O guarda municipal José Gonçalves Fonseca, 51, encontrado
morto no dia 8 de março de 2017, em um matagal no bairro Manoel Dias Branco,
foi envenenado com ´chumbinho´. De acordo com a Polícia Civil, a substância
agrotóxica comumente utilizada para matar ratos, de comercialização proibida no
Brasil, foi dada à vítima por seu advogado, Victor Henrique da Silva Ferreira
Gomes, de 23 anos.
Na tarde de ontem, o titular da Divisão de Homicídio e
Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Leonardo Barreto, contou o passo a passo do
crime. De acordo com as investigações, um desfalque financeiro que o suspeito
deu na vítima motivou a morte. O advogado devia à vítima R$ 265 mil, que tinham
sido transferidos para a conta dele, no fim do ano passado, para a conclusão da
compra de um imóvel.
A Polícia conta que no dia do homicídio, o guarda municipal e
o advogado iriam até uma agência bancária na companhia de um vendedor e um
corretor, porque o suspeito disse que comprovaria que parte da quantia estava
resguardada e que o restante já havia sido transferida para garantir a compra
da casa.
"Chegou um momento em que a vítima quis que o advogado
passasse o dinheiro aos vendedores do imóvel. Começou a desconfiar. O indiciado
já havia gasto esse dinheiro, inclusive porque estava em uma situação
financeira dificultosa comprovada em inquérito. Ele adquiriu um veículo de
quase R$ 100 mil com o dinheiro da vítima. No meio das investigações se desfez
desse carro na tentativa de ocultar a compra da Polícia", falou o diretor
da DHPP.
Conforme o laudo pericial, o guarda foi morto em 6 de março,
no mesmo dia que desapareceu. O cadáver foi encontrado dois dias após o
assassinato. A Polícia investiga se houve uma asfixia decorrente do uso de uma
toalha achada com o suspeito, que foi enviada à perícia para análise de material
genético.
Detido temporariamente desde o dia 23 de março e com prisão
preventiva decretada, no último dia 21, Victor Henrique foi indiciado por
homicídio e furto qualificados, além de ocultação de cadáver.
O advogado já responde a um procedimento criminal na
Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa) por
maus-tratos cometidos contra uma criança.
Etapas
A investigação mostra que na tentativa de despistar as
autoridades, o advogado comunicou às 23h30 do dia 6 de março que seu cliente
havia desaparecido. Inicialmente, Victor Henrique fez com que todos
acreditassem que a vítima levava consigo R$ 120 mil em espécie. Assim, o crime
se configuraria como um latrocínio, sem que houvesse participação direta dele.
"Ele diz que o último contato feito com o cliente fora
ao meio-dia dessa data. As câmeras apontam que o suspeito aparece no banco do
passageiro do carro da vítima e depois desse horário já aparece no banco do
motorista, sozinho no mesmo veículo", elucida Leonardo Barreto.
O diretor adjunto da Divisão, delegado George Monteiro,
relata que, ao comparar a versão do suspeito com as imagens encontradas em câmeras
de segurança, há diversas contradições. As imagens recolhidas pelos policiais
mostram ainda que na tarde do mesmo dia 6, o advogado foi visto com um pacote
nas mãos, o que a Polícia presume ser ou o dinheiro da vítima ou algo
relacionado a esta quantia.
"Havia uma relação de confiança entre vítima e suspeito.
Ficou comprovado para nós que o advogado já tinha premeditado esse
envenenamento. Até o momento, as provas colhidas não apontaram para o
envolvimento de outras pessoas no crime", conta Monteiro.
Representando a defesa do suspeito, o advogado Leandro
Vasques afirma que há inconsistências a serem apontadas. "A defesa será
exercida em toda sua plenitude na fase judicial, onde se valerá do
contraditório para refutar as acusações".
MISÉRIA
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