A condenação de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) pelo juiz Sergio Moro transformou o líder nas pesquisas em maior
incerteza para a eleição de 2018. Se a decisão for confirmada no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente não poderá ser candidato. Apesar
da dúvida, o partido do hoje favorito assegura não trabalhar com alternativa.
“Não tem plano B”, diz o deputado José Guimarães (PT), líder da Minoria.
Deputados e senadores de PT e
PCdoB se reúnem hoje com o ex-presidente, em São Paulo, para prestar
solidariedade e lançar o mote da resposta à condenação: “Eleição sem Lula em
2018 é golpe”.
Nesse movediço cenário, a única
certeza decorrente da sentença a nove anos e seis meses de prisão é mais
radicalização. Críticos ganham argumento dado pela Justiça e simpatizantes se
mobilizam.
A decisão de Moro favorece
eleitoralmente todos que concorrerem contra ele. Na hipótese de não concorrer,
seus votos se pulverizam. Se disputar, irá fragilizado.
Porém, há efeitos colaterais.
PMDB e PSDB também estão na mira da Lava Jato e têm a ameaça da pressão pela
condenação de políticos de outros partidos, para que a Lava Jato não fique com
a pecha de partidarismo e de que só atingiu um dos lados. Nas principais forças
governistas, o prefeito paulistano João Doria é a única alternativa colocada
sem menção na Lava Jato.
De todos os pré-candidatos, Ciro
Gomes (PDT) é o mais próximo ao PT e, teoricamente, o mais provável
beneficiário direto. Outra que poderia se favorecer seria Marina Silva (Rede),
pelo histórico e a relativa proximidade de ideias.
“A Rede é uma bancada de
esquerda com uma liderança de centro, liberal-progressista. É para onde a
Marina tem caminhado”, considera o publicitário Ricardo Alcântara, membro do
diretório da Rede no Ceará. “Mas, será que o eleitor pensa assim?”, relativiza
sobre transferência de voto por afinidade ideológica.
De modo que a condenação de Lula
beneficia até Jair Bolsonaro (PSC), que disputa com Marina o segundo lugar nas
pesquisas. “Pela primeira vez, o eleitor nitidamente de direita terá realmente
um candidato”, aponta Alcântara.
Se até a eleição não houver
decisão em segunda instância, Lula poderá concorrer. Porém, enfrentará uma
campanha sub judice. “Verá se cristalizar mais a rejeição a ele, que já é muito
alta”, ressalta o publicitário. O ex-presidente ainda é réu em mais quatro
processos.
Para Guimarães, o cenário adverso
terá de ser revertido a favor. “Fazemos do limão uma limonada. Condenação
injusta vira bordão eleitoral.”
O POVO - ÉRICO FIRMO
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