Iguatu. A seguir a intensidade de
chuvas verificadas nos últimos 10 dias no Ceará, este mês de fevereiro deverá
ser o mais chuvoso desde 2011, quando foram observados 169.6mm. Até ontem, a
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou 155,4
mm neste mês. Entretanto, os dados são ainda parciais, pois resta uma semana
para a conclusão do mês. A maior precipitação na atual quadra invernosa, de
148mm, foi registrada ontem na localidade de Serra Brava, zona rural de
Milagres. A previsão é de mais eventos chuvosos para os próximos dias.
O Açude Caldeirões, que localiza-se
na região Jaguaribana e abastece o Município de Saboeiro, foi o primeiro dos
mananciais monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh)
a sangrar nesta quadra chuvosa. Desde ontem, suas águas descem pelo Rio
Jaguaribe alimentando seis barragens menores até chegar ao Orós.
Entre as 19 horas dessa segunda-feira
(19) e 7 horas da manhã dessa terça-feira (20) choveu em 115 municípios e as
cinco maiores, além de Milagres, foram observadas em Barro (122.4mm); Mauriti
(82mm); Pentecoste (70mm); Brejo Santo (58mm) e Barbalha (51mm). Desta vez, a
região do Cariri foi a mais beneficiada com elevada pluviometria.
Para hoje e amanhã, a Funceme prevê
nebulosidade variável com possibilidade de chuva em todas as regiões do Estado.
As últimas precipitações decorrem da aproximação da Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), que é uma imensa massa de nuvens - o principal sistema
que traz chuvas para o sertão cearense durante a quadra invernosa (fevereiro a
maio).
As chuvas que banham a região do
Cariri cearense são importantes para a recarga do Açude Castanhão, o maior
reservatório do Estado, que acumula apenas 2,1% de sua capacidade. O Castanhão
é responsável pelo abastecimento de municípios da Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF), além e dos municípios das bacias do Médio e Baixo Jaguaribe. O
Rio Salgado, que é um dos afluentes do Rio Jaguaribe, é quem recebe as águas de
outros rios e riachos, na região do Cariri.
As chuvas observadas em Crato, Missão
Velha, Brejo Santo, Milagres, Barro, Abaiara, Aurora, Várzea Alegre, Lavras da
Mangabeira, Granjeiro, Cedro e Icó seguem para o leito do Salgado, que deságua
no Jaguaribe e segue em direção ao Castanhão.
Na manhã de ontem, o Rio Salgado, em
Lavras da Mangabeira, registrava uma cheia ainda maior que na última
sexta-feira. Na passagem molhada - um dos acessos ao centro urbano - a lâmina
de sangria era de 17 cm, com tendência de aumentar devido às últimas chuvas
observadas no Cariri.
Este mês de fevereiro tende a ser o
mais chuvoso dos últimos oito anos. Para o período, a média é de 118.6mm. Em
2011, foram observados 169.6mm, ou seja, 43% acima do esperado, e durante a
quadra invernosa houve uma boa distribuição pluviométrica totalizando 658mm em
média no Ceará.
Em 2017, também tivemos um fevereiro
chuvoso, com 159.9mm. Esse índice deve ser superado nos próximos dois dias. Na
série histórica dos últimos 11 anos, o recorde para fevereiro foi observado em
2007, quando a Funceme registrou em média 246.5mm, mas no total da quadra
chuvosa foram observados 570mm, um índice abaixo da média estadual.
No atual mês, as cinco maiores
chuvas, além do que foi observado ontem em Milagres, foram registradas em
Morrinhos, 132mm (13/2); São Luís do Curu, 131mm (15/2); Morada Nova, 128mm
(14/2); Viçosa do Ceará, 127.8mm (8/2) e Barreiras, 121mm (17/2).
No último dia, segundo levantamento
da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) houve aporte em pelo
menos 69 açudes. Nos últimos oito dias, são 98 reservatórios que registram
aumento no volume de água. Entretanto, ainda são reduzidos os aportes.
O Açude Araras, em Varjota,
responsável pelo abastecimento de várias cidades e da adutora que leva água até
Cariús, teve um aumento em seu volume de 0,16% nos últimos dois dias. O Orós, o
segundo maior do Estado, registrou, nos últimos seis dias, aporte de 0,16% e o
Trussu, estratégico para o abastecimento de Iguatu, subiu apenas 0,2%.
Considerando a estimativa de volume
evaporado, a vazão e água nova que chegou aos 69 reservatórios, no último dia,
o volume total de aporte é de 8,2 milhões de metros cúbicos.
Afluentes
O presidente da Cogerh, João Lúcio,
observou que as chuvas até o momento favorecem que o solo fique úmido, ocorram
cheias em riachos e em pequenos açudes. "A nossa esperança é de
continuidade das chuvas e maior recarga dos reservatórios", observou. Ele
explicou que é preciso ocorrer cheias nos principais afluentes e nos rios
Salgado, Jaguaribe Banabuiú para que ocorra recarga em açudes estratégicos como
Banabuiú, Orós e Castanhão.
Diário do Nordeste
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