O Governo Federal anunciou, ontem, as regras propostas para a
reforma da Previdência, que preveem idade mínima para acessar o benefício de 65
anos para homens e mulheres. Mas essa faixa etária mínima irá variar, pois a
Reforma estabelece um mecanismo de atualização automática dessas idades que
terá como referência o aumento da expectativa de sobrevida da população
brasileira, conforme tabela para ambos os sexos apurada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
[SAIBA MAIS 1]
As regras da Reforma têm que ser aprovadas pelo Congresso
Nacional e valerão para homens com idade inferior a 50 anos e mulheres com
menos de 45 anos, nunca sendo inferiores ao salário mínimo. Contribuintes acima
dessa idade passarão por regra de transição. O chamado pedágio será o tempo de
contribuição a mais que o contribuinte terá que trabalhar para obedecer às
normas. Este tempo será de 50% a mais do que faltava para completar a
aposentadoria. Se falta um ano, o contribuinte contribuirá por mais seis meses.
Alice Aragão, especialista em direito previdenciário, diz que
há necessidade de Reforma, mas, que, em 16 anos de experiência na área, não
esperava uma proposta tão dura. Ela critica o fato da Reforma não olhar para as
disparidades regionais. Isso porque a expectativa de vida dos brasileiros é de
72,7 anos e a dos estados do Nordeste vai de 67,6 anos, chegando a no máximo
70,4 anos.
“Está tendo um exagero por parte do Governo no sentido de um
lado só ser afetado, que são as pessoas de baixa renda. Porque que o Governo
não centraliza as reformas na questão da fiscalização? Por que o Governo não
incentiva a contribuir para a Previdência? Tem muita gente que deveria pagar e
não paga”, questiona.
O economista Érico Veras diz que a Reforma é necessária, mas
também questiona as regras propostas. “A pessoa consegue ficar no mercado de
trabalho até os 65 anos? Isso tem que ser levantado. A sociedade precisa se
adaptar a isso. A questão é que a gente envelheceu, mas não enriqueceu”,
avalia.
Para ele, a grande questão é para quem está no meio do
caminho, que já estava contribuindo e vai ter que esperar muito mais tempo para
se aposentar de forma integral. “Fora que o Governo propõe desvinculação do
salário mínimo (das pensões por morte). Isso é um crime”, afirma.
Já o economista Marcelo Melo, avalia que a idade mínima de 65
anos é a que vários outros países já utilizam. “E também tem o aspecto que eles
equiparam homem e mulher. Eles podiam não ter feito isso, porque a mulher tem
expectativa de vida maior que a do homem”, diz.
Na visão de Melo a reforma esconde a questão do fator
previdenciário, um redutor de renda em função da idade. “Eles vão forçar o
contribuinte a passar mais tempo contribuindo. A finalidade é que o
contribuinte se aposente cada vez mais velho”, acrescenta.
O POVO
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