Moradores e produtores rurais do município de Orós, na região
Centro-Sul do Ceará, realizaram na manhã desta quarta-feira, 16, manifestação
contra o esvaziamento do reservatório que passou a liberar 16 metros cúbicos
por segundo para atender a demanda do Baixo Jaguaribe e da Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF). As águas do Orós chegam ao Açude Castanhão pelo Rio
Jaguaribe.
O nível do açude cai 4cm a cada 24 horas. “Estamos
preocupados porque mais uma vez estão secando o Orós. A população local e os
produtores vão sofrer, enfrentar prejuízo, sem nenhuma compensação”, disse o
integrante do Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, Paulo Landim.
Além da cidade de Orós, as águas do açude atendem demanda de
criadores, agricultores no entorno da barragem, abastecimento de dezenas de
localidades rurais, reabastecimento do Açude Lima Campos e da cidade de Icó,
além do Baixo Jaguaribe e da demanda da RMF. “A prioridade deveria ser o uso da
água para consumo humano, mas ainda estão brigando por água para irrigação e
criatórios de peixe e camarão no Baixo Jaguaribe”, protestou Landim.
A operação que começou a ampliar a liberação de água do açude
começou em setembro passado com 10 m3/s e agora foi ampliada para 16m3/s. De
acordo com o portal hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh) o Açude Orós atualmente acumula 17,9% de sua capacidade. Até o fim do
ano deve chegar a 10%, segundo estimativa da Cogerh.
Os manifestantes dissseram que não são contra a liberação de
água, mas reclamam da falta de apoio e de contrapartida do governo. “Muitas
comunidades vão ficar sem água e a perfuração de poço só é viável se houver
instalação de dessalinizadores porque a água é salobra”, disse Evanilson
Saraiva, morador de Barrocas, localidade ribeirinha do Orós.
Honório Barbosa Diário Centro Sul
DEU NA TRIBUNA DO CEARÁ: MORADORES PROTESTAM CONTRA A
RETIRADA DE ÁGUA DO AÇUDE ORÓS PARA ABASTECER FORTALEZA
Com a situação hídrica preocupante no Ceará, moradores de
Orós, município localizado a 350 quilômetros de Fortaleza, fazem um protesto
contra a quantidade de água que está sendo retirada do açude da cidade para ser
depositada no açude Castanhão.
O Castanhão é a principal fonte de abastecimento de Fortaleza
e Região Metropolitana e, segundo o último boletim divulgado pelo Governo do
Estado, está com apenas 5,5% da capacidade. Em julho, a capacidade era de 8%.
Já o açude Orós está com 17,9% do total.
Segundo o membro do Comitê da Bacia das Águas Paulo Landim, a
população de Orós teme que o abastecimento da própria região fique
comprometido.
A água é liberada do Açude Orós para o Castanhão e percorre
200 quilômetros pelo Eixão das Águas até chegar ao Açude Gavião, que fica próximo
da capital. Paulo Landim defende que a transposição das águas do Rio São
Francisco é a solução mais viável para o problema.
O Orós é uma reserva estratégica para ser usada em situação
de emergência. Ele está localizado no leito do Rio Jaguaribe, acima do
Castanhão. E a vantagem é que o Orós perde menos água por evaporação.
Mesmo com esta alternativa, o cenário não é confortável e é
preciso economizar para não faltar água. Segundo Paulo, no atual ritmo de
transferência de água, o volume de água do Orós deve chegar a apenas 9% até
fevereiro.
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