A Caixa Econômica Federal
informou nesta terça-feira (28) que cerca de 100 a 120 unidades deficitárias
passarão por uma "intervenção" neste ano. Durante entrevista coletiva
em São Paulo, o presidente da instituição, Gilberto Occhi, disse que as
alternativas são fechamento, fusão, diminuição de estrutura ou remanejamento
para outro local.
Essa intervenção vai acontecer
"tão logo tenhamos a finalização do processo de demissão voluntária
(PDV)", disse Occhi. Ele calcula a adesão de 5 mil funcionários. De
acordo com Marcos Jacinto, vice-presidente de Gestão de Pessoas, a economia com
o PDV é estimada em R$ 975 milhões.
Além disso, a Caixa está
recorrendo na Justiça sobre a convocação de 2 mil aprovados em concursos
públicos, segundo Jacinto.
De acordo com Occhi , haverá
ainda a reestruturação das áreas da Caixa, com a participação das vice-presidências
no processo.
De acordo com o presidente do
banco, não faz parte dos planos da Caixa qualquer venda de ativos. "O foco
do banco é melhorar a eficiência reduzindo as despesas", ressalta Occhi.
Em todo o país, a Caixa afirma
ter 4,2 mil agências e postos de atendimento.
Occhi lembrou que a Caixa teve
um crescimento exponencial depois de 2010, com a abertura de novas agências - o
salto foi de 2.300 para 4 mil unidades no país. "Tomou-se a decisão de ir
para o mercado e abrir novas agências. A Caixa se expandiu no mercado de
crédito pois havia demanda", afirma. Segundo ele, esse cenário mudou e o
que o banco busca é a eficiência em suas operações.
Lucro menor
A Caixa Econômica anunciou mais
cedo ter registrado um lucro líquido de R$ 4,1 bilhões em 2016. No ano
anterior, os ganhos haviam chegado a R$ 7,2 bilhões. A queda é de 43% de um ano
para o outro. Só no quarto trimestre de 2016, o banco teve lucro líquido de R$
691 milhões.
O índice de inadimplência
encerrou dezembro em 2,88%, um recuo de 0,7 ponto percentual em 12 meses. De
acordo com o bano, no ano, as despesas de provisão para devedores duvidosos
chegaram a R$ 20,1 bilhões, um crescimento de 2,3% em relação ao mesmo período
de 2015.
Em 2016, o saldo da carteira de
crédito ampla cresce 4,4%, chegando a R$ 709,3 bilhões. Segundo a Caixa, o
crescimento das operações de habitação, saneamento e infraestrutura e crédito
consignado, que possuem baixo risco, foram os principais responsáveis para o
aumento da carteira. No final do ano, a Caixa possuía R$ 2,1 trilhões em ativos
administrados, com destaque para seus ativos próprios (R$ 1,3 trilhão).
Mais fechamentos
Em novembro do ano passado, o
Banco do Brasil também anunciou um conjunto de medidas de reorganização
institucional, que previa o fechamento de agências e um plano de extraordinário
de aposentadoria incentivada. O Banco do Brasil conseguiu que mais de 7.000
funcionários aderissem ao plano de aposentadoria.
Habitação
A Caixa poderá reestruturar a
taxa de financiamento com a queda da taxa básica de juros Selic. O banco prevê
a retomada de demanda imobiliária com maior captação da poupança.
A Caixa tem orçamento preliminar
de R$ 80,8 bilhões para habitação este ano, mas que pode ser aumentado
dependendo de decisão do Conselho Curador do FGTS. No ano passado foi de R$ 90
bilhões, sendo que foram usados R$ 81,8 bilhões, garantindo 620 mil unidades
contratadas em 2016, de acordo com Nelson Antônio de Souza, vice-presidente de
Habitação da Caixa.
Segundo Occhi, independente dos
saques do FGTS e da alteração das linhas de crédito no programa Minha Casa
Minha Vida, o FGTS tem funding (recursos) suficiente para atender a todas as
demandas.
Ele diz que com a redução da
taxa Selic para 12,25%, a retomada da captação líquida da poupança poderá
alavancar as operações de crédito no setor.
"Com redução da taxa Selic
há retomada da captação líquida da poupança e a Caixa pode reestruturar uma
nova taxa de juros, mas aguardamos como o reflexo da taxa Selic poderá impactar
na captação líquida da poupança", diz.
Segundo Occhi, a Caixa tem 67%
do crédito do mercado imobiliário brasileiro, e ele prevê que o mercado de
crédito terá uma retomada pela demanda como consequência do aumento dos
depósitos da poupança.
Em São Paulo, segundo Occhi,
haverá uma série de investimentos em parceria para crédito habitacional. Entre
as iniciativas está a comercialização das unidades financiadas pelos corretores
e o banco fazendo o pagamento da taxa de corretagem. Além disso, a Caixa não
estuda o aumento da cota de financiamento, mas melhores taxas para
financiamento.
Cerca de 24 mil unidades que
foram retomadas poderão ser vendidas de forma direta pelos corretores no país,
após passarem por leilões da Caixa, segundo Souza.
Recessão
Durante entrevista coletiva em
São Paulo para falar do balanço, Arno Meyer, vice-presidente de Finanças e
Controladoria da Caixa, informou que a queda de 43% no lucro líquido de 2015
para 2016 foi em virtude da recessão econômica.
Segundo Gilberto Occhi, o banco
não trabalha com a hipótese de recorrer a aporte de capital de seu controlador,
que é o governo federal. “Se pudesse antecipar, 2017 com certeza seria melhor
que 2016. Estamos na direção correta na busca da melhor eficiência e melhores
resultados”, disse o presidente do banco.
Occhi informou que o objetivo
para os próximos períodos continua sendo reforçar a melhoria da eficiência e
sustentabilidade com o melhor uso do capital nas operações de crédito para ter
uma carteira mais qualificada. “A força motriz da Caixa é o crédito”, disse.
De acordo com Arno Meyer, 52% da
receita da Caixa vem das operações de crédito. Dos ativos administrados, a
maior parte da receita vem do FGTS. E a principal fonte de recursos é a
poupança, seguida de empréstimos e repasses e do FGTS. “A redução da taxa Selic
não afeta esses recursos”, disse Meyer.
O índice de inadimplência de
2,88% é o menor do mercado, segundo Meyer, devido à carteira de crédito de
baixo risco.
A receita de operação de crédito
da Caixa vem principalmente da carteira de habitação e comerciais.
Segundo Meyer, o lucro é a menor
fonte de capital de uma instituição. “O desafio do banco é aumentar a
rentabilidade e fortalecer a estrutura de capital”, disse.
Fonte: G1
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