Desenvolvida no Instituto Evandro
Chagas no Pará e testada em camundongos, a vacina começa a ser usada em estudos
clínicos em voluntários a partir de janeiro.
A vacina contra zika desenvolvida
no Instituto Evandro Chagas no Pará demonstrou ser eficaz em testes de
camundongos. Estudo conduzido pelo centro em parceria com a Universidade do
Texas e com o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados
Unidos mostra que a vacina desenvolvida pela instituição impede a infecção pelo
vírus em fêmeas e em seus embriões. Publicado na revista científica Cell, o
resultado abre caminho para os testes do imunizante em humanos.
“A expectativa é de que iniciemos
os estudos clínicos em voluntários a partir de janeiro”, afirmou o diretor do
Instituto Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos.
A confiança se dá não apenas
pelos resultados agora publicados na revista americana. A equipe chefiada por
Vasconcelos já concluiu um estudo para avaliar a eficácia da vacina em
primatas, com resultados igualmente promissores. Os detalhes desse outro
trabalho, no entanto, somente deverão ser anunciados depois da publicação em
revista especializada.
O estudo divulgado ontem foi feito
a partir da observação de 46 fêmeas de camundongo. Metade do grupo recebeu a
vacina desenvolvida pelo instituto e metade recebeu placebo. Passados 28 dias,
animais foram testados. O grupo vacinado apresentou altos índices de anticorpos
contra zika.
Em uma outra etapa, todas as
fêmeas acasalaram. Dias depois, foram expostas ao vírus. Nos camundongos
vacinados, foram encontrados apenas traços genéticos de zika, mas em uma
quantidade considerada pouco significativa. Além disso, não foram encontrados
traços de vírus na placenta ou em tecidos cerebrais dos fetos de camundongos
que haviam sido imunizados.
Os resultados foram obtidos com a
aplicação de uma dose do imunizante. Pesquisadores repetiram o estudo com outra
vacina, desenvolvida pelo grupo Valera. Para esse braço do trabalho, 19 fêmeas
de camundongos receberam duas doses da vacina. Um grupo controle, com 19
fêmeas, recebeu placebo. As fêmeas também acasalaram e, já prenhas, foram
expostas ao vírus zika. Os traços de vírus encontrados nas mães, nas placentas
e nos fetos foram baixos no grupo imunizado.
“Os trabalhos indicam que as duas
vacinas exercem um papel protetor. A diferença é a de que do
instituto é preciso apenas uma dose”, avalia Vasconcelos.
O imunizante desenvolvido pelo
Instituto Evandro Chagas é feito a partir do vírus zika atenuado. Por se tratar
de organismo geneticamente modificado, o imunizante precisa passar pelo crivo
da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTBio). Além disso, é necessária
a aprovação do Comitê de Ética da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Somente depois de concluída estas etapas é que testes clínicos
poderão ser realizados.
Vasconcelos disse não ter dúvida
de que uma nova onda de epidemia de zika poderá se instalar no País. “Não
sabemos quantos anos isso deverá levar. Mas não há dúvidas de que ela virá”,
avaliou. (Agência Estado)
Fonte: O Povo
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