O Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) divulgou o Índice Municipal de Alerta (IMA)
referente a 2017, com base em análise de indicadores de chuva, produtividade de
safra agrícola, reservas hídricas, bolsa família, seguro safra e escoamento de
produção. São 32 municípios em alta vulnerabilidade, sendo os cinco maiores
Catarina, Potiretama, Monsenhor Tabosa, Deputado Irapuan Pinheiro e Solonópole.
Os dados têm referência
anual, mas apresentam por base as análises dos indicadores entre janeiro e
junho passado. Os municípios foram distribuídos em quatro grupos por grau de
vulnerabilidade: alta, média-alta, média-baixa e baixa. Os índices foram
concedidos no Grupo Interinstitucional Permanente para Convivência e
Desenvolvimento Sustentável do Semiárido.
Prevenção
O IMA é um instrumento para
orientações preventivas sobre as adversidades climáticas que atingem o Ceará.
No documento, ressaltam-se os seis anos seguidos de chuvas abaixo da média
histórica, perda das reservas hídricas nos mananciais e agravamento do quadro
de estiagem, além de alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas que podem
resultar em aumento da temperatura do ar e redução de 20% nos índices
pluviométricos nos próximos 20 anos.
Para o Ipece, o IMA é uma
importante ferramenta de gestão que o governo dispõe para identificar os
municípios que potencialmente vão ser mais afetados pelas intempéries
climáticas, falta de recursos públicos, hídricos e perdas de produção nos
setores agropecuários. A partir desses dados, seriam priorizadas as políticas
públicas.
Quanto mais próximo de 1 for
o valor do indicador do IMA, mais vulnerável será o município e quanto mais se
aproxima de zero, ocorre o inverso. Os dados referentes a este ano mostram uma
média geral do IMA de 0,66 - com valor mínimo de 0,25 e máximo de 0,88.
Uma característica no grupo
de alta vulnerabilidade que os técnicos observaram é que ocorre maior
homogeneidade nas questões climáticas, agrícolas e sociais (bolsa família,
seguro safra). Já no quadro de baixa vulnerabilidade incluem-se 31 municípios, que
são menos homogêneos nessas referências.
Os municípios mais
vulneráveis, em sua maioria, estão nas regiões dos Sertões dos Inhamuns (5),
Sertões de Crateús (4), Sertão Central (5), Centro-Sul (9), Vale do Jaguaribe
(5). Todos da região dos Inhamuns (Tauá, Aiuaba, Arneiroz, Parambu e
Quiterianópolis) são de alta vulnerabilidade.
Menos vulneráveis
O estudo demonstra que os
municípios com menor vulnerabilidade estão em sua maioria na Serra da Ibiapaba,
Maciço de Baturité, Grande Fortaleza, Litoral Leste e Litoral Norte. Na Grande
Fortaleza, apenas São Luís do Curu foi classificado como sendo de média-alta
vulnerabilidade; e no Litoral Leste, a exceção foi Jaguaruana. No Litoral
Norte, não aparece nenhuma cidade nesse grau de vulnerabilidade. As regiões de
Maciço de Baturité, Serra da Ibiapaba, Litoral Leste, Litoral Norte, Litoral
Oeste/Vale do Curu e Sertão de Sobral não possuem nenhum município de alta
vulnerabilidade.
Catarina apresentou maior
vulnerabilidade (0,88), em decorrência da situação hídrica dos mananciais,
distribuição das chuvas, utilização de área colhida com culturas de
subsistências e a produtividade agrícola por hectare. Potiretama aparece em
segundo lugar com 0,870 e Monsenhor Tabosa, em terceiro, com indicador de
0,853.
Os três menos vulneráveis
são Ibiapina (0,249), São Benedito (0,361) e Guaramiranga (0,406). Esses têm
melhor situação hídrica, climatológica, bons resultados na produção agrícola
por habitante, produtividade agrícola por hectare mais elevadas e por
conseguinte verificou-se uma menor perda de safra.
Oportuno
Para o economista da Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antonio Pereira de
Souza, o estudo é oportuno, pois indica onde os recursos públicos para o
combate aos efeitos da estiagem devem ser priorizados. Outro aspecto que
salientou foi a preocupação com o agravamento das condições climáticas, com
chuvas em menor intensidade desde 2012 e possibilidade de persistência do
quadro de perdas das reservas hídricas em 2018.
O vice-presidente da
Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) e prefeito de Cedro,
Nilson Diniz, pontuou que a situação hídrica vem se agravando no sertão
cearense, afetando milhares de famílias que sofrem com a escassez de água de
qualidade, perda da renda familiar mediante a frustração de safra agrícola e
maior vulnerabilidade social. "Esperamos que esse estudo tenha aplicação
efetiva no direcionamento das políticas públicas", finalizou.
Fonte: Diário do Nordeste
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