quarta-feira, 9 de novembro de 2016

SEM NEGOCIAÇÃO, FIM DA GREVE DA POLÍCIA CIVIL AINDA É INCERTO

Impasse entre o comando de greve da Polícia Civil e o Governo do Estado afasta as expectativas para o fim da paralisação iniciada em setembro. De um lado, o Executivo diz que não vai abrir negociação enquanto o movimento continuar, principalmente porque entende que os salários já foram reajustados com a reestruturação da carreira dos policiais, implementada em outubro. Do outro, a categoria teme demissões e cobra outras mudanças.

De acordo com Francisco Lucas Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol), o acordo ficou ainda mais complicado após as críticas do delegado geral, Andrade Júnior. Em áudio vazado nas redes sociais, ele reiterou a ilegalidade da greve e chegou a usar a palavra “pilantra” em referência aos paredistas. “Tínhamos acabado de sair de uma reunião no Ministério Público do Trabalho. Íamos discutir o fim da greve, quando os policiais souberam do áudio. Foi uma revolta”, disse o líder do movimento.


Segundo Lucas, a ameaça de demissão dos agentes é um dos principais entraves para o fim da paralisação. “A gente precisa discutir esse retorno. Se ninguém senta e negocia, não há avanço”, demarca.


Negociação estacionada

O chefe de gabinete do Governo do Estado, Élcio Batista, é categórico. “Só aceitamos sentar e voltar a discutir qualquer coisa depois que pararem esse movimento. Não o reconhecemos”, disse, em visita ao O POVO na tarde de ontem. Élcio reiterou que o plano de cargos e salários dos policiais estabelece 20 níveis de ascensão profissional, representando um ganho médio de 25% nos vencimentos dos servidores. A mudança passou a valer em outubro, e os salários foram readequados ainda este mês.


Os policiais, no entanto, reivindicam que o salário inicial também receba aumento, o que não ocorreu com o plano. Este ganho, porém, poderia trazer repercussões nos outros níveis estabelecidos com a reestruturação.


O Governo disse que estava aberto a manter o diálogo, mas a greve foi deflagrada mesmo assim. “Eles (líderes do movimento) assinaram ata de uma reunião reconhecendo que nós discutiríamos outros ganhos. Ainda assim, eles defenderam a greve”, critica Élcio.


Para o presidente do Sinpol, a paralisação seria uma forma de pressionar o Governo a determinar outros ganhos. “Eles nos deram sucessivos prazos para essa discussão. Isso causou insegurança”, justifica Francisco Lucas Oliveira.


A categoria cobra também melhores condições de trabalho e o fim dos locais de custódia (xadrezes) nas delegacias. O Governo, por outro lado, defende que essa pauta poderia ter sido negociada “de maneira administrativa”, sem necessidade de paralisação. O movimento foi considerado ilegal pela Justiça desde setembro, com multa diária para cada dirigente e policial civil que permanecer paralisado.


Greve
  
Principais reivindicações dos policiais civis:

Reestruturação de nível superior - A categoria pede que os salários dos policiais sejam maiores que os cargos de nível médio do Estado.

Retirada dos presos das delegacias - Fim dos xadrezes, o que representaria aumento de inspetores nas ruas, segundo o sindicato.


Condições de trabalho

Denunciam uso de coletes e munições vencidas e estrutura danificada de delegacias


Saiba mais

Princípio de tumulto
Na noite de ontem, no acampamento dos grevistas da Polícia Civil, houve um princípio de tumulto depois que cones que bloqueavam a via foram retirados por policiais da Casa Militar. Conforme a vice-presidente do Sinpol, Ana Paula Cavalcante, o procurador geral de Justiça, Plácido Rios, havia cogitado de o Batalhão de Choque intervir para retirar os acampados.

Ela destacou que “os policiais civis todos estão armados e não vão levar bala de borracha”.



O POVO

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