quarta-feira, 1 de novembro de 2017

AUMENTO DE CONSUMO DOMICILIAR NO CEARÁ ACENDE ALERTA




Fortaleza e Região Metropolitana atingiram em setembro a maior média de consumo de água por residência dos últimos 18 meses. Com registro de 11,8 metros cúbicos (m³) por casa, o consumo em setembro deste ano foi 8,15% maior do que o de agosto, que registrou 10,91 m³ de média; e 1,7% maior no comparativo com setembro de 2016. Desde 2014, a água usada em um mês não é maior que a do mesmo período do ano anterior. O aumento acendeu o sinal de alerta do Grupo de Contingência do Governo do Estado.

Setembro foi também o segundo mês com o maior número de clientes pagando tarifa de contingência desde que a medida de economia foi implantada, no fim de 2015. Ou seja, mesmo pagando mais caro, 287.590 consumidores ultrapassaram a meta de consumo estabelecida. O número só é menor do que o de janeiro de 2016, em que 291.551 pagaram tarifa nas contas de água.

Presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Neuri Freitas detalhou, em coletiva à imprensa, que o consumo total passou de 12,3 milhões de m³ totais em 2014 para 10,7 milhões de m³ em 2017. “E é nesse patamar que queremos ficar, com uma média de consumo 10,8 m³ por residência. Isso nos daria um conforto maior e faria com que tivéssemos um abastecimento de água na RMF sem qualquer dificuldade até chegarmos na próxima quadra chuvosa”, apontou.

O presidente ainda indicou que a retirada de água do açude Gavião passou de 9,3 m³/s para 8 m³/s e, sem a economia esperada, haverá dificuldades em manter controlada oferta e demanda de água. “Eventualmente, poderemos ter falhas nesse abastecimento em áreas”, alerta. O Gavião é hoje o principal reservatório de abastecimento da Capital e RMF e está com 80,91% da capacidade, desde que o Castanhão (com apenas 3,6% do volume) reduziu em setembro o repasse para Fortaleza a valores mínimos.

Estudos estão sendo feitos para determinar o que causou o aumento e se ele se apresenta como tendência para os próximos meses. “Parece que houve um pouco de acomodação (do consumidor em relação a queda de economia). Precisamos continuar com o consumo responsável”, afirmou Neuri.


Panorama

Conforme o Portal Hidrológico, mantido pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), os 155 açudes cearenses estão com 8,8% do volume total e 118 açudes estão com volume abaixo de 30%, 19 estão secos e 45 atingiram o volume morto.

De acordo com Meiry Sakamoto, supervisora do Núcleo de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as previsões para a próxima quadra chuvosa ainda não são assertivas. O que tem se apresentado é um leve resfriamento do Pacífico que pode levar a uma La Niña moderada até fevereiro. “As tendências são melhores do que as dos anos anteriores. Mas só a presença da La Niña não indica boas chuvas”.

Ainda assim, medidas como o racionamento clássico e uma tarifa de contingência maior ainda não são discutidas. “É muito cedo para tomar outra medida, mas é preciso conclamar a sociedade para continuar economizando”, indicou Francisco Teixeira, titular da Secretária dos Recursos Hídricos.

“Toda essa preocupação não quer dizer que amanhã vai faltar água se o consumo permanecer nesse patamar. A nossa preocupação não é mais 2017, é para daqui a um ano. A nossa preocupação é não perdermos de vista a cultura que a nossa população já está adquirindo de economizar, de saber viver de forma mais adequada com a escassez hídrica e de ter uma convivência mais harmoniosa com o semiárido”, ressaltou o secretário.


O Povo

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