Sob o governo Temer, a Polícia
Federal reduziu a equipe destacada para a força-tarefa da Operação Lava Jato,
em Curitiba, e diminuiu 44% do orçamento de custeio previsto para 2017.
O ministro da Justiça, Torquato
Jardim, admitiu ontem que o contingenciamento de verbas do governo federal pode
afetar a Polícia Federal. Segundo disse, a falta de recursos pode levar a uma
“seleção de ações”, o que deve atingir a Operação Lava Jato, hoje a maior
investigação conduzida pela PF.
“Sendo honesto, sincero e
transparente, (o contingenciamento) poderia implicar um processo seletivo de
ações, não realizar todas as ações necessárias”, disse.
O ministro da Justiça defende que
há um “constrangimento orçamentário”, não corte. “O constrangimento de
orçamento é notório. Mas não há corte. Há contingenciamento”, completou.
Segundo Torquato, a Polícia
Federal teve um contingenciamento de R$ 400 milhões, mas conseguiu liberar R$
170 milhões. “De agosto a dezembro, está previsto um repasse de R$ 70 milhões
por mês, o que é suficiente para executar o necessário até final do ano.”
Redução de equipe
Sob o governo de Michel Temer, a
Polícia Federal reduziu a equipe destacada para a força-tarefa da Operação Lava
Jato, em Curitiba, e diminuiu 44% do orçamento de custeio previsto para 2017.
Esse foi o primeiro corte
expressivo no efetivo de investigadores, nos três anos do escândalo. Em
Curitiba, o contingenciamento foi de 1/3 das verbas - o que levou a Polícia
Federal a desmanchar a força-tarefa da Lava Jato no Paraná.
Negação
O ministro da Justiça Torquato
Jardim negou também ontem que haja um “esvaziamento” da Operação Lava Jato. Ele
chamou as críticas de setores do Ministério Público Federal de “infundadas”. “O
que ocorreu foi uma reestruturação administrativa interna da Polícia Federal”,
disse.
“A Lava Jato está acontecendo em
16 capitais. Hoje, a Lava Jato é maior em Brasília que em Curitiba”, completou.
“É uma redistribuição de mão de
obra e meios operacionais, que não significa diminuição da capacidade
administrativa.”
Em entrevista coletiva na sede do
Ministério, Torquato afirmou que, à frente da pasta da Justiça e anteriormente
no comando da Controladoria Geral da União (CGU), nunca fez críticas à
operação.
Ele assegurou que ações da
Polícia Federal sofreram “contingenciamentos” de recursos, mas não cortes
orçamentários. “Esses recursos estão sendo repostos dentro do possível”,
afirmou.
Na conversa com os jornalistas, o
ministro voltou a dizer que não atua para a queda do diretor-geral da Polícia
Federal, Leandro Daiello. “Nunca houve pressão para que ele saia”, afirmou. “Eu
e o Daiello estamos trabalhando juntos numa nova Polícia Federal”, disse.
Questionado se haveria um prazo para se definir a situação do delegado, ele
respondeu: “O ‘deadline’ cabe ao dono da caneta. E o dono da caneta é o
presidente Michel Temer.”
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