segunda-feira, 15 de maio de 2017

`SEGURANÇA NÃO SE FAZ SÓ COM POLÍCIA´, DIZ VICE-GOVERNADORA

A criação das Unidades Integradas de Segurança (Unisegs) é o principal eixo de Segurança Pública do projeto ´Ceará Pacífico´, que pretende diminuir os índices de violência do Ceará e a sensação de insegurança da população, através de ações da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em conjunto com outros setores do Governo e com outras Instituições que podem desenvolver o urbanismo, a iluminação e a educação da região e, indiretamente, combater a violência, explica a vice-governadora Izolda Cela.

"Segurança não se faz só com Polícia, não se faz somente com a dimensão da repressão qualificada. A Segurança é olhar para o problema da violência, nas suas diversas manifestações, nas conexões que esse problema tem com a vida das pessoas, com as vulnerabilidades, com as carências. Isso faz com que nós vejamos, com muita clareza, que precisamos atuar mais fortemente na prevenção, que é o que gera, sempre, os melhores resultados", admite Izolda.

De acordo com a vice-governadora, as Unisegs foram implantadas para dar uma melhor resposta à Segurança Pública e restaurar o Ronda do Quarteirão, criado no governo passado com o mesmo objetivo de aproximar a Polícia da comunidade.

Medidas

Além do policiamento ostensivo, realizado por agentes de Segurança a pé, em motos e viaturas, a Uniseg tem equipes destinadas exclusivamente ao trabalho comunitário. No piloto, implantado no Vicente Pinzón, são desenvolvidas ações como o Ronda Escolar, o Grupo de Apoio às Vítimas da Violência (GAV), o ´Lutando pela Vida´ e o ´Grupo de Segurança Comunitária´.

De acordo com o comandante da Uniseg 1, capitão Messias Mendes, as medidas visam a prevenção e encontrar soluções para problemas da comunidade. "Um fato delituoso tem o antes, o durante e o depois. Muitas vezes, o antes e o depois são mais importantes que o durante. É isso que estamos atacando", diz.

O Ronda Escolar, composto por duas equipes de três policiais cada, que visitam todas as 25 escolas públicas da área, todos os dias, entre 6h e 22h, estabelece diálogo com diretores, professores, alunos e seus pais. "Qualquer problema na escola, os diretores sabem que podem chamar a Polícia. Uma diretora chamou o Ronda Escolar porque percebeu que um menino de sete anos estava dormindo muito. A Polícia foi lá e descobriu que ele estava dormindo muito porque passava a noite acordado, enquanto a mãe fumava maconha. E quando ia dormir, o irmão de nove anos passava a mão nas suas partes íntimas. O Ronda escolar foi lá e encaminhamos para o ´Ceará Pacífico´. Estamos tentando encaminhar a mãe para o tratamento, para cuidar da dependência, e estamos vendo se essa criança vai continuar na família", contou o capitão Messias.

O GAV atende mulheres, crianças, adolescentes e idosos que sofrem com a violência e realiza um acompanhamento do caso com visitas quase diárias a essas pessoas. "Pegamos um caso aqui de possível estupro a uma criança de quatro anos. Ela era enteada do suspeito. Gerou uma consternação muito grande. Fomos lá e prendemos o homem. A mãe da criança se sentia sozinha, morava entre os familiares do companheiro, e se apegou aos policiais, que iam lá todos os dias. A criança foi encaminhada ao Centro de Referência da Assistência Social (Cras). A mãe entrou em depressão e também teve que passar por atendimento psicológico", exemplifica o comandante da Uniseg.

Um sargento da Polícia Militar é o responsável pelo projeto ´Lutando pela Vida´, em que dá aulas gratuitas da arte marcial karatê para a comunidade, atendendo principalmente as crianças, dentro do Batalhão da PM. Já o ´Grupo de Segurança Comunitária´ promove debates com líderes comunitários da região, com o intuito de estabelecer novas demandas.

Efetivo

O total de 193 policiais militares compõem a Uniseg do Vicente Pinzón, divididos entre o trabalho ostensivo e as ações comunitárias. Apesar da demanda variável, o capitão Messias acredita que não há defasagem no efetivo. "A prevenção é mais barata. Nós fazemos isso com equipes pequenas. Com um grupo especializado de três policiais, atendemos 100 mulheres. Porque trabalhamos pontualmente. Em vez de ser um trabalho genérico, existe um contato mais qualificado", garante o oficial.

Já que é barato e positivo, o capitão é questionado por que as Unisegs não foram expandidas ainda para todo o Estado e justifica que "um projeto com essa robustez, não se pode fazer irresponsavelmente. Começamos aqui e maturamos aqui. Muitas coisas são bem novas e sem referenciais ainda".


Fonte: Diário do Nordeste

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