A cada 100 detentos que fugiram do sistema penitenciário cearense em 2017, apenas oito foram recapturados. Entre maio e outubro, 476 presos fugiram das unidades prisionais.
Destes, 40 foram recapturados — o que representa 8,4%. Assim, seguem foragidos no Estado 436 internos de unidades da Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).
No último mês de outubro, foram 121 detentos que escaparam das unidades e apenas dois recapturados.
Dos seis meses contabilizados desde maio, quando a estatística do sistema penitenciário foi implantada, outubro é o que tem recorde de fugas.
O mês passado também registrou casos de rebelião e morte. Em uma delas, três detentos foram encontrados carbonizados. Em outra, dois presos foram torturados e esquartejados - todos os casos ocorreram no Complexo de Itaitinga. Em outubro, houve ainda quebra-quebra nas unidades e interrupção das visitas em penitenciárias que apresentaram maior índice de violência.
Com capacidade para 8.568 detentos, a população carcerária dos complexos penitenciários (que exclui cadeias públicas e complexos hospitalares), no mês de outubro chegou a 14.241 internos (66% de excedente).
Conforme as estatísticas, o mês de setembro foi o que apresentou menor número de fugas, com 31 casos e uma pessoa recapturada. Já em agosto foram 77 fugas e oito recapturas. Em julho, haviam sido 68 fugas, sem nenhuma recaptura. Em junho foram 96 fugas e 19 recapturas. Em maio, houve 83 fugas e 10 recapturas.
Segundo a secretária da Justiça do Estado, Socorro França, a descoberta da fuga de um preso acontece após contagem ou vistoria. Ela explica que, quando o preso foge, é imediatamente aberto inquérito policial, que é encaminhado ao Ministério Público para que seja feita denúncia à Justiça. “Se ele (detento) tem algum benefício, após registro de fuga, perde”, pontua.
A secretária defende que o excedente prisional contribui para a ocorrência das fugas. E cita que o Tribunal de Justiça (TJCE) tem movimento de ajuda ao sistema penitenciário, no intuito de diminuir essa superlotação, que julga os réus multidenunciados (que respondem a vários processos).
Socorro também cita a grande quantidade de prisões no Estado como fator que contribui com o excedente. “Nunca se prendeu tanto. Nós temos quase sete mil presos neste ano que vêm das delegacias de Polícia e de audiência de custódia”, relata.
Sem detalhar, por questão de estratégia e segurança, a gestora afirma que medidas estão sendo tomadas em todas as unidades para impedir as fugas.
O POVO enviou email para a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ontem, às 16h08min, com questionamentos sobre a situação. A assessoria informou que o órgão não responderia, por causa do horário em que foi feita a solicitação.
Números 436 detentos que escaparam em seis meses deste ano ainda estão foragidos.
O Povo
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