A recuperação da economia
brasileira está tendo como efeito colateral indireto o aumento dos casos de
golpes contra consumidores.
Indicador do birô de crédito
Serasa Experian computou 950.632 tentativas de fraude contra pessoas físicas no
primeiro semestre, ou uma a cada 16,5 segundos.
É um crescimento de 7,5% em
relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 884.105
tentativas, ou uma a cada 18 segundos.
Carolina Aragão, gerente do
SerasaConsumidor, afirma que o aumento acompanha a maior demanda de crédito do
consumidor.
“Esses golpes aumentam conforme
crescem as transações em lojas e o consumo em si, porque é quando o consumidor
usa seus dados. É aí que o criminoso encontra brecha para se apropriar de
informações e cometer a fraude”, afirmou.
No primeiro semestre, a demanda
do consumidor por crédito cresceu 2,1% em relação ao mesmo intervalo de 2016
-em julho, a alta foi de 11,4% ante igual mês do ano passado. A expectativa é
que continue aumentando, acompanhando a consolidação da retomada econômica, e
os fraudadores devem tentar se aproveitar desse movimento, avalia Aragão.
NOME SUJO
A enfermeira Josiane Roberta de
Menezes, 32, não deu a sorte de ficar só na estatística das tentativas. No caso
dela, o golpe se materializou.
Em maio deste ano, Josiane tentou
fazer o cartão de crédito de uma loja esportiva, mas não conseguiu. “Achei que
era política da empresa, porque continuava recebendo outras propostas de
cartões do meu banco.”
Um dia, por curiosidade, a
enfermeira decidiu saber qual era sua pontuação de crédito, ao ver um anúncio
de serviço oferecido pela Serasa. Achou baixa. Ao investigar o motivo,
descobriu uma dívida de R$ 276 em aberto com uma empresa de telefonia -que
tinha incluído seu nome no cadastro de inadimplentes em setembro de 2016 pela
falta de pagamento.
Depois de algumas ligações para
tentar resolver o problema, Josiane ficou sabendo que a conta não paga era
referente a uma linha telefônica no Ceará -apesar de ela nunca ter ido ao
Estado ou conhecer alguém lá.
“Eles não explicam como isso
aconteceu. E eu queria dar entrada em um carro, mas o fato de meu nome ter sido
negativado fez com que as taxas do financiamento subissem. Ficou bem mais
caro”, afirmou a enfermeira.
SETORES
A telefonia é justamente o segmento
líder de tentativas de fraudes, mostra o indicador da Serasa. Foram 366.188 no
primeiro semestre, o que representa 38,5% do total.
“Historicamente, observamos que a
telefonia é a grande porta de entrada do fraudador, porque gera um comprovante
de residência. A partir daí, ele junta com outros dados e comete fraudes
maiores, como abrir uma conta bancária ou conseguir um empréstimo”, diz
Carolina Aragão, do SerasaConsumidor.
Serviços aparecem em segundo
lugar, com 30,1%. Bancos e financeiras respondem por 23,8% das tentativas, mas
foi nesse segmento que houve o maior salto na comparação semestral: 31,2%.
Segundo a Serasa, as principais
tentativas de fraude são compra de celulares com documentos falsos, emissões de
cartões de crédito, financiamento de eletrônicos e abertura de
contas-correntes.
Mas há casos também em que os
dados são usados para comprar bens maiores, como carros, ou até mesmo para
abrir empresas.
COMO EVITAR SER VÍTIMA DE
GOLPISTAS
Para evitar ser vítima de
fraudadores, o consumidor não deve fornecer seus dados a estranhos. Outra dica
é, em lojas, não deixar que os atendentes levem o cartão para longe. Também não
insira sua senha se houver desconhecidos por perto.
O consumidor precisa acompanhar o
extrato bancário e acionar o banco se desconfiar de transação. Se perder um
documento, a recomendação é fazer boletim de ocorrência.
Em compras virtuais, atenção ao
site: uma forma fácil de evitar golpes é checar se, na barra do navegador, o
endereço começa com https.
Vale também atualizar sempre o
antivírus no computador e não fazer operações que exijam senha em computadores
públicos.
Com informações Folha de S. Paulo
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