Depois de cinco meses com
áreas livres de seca no Estado, a estiagem voltou a avançar sobre todo o
território cearense. Divulgados na tarde de ontem (17), os dados do Monitor das
Secas da Agência Nacional das Águas (ANA) referentes ao mês de setembro
revelaram que 99,98% do Ceará apresenta regiões de seca, desde o nível mais
leve (seca fraca) até o grau mais elevado (seca excepcional).
Em relação a agosto, houve
intensificação de quase todos os tipos de estiagem. A seca excepcional, que no
mês passado atingia 5,28% do Estado, passou a atingir 10,61%. O percentual do
território afetado apenas por seca extrema, segundo nível mais alto da escala
da ANA, subiu de 14,33% para 23,05%. A área afetada só pela seca moderada
também registrou aumento, indo de 11,05% para 15,48%. O mesmo aconteceu com a
área somente de seca fraca, que passou de 27,22% do Estado a 32,77%. A única
categoria que apresentou redução foi a seca grave, que estava em 22,24% do
território e agora está em 18,07%.
A principal mudança ocorreu
na região Norte do Ceará, que até mês passado encontrava-se sem seca e passou a
ser área de seca fraca. Segundo o meteorologista David Ferran, da Fundação
Cearense de Meteorologia (Funceme), o agravamento da estiagem deve-se à queda
dos índices pluviais no Estado e consequentemente perda da vegetação. Em
setembro, conforme informações da Funceme, o Ceará registrou média de apenas
3,8 mm de chuvas. De acordo com o monitoramento da ANA, os impactos sociais,
ambientais e econômicos da estiagem devem ser de curto prazo (quatro meses ou menos)
na região Norte, e de curto a longo prazo (mais de 12 meses) no restante do
Estado.
"Vemos que, em todas as
regiões, ocorreu um aumento gradativo do grau de seca e a tendência é esse grau
aumentar ainda mais pela ausência de chuvas. Regiões que estão com seca fraca
tendem a ficar com seca moderada, as com seca moderada tendem a ficar com seca
grave, e assim por diante", diz Ferran.
Apesar de desanimador, o
meteorologista destaca que o cenário deste ano pode ser considerado melhor que
o do igual período de 2016. "A situação está bem menos grave. Em setembro
de 2016, todo o Estado estava com seca moderada a seca excepcional. Como, no
litoral, as chuvas foram normais nesse ano, deu para o Estado se recuperar
razoavelmente bem", observa. O quadro atual, no entanto, torna-se mais
preocupante diante das baixas expectativas de precipitações para os próximos
meses. Até o fim do ano, conforme David Ferran, as chuvas no Ceará devem ser
pontuais e não devem ter reflexos significativos na redução da estiagem. Nos meses
de outubro, novembro e dezembro, as médias históricas observadas pela Funceme
são de apenas 3,9 mm, 5,8 mm e 31,6 mm, respectivamente.
A escassez de chuvas deve
piorar ainda mais a situação dos municípios cearenses, em especial os do
Interior do Estado, principais afetados por anos consecutivos de estiagem. De
acordo com dados do Ministério da Integração Nacional, atualmente, 55
localidades se encontram em estado de emergência por seca ou estiagem. A lista
inclui municípios do Interior; cidades da Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF), como Eusébio e Maracanaú; e até a Capital, cujo reconhecimento da
situação de emergência deve vigorar até janeiro de 2018.
Seca fraca
Entrando ou saindo de seca,
com plantio, culturas e pastagem reduzidos e déficit hídrico Seca moderada Danos
a culturas/ pastagens e reservatórios; falta de água em desenvolvimento ou
iminentes.
Seca grave
Perda de cultura ou
pastagens prováveis, escassez de água comum.
Seca extrema
Grande perda de
cultura/pastagem, escassez de água generalizada.
Seca excepcional
Perda de cultura/pastagem
generalizada; escassez de água nos reservatórios e poços, criando situações de
emergência.
Por - Vanessa Madeira /
Fonte: Diário do Nordeste
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