O Ceará deve fechar o ano com um recorde histórico de
homicídios. Entre janeiro e outubro, foram registrados 4.211 Crimes Violentos
Letais Intencionais (CVLIs). O total é apenas 5% menor do que a maior taxa já
registrada no Estado — 4.439 casos, em todo 2014. Em Fortaleza, considerando os
meses de outubro de 2016 e 2017, o aumento de assassinatos foi de 140%. O
aumento no acumulado de janeiro a outubro chega a 96%. Mais da metade dos
assassinados na Capital eram jovens entre 12 e 24 anos.
Os números foram apresentados ontem durante reunião envolvendo o comando da Segurança Pública do Estado. Antes do encontro, mas já de posse dos dados, o governador Camilo Santana (PT) anunciou a contratação de 730 policiais civis.
O gestor voltou a afirmar que as altas sucessivas de CVLIs no Ceará são resultado de um problema nacional que tem eixos problemáticos como defasagem da legislação, proteção deficitária de fronteiras e tráfico de drogas, que fortalece as facções criminosas.
A primeira manifestação de Camilo a respeito dos números da Capital destacou o perfil das vítimas. “Um dado interessante é que 61% das pessoas que morreram de janeiro a julho tinham antecedentes criminais. Quase 82% dessas pessoas que estão morrendo têm algum envolvimento com drogas”, afirmou.
Na sequência, o governador deu ênfase ao aumento de 20% das pessoas presas no Estado, de 30% da apreensão de armas e de 200% na apreensão de entorpecentes. “Isso demonstra que a Polícia está agindo”, disse. Camilo Santana disse ainda que estão sendo feitos investimentos tecnológicos, que priorizam a integração no sistema de Segurança, além de ações mais ostensivas. “Há uma necessidade forte de uma Polícia mais ostensiva nesse momento. Estamos vivendo um momento atípico, e é no Brasil inteiro, que é a disputa de territórios por facções”, afirmou.
Secretário
O titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, afirmou que o maior desafio do Ceará e de outros estados é enfrentar as mortes violentas. Decapitações, mutilações e torturas têm sido uma constante nos casos de homicídios. “Esse é um desafio que nunca foi enfrentado. Nunca vimos esse grau de violência e perversidade nos homicídios. Esse grau de identidade das pessoas com as facções é um fenômeno que o País não tinha enfrentado antes”, ponderou.
O enfrentamento, conforme o secretário, soma policiais nas ruas e estudos científicos. “Implementamos um novo tipo de patrulhamento em algumas áreas onde houve redução”, disse. Pirambu e Barra do Ceará são bairros onde, de acordo com André Costa, os CVLIs diminuíram.
Viaturas
A divulgação dos índices criminais ocorreu junto à entrega de 18 novas viaturas para a Polícia Civil.
O investimento na aquisição dos veículos, de modelo Jeep Renegade, foi de R$ 1,8 milhão.
As novas viaturas seguirão para os municípios de Sobral, Quixadá, Icó, Iguatu, Crato, Juazeiro do Norte, Acaraú, Aracati e Jijoca de Jericoacoara.
A previsão é de que a Polícia Civil receba, até o fim deste ano, 150 novos fuzis.
Conforme Camilo Santana, até maio do ano que vem, todos os municípios com mais de 50 mil habitantes terão Batalhão do Raio.
O POVO - SARA OLIVEIRA
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