Padre Cícero, considerado santo popular no interior do Ceará, não nasceu em 24 de março de 1844. E nome de batismo dele nem é precisamente Cícero Romão Batista, como se acredita. As revelações foram feitas pelos pesquisadores Daniel Walker e Renato Casimiro, a partir de documentos digitalizados do santo popular.
O documento está registrado no livro de batismo da paróquia de Nossa Senhora da Penha, no Crato, na região Cariri cearense. Conforme Walker, já havia suspeitas sobre a verdadeira data de nascimento, que agora foi "comprovada" com um documento oficial.
Ainda segundo os pesquisadores, o documento original não permite um estudo claro do texto. A partir da digitalização, Walker e Casimiro realizaram um estudo aprofundado da caligrafia e descobriram as falhas.
O padre nasceu na verdade um dia antes, em 23 de março, e dois de seus sobrenomes tiveram a ordem invertida por opção própria do pároco, sendo o real nome de batismo Cícero Batista Romão, e não Cícero Romão Batista.
A próxima etapa do estudo da dupla é investigar por que Cícero utilizou, ao longo de toda a vida, a data de aniversário diferente do dia registrado em sua certidão. "Isso ainda é um mistério", diz Daniel Walker.
O que muda com a descoberta?
A data de nascimento do padre faz parte do calendário de Juazeiro do Norte, cidade fundada pelo próprio Cícero, que também foi o primeiro prefeito do município.
A Prefeitura de Juazeiro do Norte já se reuniu para decidir se reconhece a nova data como o dia oficial do nascimento do santo popular; caso haja a mudança, o feriado na cidade passa de 24 para 23 de março.
O nascimento de padre Cícero, assim como a data da morte, gera grandes romarias e lota as igrejas da cidade para lembrar os milagres do santo popular. Conforme os historiadores, a data de nascimento do padre deve ser reconhecida pelos fiéis aos poucos.
Reconciliação
Em dezembro de 2015 o Vaticano concedeu o perdão ao padre Cícero Romão Batista e cancelou as punições da Igreja Católica impostas a ele. Com a reconciliação, não há mais fatores impeditivos para que o "santo popular" do interior do Ceará seja reabilitado, beatificado ou canonizado.
Padre Cícero morreu sem conciliação com a igreja católico após o caso conhecido como "milagre da hóstia", no final do século XX. Segundo a crença popular, a hóstia dada por padre Cícero virou sangue na boca de uma beata e ele passou a ser considerado santo pelos fiéis.
Em carta enviada em dezembro de 2015 à Diocese do Crato, no sul do Ceará, o secretário do Vaticano Pietro Parolin afirma que "é inegável que o Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo".
Por G1
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