sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

FACÇÕES DESAFIAM JUDICIÁRIO POR MEIO DE AÇÕES CRIMINOSAS

Criminosos têm desafiado o Poder Judiciário no Ceará neste início deste ano, ao promoverem três ações criminosas contra prédios do Tribunal de Justiça (TJCE), em três semanas. Pelo menos duas ações foram assumidos por facções criminosas.

Na última ação, registrada na madrugada desta quinta-feira (18), uma quadrilha arrombou o Fórum de Maranguape, amarrou o vigilante e pichou as paredes com a sigla da facção Guardiões do Estado (GDE). A Polícia Civil investiga se armas de fogo foram roubadas durante o ataque. Segundo o titular da Delegacia Metropolitana de Maranguape, delegado Francisco Braúna, era por volta de 2h quando criminosos armados cortaram o cadeado da porta da entrada do Fórum e amarraram o vigilante, que não trabalhava armado.

 O bando procurou por armas de fogo que estariam custodiadas no Fórum mas, de acordo com Braúna, existe uma grande possibilidade de os criminosos não terem encontrado, já que a própria Delegacia Metropolitana não estava enviando armas apreendidas ao Fórum do Município, a pedido do Poder Judiciário, que temia justamente ações como a que ocorreu ontem.

"Já tinha uma determinação do diretor do Fórum de não receber mais armas. Eu mesmo estava mandando para a Perícia e depois acionava o Exército para pegar e destruir. Se tiverem roubado, foram poucas armas e velhas", acredita o delegado.

A Polícia suspeita de que, além das armas, documentos e outros objetos tenham sido roubados. "Eles estavam tentando levar um cofre, que teria armas, mas foi deixado no hall de entrada do Fórum. Deve ter sido a pressa", armou Braúna.

Na saída, os criminosos picharam 'GDE' em algumas paredes do Fórum, para 'assinar' a ação ousada realizada pela facção criminosa Guardiões do Estado. A sala destinada ao Ministério Público do Ceará (MPCE) foi um dos alvos das pichações.

A Polícia Civil foi ao local e começou a investigação sobre o crime. A Polícia Militar resguardou a área até a chegada da Perícia Forense do Ceará (Pefoce). Somente com a perícia no local, a Polícia terá conhecimento real do que foi roubado. Ninguém foi preso pelo ataque criminoso até o fechamento desta matéria.

Ameaça

Em outra ação ousada promovida pelo crime organizado e direcionada ao Poder Judiciário, nesta semana, a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçou o juiz - além do promotor e do delegado - de Senador Pompeu, a 283 km de Fortaleza, através de uma carta, e conseguiu o seu objetivo: a transferência de um comparsa que estava preso na Cadeia Pública do Município.

De acordo com o comandante da Área Integrada de Segurança (AIS) 20, tenente-coronel José Ednardo Calixto, a carta foi arremessada para dentro do Fórum de Senador Pompeu por dois homens em uma motocicleta, na última segunda-feira (15).

A carta exigia a transferência do preso Jefferson Felipe Neres, conhecido como 'Gel', para outra unidade prisional, já que os xadrezes da Cadeia Pública de Senador Pompeu são dominados por uma facção rival ao PCC, o Comando Vermelho (CV).

"Viemos por meio dessa carta informar que nos (sic) do Primeiro Comando da Capital estamos exigindo a transferência de um irmão nosso, que está cercado pelos vermes do CV. Esse recado vai pro juiz, delegado (sic), promotor, pra fudinho (sic) que desacretirar do Primeiro Comando da Capital, somos o crime organizado, e se as nossas exigências não forem obedecidas (sic). Senador Pompeu vai pegar fogo órgão público vai ser o nosso alvo", escreveram os criminosos.

A dupla do PCC que trafegava na motocicleta atirou próximo à Cadeia Pública, na tarde da segunda. Alguns dos disparos atingiram uma residência, mas ninguém ficou ferido. Resultado: Gel foi transferido para outra Cadeia, na noite do mesmo dia.

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) informou, por nota, que estava dando todo o apoio ao magistrado ameaçado, inclusive enviando um tenente e uma equipe a Senador Pompeu para reforçar a segurança do juiz. "O TJCE, imediatamente, solicitou as devidas providências junto à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado", afirmou o órgão.

Questionado sobre a série de ações criminosas, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) informou que "as devidas providências, em relação aos acontecimentos contra os prédios do Poder Judiciário estadual, são tomadas, imediatamente, pela Comissão de Segurança Permanente do Poder Judiciário, junto à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado".

O órgão explicou que, sistematicamente, encaminha armas de fogo para destruição junto ao Exército Brasileiro, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "O objetivo é dar destino adequado aos armamentos apreendidos pelos órgãos de segurança pública e que estavam armazenados nos fóruns. O material é entregue pela Polícia ao 10º Depósito de Suprimentos da 10ª Região Militar".

O Tribunal de Justiça acrescentou que, somente no ano de 2017, encaminhou 1.696 armas de fogo para destruição e que, ao longo do mesmo ano, mais de 6 mil armamentos foram destruídos somente no Ceará.



Fonte: Diário do Nordeste

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