quinta-feira, 15 de junho de 2017

CHACINA EM HORIZONTE FOI UM DOS MOTIVOS PARA MOTIM NA CPPL 2, AFIRMA SECRETÁRIA SOCORRO FRANÇA

A chacina ocorrida nesta semana com cinco mortes em Horizonte foi um dos motivos para o motim ocorrido entre a noite de terça (13) e manhã de quarta-feira (14) na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), em Itaitinga, segundo a titular da Secretária da Justiça e Cidadania (Sejus), Socorro França. Presidiários que tiveram amigos e familiares assassinados provocaram o tumulto dentro da unidade prisional, que terminou com celas danificadas e oito internos feridos.

"Pelo que escutamos, tem presos que são amigos e família de pessoas que morreram nessa chacina. Efetivamente, eles apontaram esse o porquê do problema na CPPL2. Mas, graças a Deus, foi tudo controlado na unidade", disse a titular da Sejus.

A secretária também afirmou que os presos seguem soltos dentro da CPPL2 e da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL3), desde a crise no sistema penitenciário do Ceará em maio do ano passado. E, além da chacina, a superlotação e um plano de fuga frustrado pelos agentes foram outros motivos apontados para os internos terem iniciado o tumulto.

Superlotação

Socorro França confirmou que o sistema carcerário sofre com a superlotação nas unidades prisionais e com o baixo efetivo de agentes penitenciários. Atualmente, o Ceará tem quase 27 mil presos para 2.152 servidores- 1.724 masculinos e 428 femininos. Na CPPL3, por exemplo, são 1.373 detentos em um local com capacidade para 800 pessoas.

Conforme a secretária, a lotação facilita as tentativas de fugas. Neste ano, 90 presos fugiram na CPPL3; 58 fugitivos foram recapturados e 32 seguem foragidos.

"A gente passa o dia trabalhando para evitar fuga. E estamos fazendo a reforma para trancar os presos. Esse trabalho causa revolta entre os presos e provoca constantes fugas. Mas o Governo está trabalhando com eficiência, pois não tem medido esforços para contornar a situação. Vamos ter mais duas unidades prisionais e um concurso público com mais mil agentes".

Outra medida apontada por Socorro França é o trabalho integrado com o sistema judiciário para agilizar o julgamento dos presos provisórios. "Teremos em breve 3.152 agentes penitenciários. Ainda é pouco diante dessa massa carcerária que a gente tem. Mas o importante é que a gente faça um trabalho em conjunto, principalmente com o judiciário. E isso está sendo feito. É preciso que reduza o número de presos e julgue os processos de presos provisórios que estão pendentes", acrescentou.

Motim controlado

O motim na CPPL2 foi contornado por volta das 11h de quarta-feira (14), após a chegada de equipes do Grupo de Ações Penitenciárias Especiais (Gape) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar. O Corpo de Bombeiros foi chamado ao local para controlar o incêndio provocado pela queima de colchões.

Oito presos ficaram feridos e foram socorridos para o hospital. Um deles segue internado no Instituto Dr. José Frota (IJF). Outros detentos tiveram pequenos ferimentos e foram tratados na própria unidade prisional. Não houve mortes.

Histórico

Em maio do ano passado, foi registrada uma série de rebeliões em presídios do Ceará. Presos tiveram os corpos carbonizados e foram registradas fugas e celas destruídas. Após a realização de exames feitos pela Perícia Forense, Secretaria de Justiça confirmou o número final de 14 mortos nos conflitos.

O então titular da Sejus, Hélio Leitão, informou que o custo da reforma em cada unidade prisional danificada era de R$ 1,5 milhão, considerando apenas a estrutura física.

As rebeliões ocorreram durante e após a greve dos agentes penitenciários. Segundo a Secretaria da Justiça, a motivação dos conflitos foi a suspensão das visitas nas unidades prisionais. De acordo com a Polícia Militar, os detentos quebraram cadeiras, grades, armários e queimaram colchões em diversos presídios.



Por Valdir Almeida, G1 CE

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