À beira do açude Orós, comunidades do Município e de
Jaguaribe estão há quase dois meses sem água encanada. O abastecimento parou no
período em que o reservatório passou a liberar água, via açude Castanhão, para
nove cidades do Vale Jaguaribe e para o sistema metropolitano, fornecendo para
Fortaleza, Caucaia e Maracanaú. A situação gerou protesto, na última
quinta-feira, 20, na sede na sede da Companhia de Gestão e Recursos Hídricos
(Cogerh) que administra o açude, a 352 quilômetros da Capital.
Segundo os manifestantes, o açude beneficiaria a Capital,
enquanto os moradores da região estariam sendo prejudicados. Conforme João
Lúcio Farias, presidente da Cogerh, a situação se instalou devido à quebra de
uma bomba necessária ao repasse de água ao sistema Orós-Feiticeiro, que é
responsável pelo abastecimento de povoados e distritos da região.
O agricultor Antônio Rodrigues Ferreira, 48, mora na
comunidade Sítio Caatinga e diz que há dois meses toda a água do povoado vem em
um carro-pipa. Segundo ele, o veículo não dá conta de abastecer toda a
comunidade. “Tem bicho perigando morrer de sede já, porque a maioria (dos
agricultores) não tem condição de ter esse gasto”, reforça.
Conforme um funcionário da Cogerh que preferiu não se
identificar, a falta d’água atinge seis comunidades. Mas, para Francileudo
Barbosa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Orós, o número
pode chegar a 15. Barbosa relata que os moradores receberam a justificativa em
julho de que, por causa da redução do volume, o açude não possuía mais a
pressão necessária para a entrega da água. A solução seria bombear até as
comunidades, mas o equipamento que foi instalado quebrou.
“A gente sabe que esse sistema foi tirado para poder aumentar
a água do rio que vai para Fortaleza. Todo mundo precisa de água, mas isso
revolta”, ele diz. “Não justifica a gente ter um açude no nosso quintal e a
água não chegar”, dialoga Francileudo.
O presidente da Cogerh rebate a afirmação. Ele relembra que o
açude Orós estava sendo preservado e abastecia apenas cidades próximas ao
reservatório, “até Jaguaruana”. “Só a partir de setembro a água do Orós passou
a ser usada para abastecer mais lugares. A baixa do volume, antes disso, é
devido aos cinco anos de seca”, aponta.
Sobre o equipamento, João Lúcio afirma que não houve
readequação no sistema no mês citado pelo agricultor. “A bomba já existia e
quebrou em setembro. A demora da troca é porque não é um equipamento que estava
na prateleira, teve de ser fabricado e comprado. Mas já o foi e a troca
acontece neste fim de semana, inclusive sendo acompanhando por uma comissão de
moradores”, garante. Até amanhã, o abastecimento às comunidades deve ser
restabelecido, afirma.
Saiba mais
Conforme o presidente da Cogerh, o restabelecimento do
abastecimento das comunidade não afeta a previsão de que o Orós, hoje com
19,33% do volume, chegará ao dia 31 de janeiro de 2017 com 9,9%.
Contudo, ele faz a ressalva de que o retorno da água não é
garantia de que água chegue de forma constante.
“Nós estamos passando por uma crise hídrica. Não é possível
atender todo mundo 100%”, afirma.
O POVO ONLINE
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