Contando com menos de 15% de sua capacidade total, o que
representa 9,44 milhões de m³ de um total de 66,38 milhões de m³, de acordo com
o Portal Hidrológico do Ceará, o Açude Lima Campos vem reduzindo diariamente
seu volume de água acumulada e trazendo preocupação à comunidade icoense, que
tem no reservatório a principal fonte de abastecimento humano.
Neste cenário de crise hídrica e com os meses de novembro e
dezembro sem chuva à frente, uma comissão formada pelo presidente da Associação
dos Irrigantes do Perímetro Icó-Lima Campos, Valdeci Alves; o presidente da
Associação do Distrito Irrigado Icó-Lima Campos (Adicol), Francisco Canindé; e
o vereador do município de Icó, Victor Luiz Monteiro, realizaram recentemente
uma visita de campo ao Açude Orós, para verificar a liberação de água que vem
sendo feita para o Açude Lima Campos.
A situação verificada no local e informações coletadas por
eles foi de preocupação com o futuro hídrico de abastecimento do município de
Icó, via Açude Lima Campos, como também de regiões próximas que recebem o
aporte de água, como a região de Pedregulho, em Orós.
"A gente está querendo chamar a atenção do Governo do
Estado e nos unirmos juntamente com a população e regiões vizinhas. Para o Icó
colocaram apenas 400 litros por segundo, que não estão chegando na totalidade.
Esse assunto já vem sendo levantado na Câmara Municipal, não é de hoje que vem
esse debate. Desde o ano passado, nas reuniões de alocação da Cogerh estamos
participando e cobrando", destacou Victor Luiz Monteiro.
De acordo com o Portal Hidrológico do Ceará, enquanto o açude
Orós, que repassa cerca de 11 mil itros por segundo para o Castanhão, registrou
queda de 24,12% para 18,70%, entre 1º de janeiro deste ano e esta segunda-feira
(31), o Lima Campos já baixou 1,74 metro e reduziu seu volume em quase metade,
saindo de 26,89% para 13,90% na verificação mais recente, realizada no último dia
de outubro.
"A gente está enfrentando toda essa dificuldade na
distribuição dessa água no Perímetro Irrigado Icó-Lima Campos. A gente está
dando prioridade aos animais. As culturas permanentes do Perímetro já estão
praticamente de 80% a 90% perdidas. A Adicol trabalha hoje com 180 litros por
segundo e não tem como fazer a distribuição para atender todo mundo",
apontou Francisco Canindé.
OBRA E TRANSFERÊNCIA DE ÁGUA - A construção de uma adutora de
engate rápido Orós Lima Campos, obra contratada pela Companhia de Gestão dos
Recursos Hídricos (Cogerh) foi a esperança para a garantia da transferência de
água entre os reservatórios, de modo a garantir o volume d'água do espalho
d'água icoense e prover as comunidades ribeirinhas próximas.
Orçado em R$ 353 mil, a montagem da adutora emergencial para
o açude Lima Campos foi concluída, de acordo com a Cogerh, no dia 02 de
setembro e após testes foi iniciado o bombeamento no dia 14 daquele mês,
chegando a água no dia 16, com uma vazão estimada média de 400 litros por
segundo. A obra visa a garantir o abastecimento humano das comunidades de
Igarói e Guassussê, e do município de Icó, além da manutenção das culturas
permanentes no perímetro Icó/Lima Campos.
Contudo, segundo observado pela comissão que visitou o Açude
Orós, o prazo inicial de 45 dias teria sido extrapolado, causando atraso na
chegada da água, além do uso parcial dos canos destinados à obra, 400 metros de
2 Km propostos, conforme as informações coletadas.
"A gente entrou com uma ação no Ministério Público
Federal (MPF) sobre essa problemática da água, explicando os fatos, com juntada
de documentação e atualizando a situação que temos hoje, com encaminhamentos e
vídeos que registramos", destacou o presidente da Associação dos
Irrigantes do Perímetro Icó-Lima Campos, Valdeci Alves.
MOBILIZAÇÃO E MAIS ÁGUA - Apesar de contar com mais de um mês
de transferência de água, o Açude Lima
Campos vem registrando a queda de 1 cm por dia em seu volume de água. Diante do
quadro de redução de volume, de mais dois meses sem perspectiva de chuvas e a
incerteza do quadro chuvoso para 2017, as próximas medidas são de mobilização
para aumentar a vazão do açude Orós ao açude Lima Campos.
"O nosso próximo passo é nos comunicar entre as regiões
vizinhas e convocar a população de Icó, os irrigantes, para fazermos esta
mobilização na questão de Lima Campos. Vamos solicitar ao prefeito de Icó,
Jaime Júnior, e o secretário de Agricultura uma reunião com a Secretaria de
Recursos Hídricos do Ceará (SRH) e buscar aumentar a vazão para o Lima
Campos", enfatizou Victor Luiz Monteiro, que esteve com o presidente da
Associação dos Irrigantes do Perímetro Icó-Lima Campos, Valdeci Alves, e o
presidente da Associação do Distrito Irrigado Icó-Lima Campos (Adicol),
Francisco Canindé, no último dia 14 no açude Orós.
A mais recente mobilização e protesto realizados sobre as
águas do Lima Campos aconteceu no dia 29 de abril deste ano, na parede do
Açude. Na ocasião, os manifestantes protestavam contra a entrada de centenas de
caminhões pipa que coletavam água diariamente no reservatório federal, com medo
de redução drástica no volume do espelho d'água.
ICÓ É NOTÍCIA
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