Criminosos têm desafiado o Poder Judiciário no Ceará neste
início deste ano, ao promoverem três ações criminosas contra prédios do
Tribunal de Justiça (TJCE), em três semanas. Pelo menos duas ações foram
assumidos por facções criminosas.
Na última ação, registrada na madrugada desta quinta-feira
(18), uma quadrilha arrombou o Fórum de Maranguape, amarrou o vigilante e
pichou as paredes com a sigla da facção Guardiões do Estado (GDE). A Polícia
Civil investiga se armas de fogo foram roubadas durante o ataque. Segundo o
titular da Delegacia Metropolitana de Maranguape, delegado Francisco Braúna,
era por volta de 2h quando criminosos armados cortaram o cadeado da porta da
entrada do Fórum e amarraram o vigilante, que não trabalhava armado.
O bando procurou por armas de fogo que estariam custodiadas no Fórum mas,
de acordo com Braúna, existe uma grande possibilidade de os criminosos não
terem encontrado, já que a própria Delegacia Metropolitana não estava enviando
armas apreendidas ao Fórum do Município, a pedido do Poder Judiciário, que
temia justamente ações como a que ocorreu ontem.
"Já tinha uma determinação do diretor do Fórum de não
receber mais armas. Eu mesmo estava mandando para a Perícia e depois acionava o
Exército para pegar e destruir. Se tiverem roubado, foram poucas armas e
velhas", acredita o delegado.
A Polícia suspeita de que, além das armas, documentos e
outros objetos tenham sido roubados. "Eles estavam tentando levar um
cofre, que teria armas, mas foi deixado no hall de entrada do Fórum. Deve ter
sido a pressa", armou Braúna.
Na saída, os criminosos picharam 'GDE' em algumas paredes do
Fórum, para 'assinar' a ação ousada realizada pela facção criminosa Guardiões
do Estado. A sala destinada ao Ministério Público do Ceará (MPCE) foi um dos
alvos das pichações.
A Polícia Civil foi ao local e começou a investigação sobre o
crime. A Polícia Militar resguardou a área até a chegada da Perícia Forense do Ceará
(Pefoce). Somente com a perícia no local, a Polícia terá conhecimento real do
que foi roubado. Ninguém foi preso pelo ataque criminoso até o fechamento desta
matéria.
Ameaça
Em outra ação ousada promovida pelo crime organizado e direcionada
ao Poder Judiciário, nesta semana, a facção Primeiro Comando da Capital (PCC)
ameaçou o juiz - além do promotor e do delegado - de Senador Pompeu, a 283 km
de Fortaleza, através de uma carta, e conseguiu o seu objetivo: a transferência
de um comparsa que estava preso na Cadeia Pública do Município.
De acordo com o comandante da Área Integrada de Segurança
(AIS) 20, tenente-coronel José Ednardo Calixto, a carta foi arremessada para dentro
do Fórum de Senador Pompeu por dois homens em uma motocicleta, na última
segunda-feira (15).
A carta exigia a transferência do preso Jefferson Felipe
Neres, conhecido como 'Gel', para outra unidade prisional, já que os xadrezes
da Cadeia Pública de Senador Pompeu são dominados por uma facção rival ao PCC,
o Comando Vermelho (CV).
"Viemos por meio dessa carta informar que nos (sic) do
Primeiro Comando da Capital estamos exigindo a transferência de um irmão nosso,
que está cercado pelos vermes do CV. Esse recado vai pro juiz, delegado (sic),
promotor, pra fudinho (sic) que desacretirar do Primeiro Comando da Capital,
somos o crime organizado, e se as nossas exigências não forem obedecidas (sic).
Senador Pompeu vai pegar fogo órgão público vai ser o nosso alvo",
escreveram os criminosos.
A dupla do PCC que trafegava na motocicleta atirou próximo à
Cadeia Pública, na tarde da segunda. Alguns dos disparos atingiram uma residência,
mas ninguém ficou ferido. Resultado: Gel foi transferido para outra Cadeia, na
noite do mesmo dia.
O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) informou, por nota, que
estava dando todo o apoio ao magistrado ameaçado, inclusive enviando um tenente
e uma equipe a Senador Pompeu para reforçar a segurança do juiz. "O TJCE,
imediatamente, solicitou as devidas providências junto à Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social do Estado", afirmou o órgão.
Questionado sobre a série de ações criminosas, o Tribunal de
Justiça do Ceará (TJCE) informou que "as devidas providências, em relação aos
acontecimentos contra os prédios do Poder Judiciário estadual, são tomadas,
imediatamente, pela Comissão de Segurança Permanente do Poder Judiciário, junto
à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado".
O órgão explicou que, sistematicamente, encaminha armas de
fogo para destruição junto ao Exército Brasileiro, em parceria com o Conselho Nacional
de Justiça (CNJ). "O objetivo é dar destino adequado aos armamentos
apreendidos pelos órgãos de segurança pública e que estavam armazenados nos
fóruns. O material é entregue pela Polícia ao 10º Depósito de Suprimentos da
10ª Região Militar".
O Tribunal de Justiça acrescentou que, somente no ano de
2017, encaminhou 1.696 armas de fogo para destruição e que, ao longo do mesmo
ano, mais de 6 mil armamentos foram destruídos somente no Ceará.
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário