Com quase 100 mil casos, o número de pessoas que tiveram
febre chikungunya em 2017 no Ceará foi mais que o triplo do apresentado em
2016, quando foram confirmados 31.482 casos. Considerando todos os casos
suspeitos notificados (136.273), o Estado respondeu por 73% dos registros de
todo o Brasil — 185.605, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com a técnica do Núcleo de Controle de Vetores da
Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Ricristhi Gonçalves, o pico foi causado
pela suscetibilidade da população à nova doença, que começou a aparecer no
Estado no fim de 2015, aliado à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Dos
99.984 casos confirmados, 162 resultaram em óbito.
No ano passado, a Sesa implantou medidas para combater os
focos do Aedes aegypti, transmissor da chikungunya e da dengue e da zika. No
período, foi liberado incentivo financeiro de R$ 10 milhões para ser
distribuído entre os municípios que apresentassem bons indicadores, com
cobertura de visita domiciliar por agentes de saúde e endemias, criação de
comitês municipais e a realização do Levantamento Rápido de Índice para Aedes
aegypti (LIRAa).
“Tentamos criar um ambiente desfavorável para o mosquito.
Conseguimos uma boa adesão das cidades. Hoje, não há nenhum município que não
tenha atingido 80% de cobertura de visita domiciliar. Esperamos ter resultados
na transmissão das doenças e, especialmente, a redução dos casos de
chikungunya”, projeta Ricristhi Gonçalves.
Fortaleza
Do total de casos confirmados de chikungunya no Ceará, mais da
metade (57.435) foram em Fortaleza.
Como forma de enfrentar os desafios impostos pelas doenças
transmitidas pelo Aedes, a lei 9.835, de 2011, que criou normas para evitar a
propagação da dengue na Cidade, foi atualizada para deixar mais claras as responsabilidades
da administração municipal e da população.
O gerente da Vigilância Ambiental de Fortaleza, Nélio Morais,
explica que a atualização da lei deixou mais claros os procedimentos para
autuação de moradores que não combatem focos do mosquito e para a garantia do
acesso dos agentes de saúde e endemias nas propriedades. “A intenção não é
partir para a multa pela multa, mas educar e fazer com que todos os pares
assumam um compromisso. A chikungunya chegou e pegou toda uma população
suscetível. Não vencemos nem a dengue ainda. Então, é preciso trabalhar a
responsabilização tanto do poder público como da sociedade” O último
levantamento feito em Fortaleza, em outubro, mostrou um índice de infestação de
0,63%. Apesar do bom resultado, Morais explica que o dado não tem o caráter de
prever como será a transmissão das doenças, sobretudo por ter sido realizada em
um período sem chuvas. Novo balanço será feito no fim deste mês.
(Agência Brasil)
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