A criação das Unidades Integradas de Segurança (Unisegs) é o
principal eixo de Segurança Pública do projeto ´Ceará Pacífico´, que pretende
diminuir os índices de violência do Ceará e a sensação de insegurança da
população, através de ações da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS), em conjunto com outros setores do Governo e com outras Instituições
que podem desenvolver o urbanismo, a iluminação e a educação da região e,
indiretamente, combater a violência, explica a vice-governadora Izolda Cela.
"Segurança não se faz só com Polícia, não se faz somente
com a dimensão da repressão qualificada. A Segurança é olhar para o problema da
violência, nas suas diversas manifestações, nas conexões que esse problema tem
com a vida das pessoas, com as vulnerabilidades, com as carências. Isso faz com
que nós vejamos, com muita clareza, que precisamos atuar mais fortemente na
prevenção, que é o que gera, sempre, os melhores resultados", admite
Izolda.
De acordo com a vice-governadora, as Unisegs foram
implantadas para dar uma melhor resposta à Segurança Pública e restaurar o
Ronda do Quarteirão, criado no governo passado com o mesmo objetivo de
aproximar a Polícia da comunidade.
Medidas
Além do policiamento ostensivo, realizado por agentes de
Segurança a pé, em motos e viaturas, a Uniseg tem equipes destinadas
exclusivamente ao trabalho comunitário. No piloto, implantado no Vicente
Pinzón, são desenvolvidas ações como o Ronda Escolar, o Grupo de Apoio às
Vítimas da Violência (GAV), o ´Lutando pela Vida´ e o ´Grupo de Segurança
Comunitária´.
De acordo com o comandante da Uniseg 1, capitão Messias
Mendes, as medidas visam a prevenção e encontrar soluções para problemas da
comunidade. "Um fato delituoso tem o antes, o durante e o depois. Muitas
vezes, o antes e o depois são mais importantes que o durante. É isso que
estamos atacando", diz.
O Ronda Escolar, composto por duas equipes de três policiais
cada, que visitam todas as 25 escolas públicas da área, todos os dias, entre 6h
e 22h, estabelece diálogo com diretores, professores, alunos e seus pais.
"Qualquer problema na escola, os diretores sabem que podem chamar a
Polícia. Uma diretora chamou o Ronda Escolar porque percebeu que um menino de
sete anos estava dormindo muito. A Polícia foi lá e descobriu que ele estava
dormindo muito porque passava a noite acordado, enquanto a mãe fumava maconha.
E quando ia dormir, o irmão de nove anos passava a mão nas suas partes íntimas.
O Ronda escolar foi lá e encaminhamos para o ´Ceará Pacífico´. Estamos tentando
encaminhar a mãe para o tratamento, para cuidar da dependência, e estamos vendo
se essa criança vai continuar na família", contou o capitão Messias.
O GAV atende mulheres, crianças, adolescentes e idosos que
sofrem com a violência e realiza um acompanhamento do caso com visitas quase
diárias a essas pessoas. "Pegamos um caso aqui de possível estupro a uma
criança de quatro anos. Ela era enteada do suspeito. Gerou uma consternação
muito grande. Fomos lá e prendemos o homem. A mãe da criança se sentia sozinha,
morava entre os familiares do companheiro, e se apegou aos policiais, que iam
lá todos os dias. A criança foi encaminhada ao Centro de Referência da
Assistência Social (Cras). A mãe entrou em depressão e também teve que passar
por atendimento psicológico", exemplifica o comandante da Uniseg.
Um sargento da Polícia Militar é o responsável pelo projeto
´Lutando pela Vida´, em que dá aulas gratuitas da arte marcial karatê para a
comunidade, atendendo principalmente as crianças, dentro do Batalhão da PM. Já
o ´Grupo de Segurança Comunitária´ promove debates com líderes comunitários da
região, com o intuito de estabelecer novas demandas.
Efetivo
O total de 193 policiais militares compõem a Uniseg do
Vicente Pinzón, divididos entre o trabalho ostensivo e as ações comunitárias.
Apesar da demanda variável, o capitão Messias acredita que não há defasagem no
efetivo. "A prevenção é mais barata. Nós fazemos isso com equipes
pequenas. Com um grupo especializado de três policiais, atendemos 100 mulheres.
Porque trabalhamos pontualmente. Em vez de ser um trabalho genérico, existe um
contato mais qualificado", garante o oficial.
Já que é barato e positivo, o capitão é questionado por que
as Unisegs não foram expandidas ainda para todo o Estado e justifica que
"um projeto com essa robustez, não se pode fazer irresponsavelmente.
Começamos aqui e maturamos aqui. Muitas coisas são bem novas e sem referenciais
ainda".
Fonte: Diário do Nordeste
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