O senador Tasso Jereissati não
escondeu a irritação e o descontentamento ao ver o presidente afastado da
Executiva Nacional do PSDB, senador Aécio Neves, se movimentar nos bastidores
em articulações para os tucanos ampliarem apoio ao Governo do presidente Michel
Temer.
Aécio, que, na noite dessa
segunda-feira, foi surpreendido com mais um pedido de prisão e afastamento das
suas atividades no mandato, se reuniu com o presidente Temer e vinha
conversando com deputados federais do PSDB para votarem contra a denúncia que envolve
o presidente da República em crime de corrupção passiva.
Tasso, presidente interino do
PSDB, se irritou, foi atropelado e sentiu que o senador mineiro descumpriu o
acordo para renunciar à Presidência da Executiva Nacional e abrir caminhos para
o partido se recuperar do desgaste enfrentado com as investigações da Operação
Lava Jato. A presença dos membros do PSDB no Ministério do Governo Federal
também contribui para aumentar o desgaste da imagem da agremiação. O senador
Tasso Jereissati tem sido defensor do afastamento do PSDB do Palácio do
Planalto.
Uma reportagem do Jornal O Globo,
edição desta terça-feira, destaca que a movimentação do senador Aécio Neves
para recuperar espaço político no governo e retornar ao comando do partido, nos
últimos dias, deve ter um desfecho nesta terça-feira. Incomodado com o recuo de
Aécio, que antes do recesso parlamentar teria concordado em convocar uma
reunião da Executiva nacional para se afastar definitivamente da presidência do
PSDB e escolher o novo presidente, o senador Tasso Jereissatti deverá entregar
o cargo.
De acordo com a reportagem,
Tasso, segundo interlocutores, se recusa a continuar como presidente interino,
tendo Aécio articulando com o governo e outras forças políticas como
“presidente de fato”. Tasso disse que nos últimos três dias viu que Aécio
começou a mudar de posição “muito firmemente” em relação à disposição de,
depois do recesso, fazer a transição.
Ele citou o encontro com o
presidente Michel Temer na última sexta-feira e ligações para deputados do
partido. Nas conversas Aécio estaria comunicando a disposição de reassumir
todos os cargos para os quais fora eleito.
‘’Me parece que tem uma
articulação do governo para Aécio voltar a presidência do PSDB. Para mim isso
não é problema nenhum’’, disse Tasso à reportagem do Jornal O Globo, ao
afirmar, ainda, que, diante desse problema, entregará, nesta terça-feora, o
cargo para o Aécio com o seguinte recado: ‘’toma, você é o presidente. E ele
que assuma as responsabilidades. Se tem tanta gente pedindo para ele voltar, se
tem apoio majoritário a ele no partido, que reassuma’’, afirmou Tasso ao GLOBO.
Interlocutores de Aécio tem dito
que nas últimas semanas, com o movimento pelo desembarque do governo Temer
refluindo, o melhor era adiar a convocação da Executiva e a escolha do novo
presidente, para não descambar para uma nova discussão sobre rompimento com o
governo. A disposição desse grupo seria “colocar o pé no freio” e esperar as
votações das denúncias contra Temer.
Depois do encontro com Temer no
Jaburu na última sexta-feira, Aécio voltou a articular com deputados votos
contra a denúncia e ganhou força a ideia de retomar o comando do partido para
fazer a transição, com o apoio dos ministros tucanos e da ala governista do
PSDB. Para Tasso, não procede informações de que o governador Geraldo Alckmin
esteja articulando para que o governador de Goiás, Marconi Perillo, seja o novo
presidente do PSDB já.
Para ele a intenção de Aécio é
retomar o comando e continuar até maio, quando acaba seu mandato. ‘’Essa é uma articulação do Aécio, dos
ministros e do governo. Alckmin não está nesse circuito e acho que talvez
esteja até incomodado. Se Aécio quer mesmo reassumir, acho que vai ficar
empurrando a escolha do novo presidente com a barriga até maio’’, observou o
senador cearense.
Por: Ceará Agora
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