Se a quantidade de água desperdiçada no Ceará por fraudes e
vazamentos preocupa, com o agravamento da crise hídrica no Estado, esse cenário
é motivo de um alerta ainda maior. De acordo com os dados da Gerência de
Controle de Perdas e Eficientização Energética (Gcope), órgão de estudo da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), cerca de 48,5% dessa perda é
relacionada a fraudes e 47% origina-se de vazamentos na própria rede de
distribuição da Cagece.
A diretora de mercado da Cagece, Cláudia Caxeira, diz que as
fraudes são ameaça constante ao abastecimento de água em Fortaleza. Segunda
ela, em apenas um mês, foram identificados 3.298 imóveis irregulares. "Em
uma situação regular, uma família de quatro pessoas consome, em média, 10 mil
metros cúbicos por mês. Já quem frauda chega a consumir 50 mil m³/mês. É uma
atitude abusiva e, infelizmente, não se restringe aos bairros da periferia ou
ocupações, o comportamento está disseminado em toda a cidade".
Além disso, as equipes do projeto piloto de combate às
fraudes enfrentam ameaças, principalmente nas favelas. "Temos que pedir
apoio da Polícia Militar em muitos casos". Segundo ela, a Cagece tem
investido no combate às fraudes e vazamentos na rede e incentivado a regularização.
"Temos oferecido condições especiais, parcelamento, redução dos juros.
Cada cidadão tem que tomar para si a responsabilidade de economizar água e
estar regularizado". Durante esse período de quatro semanas, 252 pessoas
procuraram a Cagece e regularizaram a situação.
Reforço
Sobre os vazamentos na rede de distribuição de água, a Cagece
informa que, para o reforço das ações de retirada de vazamentos, estão sendo
investidos R$ 11 milhões, com o incremento de 37 equipes nas unidades de
Fortaleza e Região Metropolitana, atuando exclusivamente na solução de
vazamentos na rede de abastecimento de água. "Além do monitoramento
constante da rede de abastecimento com as equipes de caça-vazamentos e da
atuação 24 horas por dia do Centro de Controle Operacional, a Cagece depende
ainda do apoio da população que, ao identificar um vazamento, deve registrar o
problema o quanto antes nos canais de comunicação da companhia".
Os vazamentos residenciais também causam prejuízos
incalculáveis. Um pequeno buraco de 2mm no encanamento, por exemplo, desperdiça
3,2 mil litros de água em um dia. Há casos imperceptíveis, por isso é preciso
estar atento se há vazamento em casa. "Não há como mensurar vazamentos
residenciais. Orientamos a população sobre como detectar os vazamentos, e o
proprietário chama um bombeiro hidráulico para consertar".
Dicas
1. Feche todas as torneiras, desligue os aparelhos que usam
água e não utilize os sanitários. Anote o número do hidrômetro ou marque a
posição do ponteiro maior. Após 1h, veja se o número mudou ou se o ponteiro se
movimentou. Se sim, há vazamento
2. Feche todas as torneiras, desligue os aparelhos que usam
água e não utilize os sanitários. Feche bem a torneira de boia da caixa,
impedindo a entrada de água. Marque na caixa o nível da água e verifique, após
1h, se ele baixou. Se sim, há vazamento
3. Feche o registro de água da rua. Abra uma torneira
alimentada diretamente pela rede e espere a água parar. Coloque um copo cheio
de água na boca da torneira e mergulhe a ponta da torneira no copo. Caso a água
seja sugada pela torneira aberta, há vazamento no cano alimentado pela rede
4. Jogue um pouco de farinha ou borra de café no vaso
sanitário, que deverá ficar depositado no fundo. Caso contrário, é sinal de
vazamento na válvula ou na caixa de descarga
Fonte: Diário do Nordeste
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