Olhar o céu, observar estrelas e
nebulosas, lançar um olhar de encantamento sobre o Universo e como ele foi
formado. As respostas à pergunta de como surgiu o fascínio por astronomia são
sempre acompanhadas pelo ar de maravilhamento, que surgiu ainda na infância,
pelo cosmos e seus mistérios. Anos, provas, horas incontáveis de dedicação e
muitas olimpíadas depois, Nathan Luiz, 17, Pedro Pompeu, 17, e Vinicius Azevedo
dos Santos, 17, três estudantes de escolas cearenses comporão a equipe que
representará o Brasil na 11ª Olimpíada Internacional de Astronomia e
Astrofísica (IOAA, sigla em inglês).
A olimpíada ocorre na Tailândia,
entre 12 e 21 de novembro, e o trio do Ceará se une a Bruno Gorresen Mello, do
Pará, e João Vitor Guerreiro Dias, de São Paulo, formando a equipe que busca
medalhas inéditas de ouro para o Brasil.
Após longa seletiva, que se
iniciou ainda em 2016, com a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), os três
formam a maior equipe já saída do Ceará para a competição internacional.
“Me sinto muito orgulhoso deles,
acho que eles vão inspirar muitos outros jovens, e a astronomia no Ceará pode
crescer e aumentar o legado do professor Rubens de Azevedo (que dá nome ao
Planetário no Dragão do Mar). Fico muito impressionado com a dedicação e o
talento dos meninos”, elogia Ednardo Rodrigues, professor do Curso Básico
Astronomia da Seara da Ciência da Universidade Federal do Ceará (UFC), que
ajuda na preparação do grupo — com observação do céu, uso do telescópio e
construção de foguetes.
Com currículo vasto em
olimpíadas, Vinicius, que é paraense, mas mora no Ceará desde os dois anos,
conta que espera a olimpíada com misto de animação e mistério. Com pretensões
de fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o vestibular da Universidade
de Campinas (Unicamp), Vinicius, assim como Pedro, viu os planos mudarem, já
que as datas das provas se chocam com as da olimpíada. “Quero fazer engenharia,
trabalhar com desenvolvimento de equipamentos. Queria ver um trabalho meu
voando pelo espaço. Agora, o objetivo é a olimpíada, depois a gente vê o que
faz”, diz o estudante que integra a turma ITA/IME do Colégio Antares.
Para Nathan, que cursa o 3º ano
no Colégio Ari de Sá, as chances de conquistas do Brasil devem ser melhores
este ano, devido à preparação que, diferente dos anteriores, está acontecendo
durante todo o ano, e a equipe está entrosada. Com os três morando em
Fortaleza, os encontros para intensificar os estudos práticos e tirar dúvidas teóricas,
têm sido semanais. A rotina de estudos é, para Nathan, um dos legados que a
preparação pode deixar. “O outro são as amizades. A gente se ajuda muito, vai
conquistando muitos amigos”.
Definindo a vivência e a viagem
para a Tailândia como “sonho”, Pedro, que faz 3º ano no Colégio 7 de Setembro e
faz a OBA desde o 6º ano do ensino fundamental, explica que tentar entender o
mundo foi o que o fez persistir em estudar uma matéria que não faz parte do
ensino formal.
“A natureza é uma só. A gente
subdivide em biologia, física, química. Quando se estudam coisas muito
pequenas, partimos para a química. Quando as coisas ficam muito grandes, a
física não basta, temos de partir pra outro patamar, que é a astronomia e a
astrofísica. Quando se fala que são ciências exatas (há equívoco), passam longe
de exatidão. Na astronomia, as constantes não são mais constantes, tudo é
teoria, demoram-se anos para comprovar. Tudo está incluso no macrocosmos.
Astronomia é ciência que estuda tudo e é preciso uma boa base para entender o
mundo”, diz.
Saiba mais
A seleção começou com 740 mil
estudantes de 8 mil escolas públicas e particulares.
Quando a seleção afunilou para 28
alunos, dez eram cearenses — ou seja, mais de um terço — pleiteando vagas na
olimpíada internacional e na Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica
(OLAA). Além dos cinco que irão para a IOAA, outros cinco alunos, todos de São
Paulo, vão para a OLAA, no Chile.
Fonte: O Povo
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