Mais de 100 cidades cearenses registraram precipitações
durante o Carnaval. A chuva do início da estação levou aporte a 81 açudes, com
um total de 16,4 milhões de m³ de água aos reservatórios. O solo está ficando
úmido, facilitando o escoamento; o céu está mais encoberto de nuvens, evitando
a evaporação; e o melhor da quadra chuvosa ainda está por vir. O cenário é mais
positivo, mas não menos preocupante.
“Todo aporte é
importante. Algumas bacias, porém, encontram-se em uma situação mais crítica,
como no Centro do Estado e no Sertão do Crateús”, avalia o presidente da
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), João Lúcio Farias.
O ideal, conforme ele, é que o Ceará consiga, até o final de
abril (quando as chuvas tendem a diminuir), atingir pelo menos 30% da
capacidade de seus reservatórios, que somam um volume total de 18 bilhões de
m³. Atualmente essa marca é de 6,69%, representando apenas 640 milhões de m³.
A torcida é para que as precipitações cheguem com mais força
às bacias do Jaguaribe, Banabuiú (mais ao Centro) e Salgado (ao Sul do Estado).
“É importante que chova na região do Cariri para que a água escorra para o
Castanhão e o Orós. A maior contribuição do Castanhão vem da Bacia do Salgado”,
explica João Lúcio. Os dois reservatórios são os principais para o
abastecimento de Fortaleza e Região Metropolitana.
Esperança também para que as ações de gestão mais eficiente
da água consigam ser efetivadas ainda neste semestre: além da perfuração de
mais poços e da implantação de novas adutoras, o lançamento da planta para
dessalinização da água (projetado para abril) e o aumento do reúso da água em
regiões industriais. “A ideia inicial do reúso, em Maracanaú e no Pecém, é
gerar uma vazão em torno de 700 litros por segundo. Hoje, a área industrial atendida
é de 1.200 litros por segundo”, acrescenta.
No Baixo Jaguaribe, bacia que também é atendida pelo
Castanhão — localizado no Médio Jaguaribe e que exibe 2,14% do seu volume total
—, a expectativa é de que a cota (altura) suba pelo menos um metro até o início
de março. “Segundo o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh), se isso
não acontecer e a perspectiva de aumento não ocorra, a deliberação é de
suspender o fornecimento para as atividades econômicas”, detalha o
vice-presidente do Comitê de Bacia do Baixo Jaguaribe, Karlos Welby Neri Paiva.
O POVO
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