O primeiro uso oficial no Brasil
da “vacina para câncer”, apresentada ao mercado em dezembro de 2016, foi
iniciado em um paciente do Hospital São Camilo Cura d’Ars, em Fortaleza. A
Blinatumomab, chamada de Blincyto, começou a ser diagnosticada no idoso na última
sexta-feira, 1ª. O tratamento de infusão continuada da substância dura 28 dias
e custa, por dia, R$ 10 mil. O valor está sendo pago por um convênio de saúde
vinculado à Petrobras.
A Blincyto foi liberada pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há 90 dias, mas precificada
somente na quarta-feira passada, conforme o responsável pelo tratamento do
paciente no hospital São Camilo e pós-doutor em hematologia, Ronald Pinheiro.
“A droga já foi usada no Brasil em teste laboratoriais ou sem seguir as regras
da Anvisa, mas de acordo com a legislação brasileira, é a primeira vez”, frisa.
O tratamento foi iniciado às 17
horas da sexta passada e já apresentou resultados impressionantes, com queda de
células leucêmicas de 70 mil para 4.500 - em apenas quatro dias. No Brasil,
esse tratamento só foi liberado para idosos, mas também é eficaz em crianças,
que são curadas em 80% dos casos.
“A utilização é para leucemia
linfocítica aguda, quando não tem mais possibilidade de ser feita a
quimioterapia tradicional. A gente chama de vacina, mas o nome certo é
imunoterapia”, explica Ronald. O nome do paciente, bem como a idade, é mantido
em sigilo por ética médica.
O tratamento, além de caro,
costuma dar reações anafiláticas fatais e requer atenção continuada da equipe
médica. “Uma dose, por dia, tem nove microgramas. Um miligrama tem 1.000
microgramas. Tem nas primeiras semanas risco de óbito de 19%, por isso, é muito
perigosa e requer tanto cuidado. Tem que colar no paciente”, afirma Ronald.
Vantagens
A grande vantagem, ainda de
acordo com Ronald Feitosa, é o duplo mecanismo no tratamento com a substância.
“Tem um estudo randomizado, publicado em 2016, na New England Journal of
Medicine, que mostra que é muito mais efetiva que a quimioterapia tradicional.
Tanto mata célula leucêmica doente, como estimula o sistema imunológico a
atacara a célula da leucemia. Não podemos ainda falar em cura, mas o grande
benefício é prolongar a sobrevida”, completa.
Por: O Povo
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