a chegada de reforços, eles fugiram, mesmo após já terem conseguido localizar o cofre da agência.
Até ontem, ocorreram 26 ataques contra agências do Banco do Brasil, 12 a prédios do Bradesco, seis da Caixa Econômica Federal (CEF), quatro carros-fortes atacados, e um nos bancos 24h, Santander e BNB. Das 51, apenas seis ocorreram na Capital. As demais acontecera nos municípios do Interior do Estado. Cidades como Tamboril foram alvo dos bandidos por duas vezes só neste ano.
Prisões
De acordo com o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), delegado Raphael Vilarinho, mais de 200 prisões foram realizadas neste ano, superando a quantidade registrada durante todo o ano passado.
Bandidos que constavam na lista dos mais procurados do Estado e que faziam parte de organizações criminosas especializadas em assaltos a bancos estavam entre os detidos. Uma das operações mais importantes ocorreu em junho deste ano. Equipes da DRF e da Divisão Antissequestro (DAS) fecharam uma reunião da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), em Maracanaú, e prenderam 32 pessoas.
Parte dos presos iria fazer um assalto a banco em Milhã. Conforme a Polícia, a reunião era um preparativo para essa ação criminosa e também para recrutar novos integrantes e ´comemorar´ o sucesso da organização.
O número de ataques a bancos é uma preocupação das secretarias de segurança de todo o Nordeste. Em reunião realizada na semana passada, na sede a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), no bairro São Gerardo, secretários dos estados nordestinos decidiram restaurar o Conselho de Segurança Pública do Nordeste (Consene) e alguns dos convidados para esse encontro inaugural eram representantes da Delegacia de Roubos e Furtos, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e de empresas de transportes de valores. A participação de integrantes desses órgãos assinala que o crime contra instituições financeiras recebe atenção especial e deve ser um dos mais combatidos pelo órgão regional.
Draco
Outra medida tomada para colaborar contra as ações do crime organizado no Estado é a criação da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). O Projeto de Lei para implantação da nova Especializada foi aprovado na Assembleia Legislativa do Ceará (Alce), na última terça-feira (6). De acordo com a SSPDS, a nova unidade da Polícia Civil irá trabalhar em conjunto com as delegacias especializadas, como a Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e a DRF, para cruzar informações do banco de dados da Polícia no âmbito da segurança pública estadual.
Para compor a Draco, a Polícia Civil remanejará inspetores e delegados que atuam em outras delegacias. Esses profissionais serão substituídos pelos policiais civis nomeados no último dia 31 de agosto. O nome do delegado que irá comandar a Draco ainda não foi divulgado.
Fonte: Diário do Nordeste
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