Pelo menos dois turistas apresentaram sintomas de febre do
Mayaro em Fortaleza. A doença, nova para a Capital, é comum em estados das
regiões Norte e Centro-Oeste, em áreas de mata, é transmitida por arbovírus —
vírus transmitidos por insetos — e, de acordo com o Ministério da Saúde, em
estudos de laboratório foi demonstrada competência de vetores urbanos,
incluindo o Aedes aegypti. Nenhum dos dois casos são originários de Fortaleza e
foram registrados em pessoas do Amapá e Pará.
A informação foi divulgada ontem pelo Blog do Eliomar, mas os
registros ocorreram há cerca de dois meses e os pacientes já se recuperaram.
“As pessoas chegaram ao consultório com sintomas clínicos
muito semelhantes ao de chikungunya, mas o resultado era negativo para esta
doença e para dengue e zika”, conta o médico infectologista Ivo Castelo Branco.
“Como eram pessoas de outro estado foi cogitada a febre de Mayaro e, quando
chegaram nas respectivas regiões, o diagnóstico se confirmou”, disse.
O médico explica que não há registro de nenhum caso autóctone
em Fortaleza, ou seja, nenhuma infecção que tenha se originado aqui. Ele
reforça ainda que, devido ao curto tempo de acomodação do vírus no corpo, são
pequenas as chances de haver uma infecção deste tipo de febre no Ceará. “O
vírus passa pouco tempo circulando no corpo e é difícil que seja transmitido
para o mosquito daqui, mas pode ocorrer”, explica.
Ivo Castelo Branco explica que os sintomas da doença são bem
semelhantes aos da chikungunya, com febre aguda, erupções na pele e dores
articulares intensas. O vírus não é novo e foi identificado pela primeira vez
em 1954. O que mudou é que a febre do Mayaro, antes transmitida comumente por
vetores silvestres, agora, aparentemente também pode ser transmitida por
vetores urbanos.
“O diagnóstico ainda continua um grande desafio dessas
doenças infecciosas com sintomas comuns”, afirma o infectologista Robério
Leite. De acordo com ele, há o surgimento de várias arboviroses (doenças
transmitidas por artrópodes, incluindo insetos) e com isso o aumento das
pesquisas em relação ao diagnóstico específico de cada doença. “Há receio do
aumento desses quadros virais semelhantes, e a maioria dos diagnósticos é feita
somente em laboratórios especializados”, afirma.
Os dois especialistas alertam para os recentes casos de febre
amarela em Goiás, também passível de ser transmitida pelo Aedes aegypti. Para
Ivo Castelo Branco, a principal medida é o combate ao mosquito. “É um desafio
nacional. As pessoas ainda não sabem como combater porque os focos são
diferentes de região para região, mas é preciso que haja mobilização e que a
população seja devidamente orientada”, afirma.
Frases
COMO ERAM PESSOAS DE OUTRO ESTADO FOI COGITADA A FEBRE DE
MAYARO E, QUANDO CHEGARAM NAS RESPECTIVAS REGIÕES, O DIAGNÓSTICO SE CONFIRMOU”
Ivo Castelo Branco, infectologista
Saiba mais
O vírus Mayaro foi isolado pela primeira vez em Trinidad, em
1954, e o primeiro surto no Brasil foi descrito em 1955, às margens do rio
Guamá, próximo de Belém/PA. Desde então, casos esporádicos e surtos localizados
têm sido registrados nas Américas, incluindo a região Amazônica do Brasil,
principalmente nos estados das regiões Norte e Centro-Oeste.
As manifestações clínicas são semelhantes às da chikungunya,
outra arbovirose que se tornou epidemia. Inicia-se com quadro febril agudo
inespecífico, semelhante à dengue, e que pode apresentar dores de cabeça, dores
musculares, erupções cutâneas dificultando o diagnóstico diferencial, assim
como a determinação da verdadeira incidência do Mayaro.
Não existe tratamento específico ou vacina para a doença. As
pessoas infectadas devem permanecer em repouso, acompanhado de tratamento
sintomático, com analgésicos e anti-inflamatórios, que podem aliviar dor e
febre.
Mais recentemente, no Brasil, entre dezembro de 2014 e
janeiro de 2016 (semana epidemiológica 01), foram registrados 343 casos humanos
suspeitos de doença pelo vírus Mayaro. Os casos suspeitos foram identificados
em 11 estados distribuídos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com
destaque para o estado de Goiás com a maior frequência (183).
Os casos citados em Fortaleza ocorreram há cerca de dois
meses. Para Ivo Castelo Branco, “é um sinal de alerta, mas felizmente não houve
repercussão”.
Das doenças citadas na matéria, a febre amarela é a única que
tem vacina para prevenção.
FONTE: Portal do Ministério da Saúde via O POVO
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