Assumindo ontem os cargos, prefeitos empossados de 180
municípios do Ceará possuem mais em comum do que a euforia da vitória nas
urnas: a certeza de um ano difícil e de “aperto” nas contas pela frente. Com
prognóstico de queda de repasses federais, gestões de todo o Estado seguem
tendência nacional e já começam 2017 com redução de secretarias e promessas de
cortes.
“A situação dos municípios é a situação do País. Como temos
previsões de crescimento de 0,5%, não é nada esperançoso. A situação será pior
que a de 2016”, diz o economista Irineu Carvalho, consultor econômico da
Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece). Acompanhando prefeituras desde
1991, ele diz nunca ter visto “situação tão complicada”.
No Crato, Zé Ailton Brasil (PP) tomou posse ontem com 13
secretários na equipe – sete a menos que o antecessor. Em Iguatu, Ednaldo Lavor
(PDT) cortou de 21 para 14 pastas. “A primeira coisa é tirar essas pessoas que
só recebem e não trabalham (...) não encher a prefeitura de gente”, disse ao O
POVO o novo prefeito de Caucaia, Naumi Amorim (PMB).
JÚLIO CAESAR/O POVO
Naumi prometeu tirar servidores que 'recebem mas não
trabalham'
O consultor da Aprece explica: “Como a receita municipal é
quase toda de tributos federais, uma economia fraca acaba esvaziando caixa. E
como a despesa é basicamente pessoal, fica necessária uma máquina enxuta”, diz.
“Quando o prefeito é reeleito, fica mais difícil porque tem os compromissos
políticos. Mas esses que entram agora devem aproveitar”, recomenda.
ELIZANGELA SANTOS/DIVULGAÇÃO
Arnon Bezerra (d) recebeu gestão do irmão, o vice Ivan
Bezerra
Mesmo reeleito, o prefeito de Maracanaú, Firmo Camurça (PR),
promete rever gastos. “A folha de pagamento consome em torno de 52% do custeio.
Então temos que tornar a gestão cada vez mais eficiente (...) o momento é de
austeridade”, diz. A medida não atinge apenas municípios de grande porte: em
Caririaçu, o prefeito Edmilson Leite cortou pela metade número de pastas.
Roberto Cláudio
Apesar de não ter cortado pastas, o prefeito de Fortaleza,
Roberto Cláudio (PDT), promete cortar até R$ 300 milhões nos próximos quatro
anos. “Aluguel de carro, passagens aéreas, além de ações que não são
prioritárias (serão cortados). O mais importante é que os investimentos
públicos sejam feitos em equipamentos públicos”.
Apesar de amplamente adotado no Estado, o “antídoto” de
austeridade divide opiniões. Entre economistas, há correntes que defendem que a
medida pode desaquecer a economia, provocando prejuízos. (colaborou Lígia
Costa)
Saiba mais
Em diversas cidades, a oposição local acabou levando a melhor
nas câmaras municipais. Barbalha, Juazeiro do Norte e Tauá, por exemplo, terão
presidentes do Legislativo opositores do prefeito.
Em Eusébio, o ex-prefeito e ex-presidente da Câmara de
Fortaleza, Acilon Gonçalves, voltou ao poder após 4 anos de gestão de seu
sobrinho, Arimatéia Júnior. O filho dele, Bruno, é deputado estadual, e a
esposa, Marta, foi eleita vereadora da Capital.
Bismarck Maia, prefeito de Aracati, tomou posse em gestão que
chamou atenção por secretariado com nomes de peso, como Cláudia Leitão.
O POVO
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