Estatísticas registram apenas uma
parte do problema, já que maioria dos 'casamentos' são informais, especialmente
nas comunidades mais vulneráveis.
O Ceará ocupa a quarta posição no
Brasil e a primeira do Nordeste no número de garotas casadas. As informações
são parte da publicação “A Criança e o Adolescente nos ODS (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável) editado pela Fundação Abrinq. O estudo, realizado
com dados de 2015, mostra que 6.996 meninas com menos de 19 anos estavam
casadas no período no estado. São 5 meninas com idade abaixo de 15 anos e 6.991
com idade entre 15 e 19 anos. No Nordeste, o número chegou a 33.868, e no
Brasil, a 122.805.
O estudo mostra que os casamentos
de meninas menores de 19 anos de idade correspondem a 10,8% daqueles ocorridos
entre cônjuges masculino e feminino em 2015 no Brasil. As estatísticas oficiais
registram apenas uma parte do problema, já que a maioria dos 'casamentos', são
informais, especialmente nas comunidades mais vulneráveis. O documento usa
dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A distribuição desses casamentos
tem 40,3% dos seus casos na região Sudeste (49.513); na sequência, a região
Nordeste (33.868) agrega pouco mais de um quarto (27,5%) desses casos. As
regiões Sul (16.815), Centro-Oeste (11.996) e Norte (10.613) apresentam
percentuais menos expressivos - 13,7% para a região Sul, 9,8% para a região
Centro-Oeste e 8,6% para a região Norte - dos casamentos de meninas menores de
19 anos.
O documento da Abrinq cita
pesquisa realizada pela ONG Instituto Promundo - em parceria com a Plan
International Brasilm - intitulada 'Ela Vai no Meu Barco: Casamento na Infância
e Adolescência no Brasil', que aponta os fatores que podem motivar o casamento
infantil. Um fator importante, que não apareceu explicitamente no estudo,
segundo a Abrinq, é o casamento motivado como meio de proteção à violência
urbana.
Entre os 'motivos' para o casamento
precoce citados pelo Instituto Promundo estão gravidez indesejada, o desejo de
controlar a sexualidade das meninas e limitar comportamentos percebidos como
“de risco” associados à vida de solteira; desejo de segurança financeira;
expectativa de liberdade e desejo de sair da casa dos pais; bem como desejo dos
futuros maridos de se casarem com meninas mais jovens, consideradas mais
atraentes e de mais fácil controle do que as mulheres adultas.
O estudo destaca, ainda, que os
papéis tradicionais de gênero predominam nos casamentos infantis: os homens são
provedores, acessam mais os espaços públicos, têm liberdade para sair com
amigos e a infidelidade é permitida. As meninas são cuidadoras, responsáveis
pelas tarefas domésticas, limitadas ao espaço privado e afastadas de seus
pares. Além disso, em muitos casos essas meninas interrompem ou abandonam os
estudos.
Por G1 CE
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