O Açude Orós ainda garante o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) (Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste) |
Afora as operações de caminhões-pipa, perfuração de poços e
expansão do programa de cisternas, o Nordeste deverá investir nos programas de
dessalinização das águas do mar e de reúso. Essas medidas foram debatidas,
ontem, durante a abertura do Seminário de Avaliação da Seca de 2010-2016 no Semiárido
Brasileiro.
O evento tem como propósito avaliar as ações empreendidas no
enfrentamento da seca, que se estende pelo quinto ano consecutivo, por meio das
instâncias federal e estadual, bem como trocar informações sobre políticas
adotadas em países em que o fenômeno também causa preocupações e prejuízos às
suas populações. O seminário reúne representantes dos nove Estados do Nordeste,
Minas Gerais e Espírito Santo, governo federal e de instituições
internacionais.
O Centro Administrativo do Banco do Nordeste, no Passaré, foi
o local escolhido para o evento, que é uma realização do Centro de Gestão e
Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério
de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e da Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Tem o apoio do Banco Mundial
(Bird), Banco do Nordeste (BNB), Agência Nacional das Águas (ANA), Ministério
do Meio Ambiente (MMA) e Ministério da Integração Nacional (MI).
Apoio do Exército
Na abertura, o comandante militar do Nordeste, general Artur
Costa Moura, destacou a parceria com os governos federal e estadual, não apenas
para os carros-pipa no atendimento às comunidades rurais, como na ação efetiva
nas obras de engenharia da transposição do Rio São Francisco. O general disse
não acreditar na interrupção do serviço dos carros-pipa, principalmente
considerando que há uma distribuição para 3,6 milhões de pessoas, de 847
municípios da área do Semiárido, mais de 6 mil veículos contratados.
Enquanto isso, o diretor do Bird para o Brasil, Martin
Raiser, enfatizou a importância do monitoramento na adoção de medidas. "É
claro que se precisa de investimentos", ressaltou. Ao comentar que a
dessalinização do mar e o reúso da água como ações que não devem ser mais
adiadas, afirmou que essas são algumas das medidas que outros países e regiões
secas têm utilizado. "Eu acho que devemos falar de um conjunto de medidas
integradas numa planificação, que devem ser monitoradas e estamos aqui para falar
de instituições e políticas que podem dar sustento a essas ações".
O seminário, que foi aberto pelo titular da Secretaria de
Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, também foi oportunidade para
destacar, por parte da Funceme, a incerteza de uma boa quadra chuvosa para
2017. Com isso, Teixeira informou que, não obstante os investimentos anunciados
pelo governo Federal, da ordem de R$ 40 milhões e todo o conjunto de ações
adotadas para que não falte água para as necessidades básicas do cearense, o fornecimento
regular está na dependência das chuvas do próximo ano.
Teixeira disse que a ausência de chuvas não poderá ser
compensada pelas águas da transposição do Rio São Francisco que não chegarão a
tempo. Daí dizer da necessidade da adoção de um conjunto de medidas que
considere a dessalinização das águas do mar e do reúso.
Longo prazo
O presidente da Funceme, Eduardo Sávio, alertou que "um
olhar de longo prazo, demonstra a capacidade do Estado em fazer com que a seca
também possa contar com um suporte de informação para investidores nos setores
agropecuários e energéticos, sobretudo. "A Funceme dá margem de segurança
para o investidor", ressaltou.
Segundo Antônio Rocha Magalhães, assessor técnico do CGEE, o
seminário serve como um registro do mais prolongado período de seca, pois, dos
sete anos entre 2010 a 2016, seis foram de estiagem no Semiárido. A exceção foi
2011: "Tentaremos evitar o que aconteceu no passado, quando as ações eram
somente de reação à Seca".
FIQUE POR DENTRO
Objetivo de documentar a seca atual
O Seminário tem objetivo de documentar aspectos climáticos,
impactos, respostas e lições para subsidiar futuras estratégias de adaptação
aos impactos das secas no contexto de mudanças climáticas e crescente pressão
antrópica e contribuir para o aperfeiçoamento da Política Nacional sobre Secas.
Durante a abertura do Seminário, o CGEE lançou, em parceria
com o Banco Mundial, o livro "Secas no Brasil - Política e Gestão
Proativas", que traz uma documentação de dados, análises e imagens da atual
estiagem no Semiárido. Também será lançada uma versão em inglês, publicada nos
Estados Unidos.
Faz parte da programação do evento uma Exposição de
Fotografias sobre a Seca no Nordeste, com imagens feitas pelos fotógrafos Dorte
Verner (Banco Mundial), Juliana Lima de Oliveira (Funceme), Leandro Castro
(Funceme), Bruno Zaranza (Funceme) e Giullian Nicola Lima dos Reis (Funceme).
As fotos são registros de viagens de campo ao Sertão do Ceará, nos anos de 2015
e 2016, e de missões recentes do Banco Mundial no Semiárido brasileiro.
Fonte: Diário do Nordeste
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