O governo do Ceará assinou um
memorando de entendimento com uma empresa estatal chinesa e com o banco de
desenvolvimento do pais asiático, o China Development Bank (CDB), para captar
um investimento de US$ 4 bilhões no setor de saúde do estado.
A destinação do investimento
chinês seria em construções de hospitais públicos no Ceará, além de reformas em
unidades já existentes e captação de equipamentos e medicamentos. Neste fim de
semana, o governador do Ceará, viaja para a China. Entre os compromissos da
agenda está uma reunião com representantes do CDB para tratar de investimentos
para o estado.
A assinatura do memorando de
entendimento entre o governo e os chineses servem como um acordo oficial em que
as partes manifestam interesse no negócio. No entanto, ele ainda não tem a
validade de um contrato, que seria o próximo passo da negociação ainda em
andamento. O cronograma das obras e as condições de retorno para o investimento
não foram definidos.
A empresa habilitada para
viabilizar os investimentos é a Meheco Corporation, estatal chinesa da área de
tecnologia na área da saúde. Fundada em 1984, a empresa tem 10 mil empregados
em todo o mundo.
Roberto Jiao, gerente de projetos
da Meheco, diz que a empresa está buscando contatos neste ano para fazer
investimentos em diversos estados brasileiros, sendo o Ceará o primeiro a
assinar o memorando de entendimento.
Segundo o governo cearense, os
financiamentos e parcerias atingiriam não apenas a saúde pública do estado, mas
também obras no setor privado do Ceará. Um dos focos é o Polo Industrial e
Tecnológico da Saúde (PITS), que terá como âncora a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz).
Mais estados e governo federal
Em entrevista por telefone ao G1,
os executivos chineses da Meheco disseram, em Pequim, que procuram outros
estados para realizar o mesmo tipo de parceria na área da saúde. Jiao indica
ainda que a empresa também mira parcerias com o governo federal. “Vamos focar
em outros estados, como Amazonas e Minas Gerais. Temos um grande interesse nos
estados, e também [parcerias com o governo] federal”.
Os empresários informaram que
assinaram memorando de entendimento também com o governador da Bahia, Rui
Costa, para realizar investimentos na área da saúde. No entanto, não foi
divulgado o valor estipulado para essa negociação. Procurado pelo G1, o governo
do estado da Bahia não deu informações sobre o acordo.
O mercado brasileiro
Segundo Jiao, o Brasil é primeiro
grande mercado da América do Sul a iniciar negociações de investimentos com
estatal chinesa. “Nossa empresa faz negócios com vários países do mundo, como
África do Sul, Cuba, Venezuela, Equador. Mas o Brasil é o primeiro país grande
da América do Sul, para nós é um mercado importante. Por isso, agora estamos focando
muito nesse mercado, queremos fazer muitos negócios e desenvolver o sistema de
saúde para o governo do Brasil.”
Questionada sobre a razão de
procurar estados brasileiros para investimentos bem na esteira da maior crise
econômica já registrada no país – e que atingiu fortemente a situação fiscal
dos governos locais –, Wei indica que vê potencial na recuperação da economia.
“Pela minha visão, e eu fiquei
trinta anos no Brasil, a economia e os negócios do país têm um futuro muito
grande”, afirma. “Para a China, o Brasil é um país muito importante. E vai ter
bastante negócio entre esses dois países. Essa é a minha função”, diz Wang Shu
Wei.
Por: G1 CE
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