A preocupação com a crise
hídrica na qual o Ceará passa é constante. Caso o estado não tenha chuvas
significativas este ano, apesar do cenário favorável para isto, grandes
reservatórios não sofrerão aporte. Por isso, algumas autoridades planejam
alternativas para combater a seca em todo o estado.
O diretor de negócios da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) no interior do Ceará, Helder
Cortez, informou na última quinta-feira (9) que deve reduzir ainda mais as
águas do Rio Jaguaribe, para priorizar o abastecimento da Região Metropolitana
de Fortaleza. Segundo ele, uma transferência de água deve ser realizada.
“Faremos ações complementares a
nível de reduzir mais um pouco a água do Rio Jaguaribe para tentarmos garantir
o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza e todo o sistema que
dependerá bastante da água do Castanhão”, explica.
Uma das grandes preocupações de
agricultores e gestores é com a bacia do Vale do Jaguaribe, que também está em
situação crítica. Conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh), a bacia possui atualmente apenas 4,5% da capacidade total.
Esse cenário é preocupante para
o agricultor Luiz Vicente. Segundo ele, que também é presidente do Sindicato
dos Agricultores de Russas e membro da Comissão da Bacia do Vale, já existem
comunidades que são abastecidas apenas por carro pipa, devido o cenário de
seca.
Para ele, o governo deveria
priorizar a agricultura e o consumo humano, e não transferir água para o uso em
termelétricas, como é o caso do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza.
“Ficamos tristes porque estão
priorizando um alude ao invés de outro. O açude Santo Antonio há três anos está
seco, a região do Jaguaribe tá em maior parte sendo abastecida com carro pipa.
Então, não tem água para abastecer e ao invés disso estão tirando o que resta”,
reclama.
Na semana passada, a cidade de
Orós também foi marcada por conflitos, por conta da transferência de água para
a Região Metropolitana de Fortaleza. Moradores realizaram uma manifestação
contra a vazão máxima da válvula que distribui água no alude de Orós para o
Castanhão. A medida tem o objetivo de abastecer a capital cearense.
De acordo com o presidente do
Comitê da Bacia do Alto Jaguaribe, Paulo Landim, tanto os produtores, como a
população das cidades de Orós, Iguatu, e Quixelô, que também dependem da água,
são prejudicados com essa decisão.
“Não concordamos com essa
decisão. Porque deixaram a condição dos produtores de ficar irrigando culturas
perenes até cinco hectares e culturas temporárias até três hectares. E nós
ficamos sem a menor capacidade de produção. Então, nós aceitamos essa
distribuição para consumo humano”, detalha.
O açude Orós é uma reserva
estratégica para ser usada em situação de emergência. Ele está localizado no
leito do Rio Jaguaribe, acima do Castanhão, que por sua vez está com apenas
5,5% de capacidade de armazenamento.
Ouça o áudio da entrevista com diretor de negócios da Cagece no interior e Paulo Landim click no link http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/ceara/regiao-do-jaguaribe-ficara-ainda-mais-seca-para-atender-a-demanda-de-agua-em-fortaleza/
Fonte: Tribuna do Ceará por
Jangadeiro FM em Ceará em 14 de fevereiro de 2017 às 06:45
Fotos: Josemberg Vieira Fevereiro de 2017
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