Quando assunto é solidariedade e
amor ao próximo, o empresário cerense George Viana Mendes serve de exemplo para
muita gente. Aos 45 anos, ele é o maior doador de sangue cadastrado no Centro
de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), com 62 doações realizadas. O
espírito altruísta de George ajudou a salvar dezenas de vidas, tendo em vista
que uma única bolsa pode ajudar até quatro pessoas, conforme o Hemoce.
George Viana, porém, acredita que
tenha realizado mais doações do que está registrado no sistema do Hemoce, já
que ele doa, regulamente, quatro vezes por ano, número máximo permitido para
uma pessoa saudável. Como a primeira doação foi feita aos 18 anos de idade, ele
acredita que tenha realizado mais de cem vezes transfusões. Porém, o sistema informatizado
do centro hematológico só passou a contabilizar as doações no ano de 1999.
Apesar da importante marca, o
empresário parece não ter a noção do bem que faz realizando rotineiramente as
doações. Com palavras simples e sem querer nenhuma recompensa, ele diz apenas
que "começou a doar e não parou mais".
"A primeira doação deve ter
sido porque algum familiar ou amigo tenha pedido [sangue] pra reposição. É
primordial pra vida das pessoas. Eu graças a Deus nunca precisei, mas a gente
só vai saber da importância quando um familiar seu precisar", comentou.
O empresário diz que um dos
motivos para ter continuado realizando as doações todos os anos é o seu tipo
sanguíneo: O negativo. A diretora-geral do Hemoce, Luciana Carlos, confirma que
esse é um dos tipos de sangue mais importantes para o hemocentro porque é
considerado "universal". Além disso, somente 4% dos cearenses são O
negativo.
"É um tipo de sangue que a
gente usa nas emergências. Em casos que o paciente está tão grave que não pode
esperar a classificação, a gente já leva o O negativo. É um sangue muito
estratégico. Como somente 4% da população do nosso estado é O negativo, temos
um trabalho para as pessoas se tornarem doadores, e a gente fica super feliz
com quem entende isso", disse a diretora do Hemoce.
Espírito solidário
O doador acredita que ter nascido
com esse tipo sanguíneo tenha sido "uma dádiva de Deus". Desta forma,
é quase que uma obrigação realizar a doação e ajudar as pessoas em um dos
momentos que mais precisam. E mesmo sem saber quem recebeu seu sangue, o empresário
acredita que a recompensa vem em saber que ajudou na recuperação de alguém.
Além disso, ele comenta que
procura outras formas de ajudar o próximo. George fala que também já se
cadastrou para doar plaquetas e médula óssea. Ele acrescenta ainda que procurou
saber como funciona o processo para doar um dos rins. A doação não foi
realizada, porém, por não ter sido encontrado nenhuma pessoa compatível.
O empresário também divulga as
campanhas de doações realizadas pelo Hemoce. Ele procura, inclusive, incentivar
amigos e familiares para quem doem sangue de forma regular, seguindo o seu
exemplo. George, que é pai de uma bebê, diz que a filha também veio com sangue
O negativo. Futuramente, segundo George, ela também será uma doadora, seguindo
o exemplo do pai.
"Eu acho que faz bem pra
gente doar, até para renovar o nosso sangue. E melhor ainda pra alma. Você está
ajudando a salvar vidas com a doação. Eu acho que o que motiva é fazer o bem.
Eu não sei quem vai receber meu sangue, mas a gente tem que procurar fazer mesmo
assim", acrescenta, bem-humorado, o cearense.
Doações que salvam vidas
Luciana Carlos, diretora-geral do
Hemoce, também comenta sobre o bem que faz a doação, tanto para quem doa, como
pra quem recebe. Ela acrescenta que o doador "é a razão para que o hemocentro
funcione".
"Não tem nada que substitua
esse compromisso, porque sem o doador a tranfusão não acontece. Sem essas
pessoas a gente não conseguiria fazer atendimento nos hospitais. Não adiantaria
contar com os melhores profissionais, os melhores equipamentos e não ter o
doador. É por isso que a gente agradece. E eu sei que ele [George] não faz
porque a gente agradece, mas porque tem esse compromisso com o próximo. Isso é
importante para que outras pessoas sigam o mesmo exemplo. Quem pode doar precisa
entender a importancia da doação", afirma.
Atualmente, o Hemoce atende 427
unidades hospitalares e realiza mais de 130 mil transfusões por ano, a partir
das doações realizadas por pessoas como o George. A diretora do centro
complementa dizendo que cada vez mais é preciso de doadores comprometidos com o
próximo, para que cada vez mais vidas sejam salvas.
"Os hemocentros existem para
salvar vidas. É um desespero enorme você precisar de uma doação e não ter uma
oportudide de tranfusão e ver seu paciente morrendo por falta de sangue. Aqui
no estado, graças a doadores como o George, nós já não sofremos com isso.
Sempre temos doadores comprometidos com os pacientes. Então, o que a gente
espera, é que ele [George] continue e que esse exempro de cidadania e amor seja
imitado."
Por: G1 CE
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